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22/01/2015

Há-de urgir-te a caridade de Cristo

Tens necessidade de vida interior e de formação doutrinal. Exige-te! – Tu, cavalheiro cristão, mulher cristã, tens de ser sal da terra e luz do mundo, porque estás obrigado a dar exemplo com um santo descaramento. Há-de urgir-te a caridade de Cristo e, ao sentires-te e saberes-te outro Cristo a partir do momento em que lhe disseste que o seguias, não te separarás dos teus semelhantes – os teus parentes, os teus amigos, os teus colegas –, da mesma maneira que o sal não se separa do alimento que condimenta. A tua vida interior e a tua formação abrangem a piedade e o critério que deve ter um filho de Deus, para temperar tudo com a sua presença activa. Pede ao Senhor para seres sempre esse bom condimento na vida dos outros. (Forja, 450)

Um cristão não pode reduzir-se aos seus problemas pessoais, pois tem de viver face à Igreja universal, pensando na salvação de todas as almas.

Deste modo, até aquelas facetas que poderiam considerar-se mais íntimas e privadas – a preocupação pelo progresso interior – não são, na realidade, individuais, visto que a santificação forma uma só coisa com o apostolado. Havemos de esforçar-nos, na nossa vida interior e no desenvolvimento das virtudes cristãs, pensando no bem de toda a Igreja, dado que não poderíamos fazer o bem e dar a conhecer Cristo, se na nossa vida não se desse um esforço sincero por realizar os ensinamentos do Evangelho.

Impregnadas deste espírito, as nossas orações, ainda que comecem por temas e propósitos aparentemente pessoais, acabam sempre por ir ter ao serviço dos outros. E, se caminharmos pela mão da Virgem Santíssima, Ela fará com que nos sintamos irmãos de todos os homens, porque todos somos Filhos desse Deus de que Ela é filha, esposa e mãe.

Os problemas dos outros devem ser os nossos problemas. A fraternidade cristã deve estar bem no fundo da nossa alma, de tal modo que nenhuma pessoa nos seja indiferente. Maria, Mãe de Jesus, que O criou, O educou e O acompanhou durante a sua vida terrena e agora está junto d'Ele nos Céus, ajudar-nos-á a reconhecer Jesus em quem passa ao nosso lado, tornado presente para nós nas necessidades dos nossos irmãos, os homens. (Cristo que passa, 145)

Diálogos com o meu eu (20)

Perante as notícias sentes vontade de pegar em armas e resolveres tudo de uma vez não é?
Sim, sem dúvida, aqueles criminosos mereciam o pior, ou seja, a morte!

E tu, se fosse preciso, ajudavas a isso, não é quase o que te apetece?

É verdade, mas alguma coisa me impede de aderir totalmente a essa ideia.

Sabes porquê?

Não.

Lembras-te da história? Jesus Cristo foi ofendido, insultado, cuspido, ultrajado, torturado e no fim foi horrorosamente crucificado!

É verdade!

E lembras-te do que Ele disse, perante tais coisas? «Perdoa-lhes Pai, que não sabem o que fazem.»

É verdade!

Vês o paralelo com as notícias? Uns insultaram-no e aos seus também, (com desenhos e graças degradantes), e outros depois mataram-nO, naqueles que antes O tinham ofendido.

É difícil pensar assim!
Pois é, mas não achas que Jesus Cristo, perante uns e outros, não diz na mesma: «Perdoa-lhes Pai, que não sabem o que fazem.»?

Acredito que sim.

Então faz tu também na mesma, no intimo do teu coração e reza por todos eles.


Marinha Grande, 10 de Janeiro de 2015
Joaquim Mexia Alves

Temas para meditar - 342


Critério


Muitas vezes, a nossa débil alma quando recebe pelas suas boas acções os mimos dos aplausos humanos, desvia-se (...), encontrando assim maior prazer em ser chamada ditosa que em sê-lo realmente (...). E aquilo que deveria ser para ela motivo de louvor a Deus converte-se em causa de separação.


(são gregório magno, Moralia, 10, 47-48)

Tratado do verbo encarnado 98

Questão 15: Das fraquezas atinentes à alma que Cristo assumiu com a natureza humana

Art. 5 — Se Cristo sofreu verdadeiramente a dor sensível.

O quinto discute-se assim. — Parece que Cristo não sofreu verdadeiramente a dor sensível.

1. — Pois, diz Hilário: Sendo para Cristo a morte, vida, que devemos crer tenha sofrido no sacramento da sua morte, ele que dá a vida pelos que lhe sacrificam a deles? E a seguir: O Deus unigénito realmente assumiu a natureza humana, sem deixar por isso de ser Deus. E assim, embora recebesse golpes ou fosse varado de ferimentos, ou amassado ou suspenso na cruz, tudo isso bem lhe podia fazer sofrer os assaltos da paixão, mas não causar-lhe dor, pois, tudo lhe era como um dardo que transpassasse a água. Logo, em Cristo não houve verdadeira dor.

2. Demais. — É próprio à carne concebida no pecado ficar sujeita ao jugo da dor. Ora, a carne de Cristo não foi concebida no pecado, mas, do Espírito Santo, no ventre virginal. Logo, não estava sujeita à necessidade de sofrer a dor.

3. Demais. — A contemplação das coisas divinas diminui o sentimento da dor, por isso os mártires suportaram melhor os seus tormentos, por terem a consideração posta no divino amor. Ora, a alma de Cristo estava toda engolfada nas delícias da contemplação de Deus, cuja essência via, como dissemos. Logo, não podia sentir nenhuma dor.

Mas, em contrário, a Escritura: Verdadeiramente ele foi o que tomou sobre si as nossas fraquezas e ele mesmo carregou com as nossas dores.

Como resulta do que dissemos na Segunda Parte, a dor sensível real implica uma lesão corpórea e o sentimento dessa lesão. Ora, o corpo de Cristo, sendo passível e mortal, como demonstramos, podia sofrer uma lesão, e como a alma de Cristo era dotada de todas as potências naturais, não lhe faltava o sentimento da lesão. Donde, não pode haver nenhuma dúvida que Cristo tivesse realmente sofrido a dor.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Em todas as palavras citadas e em outras semelhantes, Hilário pretende excluir da carne de Cristo não a verdadeira dor, mas a necessidade de sofrê-la. Por isso, depois das palavras citadas, acrescenta: Quando o Senhor teve sede, teve fome ou chorou, não mostrou com isso que verdadeiramente bebesse, comesse ou sofresse dor, mas, para mostrar que tinha verdadeiramente um corpo, assumiu os hábitos do corpo, de modo que, pelo que é habitual à nossa natureza, satisfizesse as exigências do corpo. Ou, quando tomou a bebida e a comida, cedeu, não à necessidade, mas aos hábitos do corpo. E toma a palavra necessidade na sua relação com a causa primeira delas, que é o pecado, como dissemos, de modo que compreendamos que a carne de Cristo não estava sujeita ao jugo das referidas necessidades, porque nela não havia pecado. Por isso acrescenta Hilário: Teve Cristo um corpo, mas próprio da sua origem, nem trazia em si os vícios da concepção humana, mas se revestiu da forma do nosso corpo, em virtude do seu poder. Quanto à causa próxima dessas necessidades, que é a composição de elementos contrários, a carne de Cristo estava sujeita ao jugo delas, como estabelecemos.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A carne concebida no pecado está sujeita à dor, não só por necessidade dos princípios naturais, mas ainda pela necessidade do reato do pecado. Cuja necessidade em Cristo não existia, mas só, a imposta pelos princípios naturais.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como dissemos, por uma sábia disposição da sua divindade, a bem-aventurança, a alma de Cristo de tal modo a tinha que ela não derivava para o corpo, para lhe não tolher a passibilidade e a mortalidade. E pela mesma razão, o prazer da contemplação de tal modo a sua inteligência o gozava, que não derivava para as potências sensíveis, a fim de não excluir assim a dor sensível.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Ev. diário L. Esp. (Temas actuais do cristianismo)

Tempo Comum II Semana

Evangelho: Mc 3 7-12

7 Jesus retirou-Se com Seus discípulos para o mar, e segiu-O uma grande multidão do povo da Galileia; também da Judeia, 8 de Jerusalém, da Idumeia, da Transjordânia e das vizinhanças de Tiro e de Sidónia, tendo ouvido as coisas que fazia, foram em grande multidão ter com Ele. 9 Mandou aos Seus discípulos que Lhe aprontassem uma barca para que a multidão não O apertasse. 10 Porque, como curava muitos, todos os que padeciam algum mal lançavam-se sobre Ele para O tocarem. 11 E os espíritos imundos, quando O viam, prostravam-se diante d'Ele e gritavam: «Tu és o Filho de Deus». 12 Mas Ele ordenava-lhes com severidade que não O manifestassem.

Comentário

Jesus Cristo quer que os que O seguem acreditem nele pelo que ouvem e vêm e não pelas “declarações” do demónio.

Jesus Cristo é a Verdade e esta não pode ser confirmada pelo “pai da mentira”.

(AMA, Comentário sobre Mc 3, 7-12, 2014.12.10)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Temas actuais do cristianismo [i]

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Quererá V. Rev.a dizer como e porquê fundou o Opus Dei, e que acontecimentos considera marcos mais importantes do seu desenvolvimento?

Porquê?... As obras que nascem da vontade de Deus não têm outra razão de ser senão o desejo divino de as utilizar como expressão da sua vontade salvífica universal.

Desde o primeiro momento, a Obra foi universal, católica. Não nasceu para dar solução aos problemas concretos da Europa da década de 20, mas sim para dizer aos homens e mulheres de todos os países, de qualquer condição, raça, língua ou ambiente, e de qualquer estado - solteiros, casados, viúvos, sacerdotes -, que podiam amar e servir a Deus sem deixar de viver no seu trabalho habitual, com a sua família, nas suas variadas e normais relações sociais.

Como se fundou? Sem nenhum meio humano. Eu tinha apenas 26 anos, a graça de Deus e bom-humor. A Obra nasceu pequena: não era mais que o empenho dum jovem sacerdote, que se esforçava por fazer o que Deus lhe pedia.

Pergunta-me por marcos do nosso caminho... Para mim, é marco essencial na Obra qualquer momento, qualquer instante em que, através do Opus Dei, alguém se aproxima de Deus, tornando-se assim mais irmão dos homens seus irmãos.

Talvez quisesse que lhe falasse dos pontos cruciais, na ordem do tempo... Embora não sejam estes os mais importantes, vou-lhe dar, de memória, umas datas, mais ou menos aproximadas. Já nos primeiros meses de 1935, estava tudo preparado para começar a trabalhar em França - concretamente em Paris. Mas vieram, primeiro, a guerra civil espanhola e, logo a seguir, a segunda guerra mundial - e foi preciso adiar a expansão da Obra. Mas, como esse desenvolvimento era necessário, o adiamento foi mínimo. Já em 1940 se iniciava o trabalho em Portugal. Quase coincidindo com o fim das hostilidades, embora tivesse havido já algumas viagens em anos anteriores, começou-se na Inglaterra, em França, na Itália, nos Estados Unidos, no México. Depois, a expansão tem um ritmo progressivo. A partir de 1949 e 50: na Alemanha, Holanda, Suíça, Argentina, Canadá, Venezuela e nos restantes países europeus e americanos. Ao mesmo tempo, o trabalho ia-se alargando a outros continentes: o Norte de África, o Japão, o Quénia e outros países da África oriental, a Austrália, as Filipinas, a Nigéria, etc.

Também sinto prazer em recordar especialmente, como datas capitais, as constantes ocasiões em que de modo mais palpável se manifestou o carinho dos Sumos Pontífices pela nossa Obra. Resido normalmente em Roma desde 1946, e assim tive ocasião de conhecer e tratar com Pio XII, João XXIII e Paulo VI. Em todos encontrei sempre um carinho de pai.

33             
Estaria V. Rev. de acordo com a afirmação, alguma vez feita, de que o ambiente especial de Espanha durante os últimos trinta anos facilitou o crescimento da Obra nesse país?

Em poucos lugares encontramos menos facilidades do que em Espanha. É o país - custa-me dizê-lo, pois amo profundamente a minha pátria - em que deu mais trabalho e sofrimento fazer enraizar a Obra. Mal tinha nascido, logo encontrou a oposição dos inimigos da liberdade individual, e de pessoas tão aferradas às ideias tradicionais que não podiam compreender a vida dos sócios do Opus Dei: cidadãos vulgares, que se esforçam por viver plenamente a sua vocação cristã sem deixar o mundo.

Também as obras de apostolado da própria Obra não encontraram especiais facilidades em Espanha. Governos de países onde a maioria dos cidadãos não é católica ajudaram, com muito maior generosidade do que o Estado espanhol, as actividades docentes e beneficentes promovidas por membros da Obra. O auxílio que esses governos concedem ou possam conceder às obras próprias do Opus Dei, como é habitual com outras obras semelhantes, não significa privilégio, mas simplesmente o reconhecimento da função social que desempenham, poupando dinheiro ao Tesouro público.

Na sua expansão internacional, o espírito do Opus Dei encontrou imediato eco e profundo acolhimento em todos os países. Se encontrou obstáculos, foi exactamente por causa de falsidades vindas de Espanha e inventadas por espanhóis, por alguns sectores bem concretos da sociedade espanhola. Em primeiro lugar, a organização internacional de que há pouco lhe falei; mas isso parece certo que é coisa do passado, e eu não guardo rancor a ninguém. Depois, algumas pessoas que não compreendem o pluralismo, que adoptam atitudes de grupo, quando não caem em mentalidade estreita ou totalitária e que se servem do nome católico para fazer política. Alguns desses, não percebo porquê - talvez por falsos motivos humanos -, parecem achar um gosto especial em atacar o Opus Dei, e, como dispõem de grandes meios económicos, - o dinheiro dos contribuintes espanhóis -, os seus ataques podem ser publicados por certa imprensa.

Vejo bem que o meu amigo está à espera de me ouvir citar nomes concretos de pessoas e instituições... Não lhos vou dar, e espero que compreenda a razão. Nem a minha missão nem a da Obra são políticas: o meu ofício é rezar. E não quero dizer nada que possa interpretar-se sequer como uma intervenção em Política. Mais ainda, é-me doloroso falar destas coisas. Estive calado durante quase 40 anos, e, se agora digo alguma coisa, é porque tenho obrigação de denunciar como absolutamente falsas as interpretações torcidas que algumas pessoas pretendem dar de uma actividade que é exclusivamente espiritual. Por isso, se bem que até agora me tenha calado, daqui em diante falarei, e, se for necessário, cada vez com maior clareza.

Mas, voltando ao tema central da sua pergunta: se, também em Espanha, muitas pessoas de todas as classes sociais têm procurado seguir Cristo com a ajuda do Opus Dei e de acordo com o seu espírito, a explicação para isso não se pode ir buscar ao ambiente ou a outros motivos extrínsecos. A prova do que afirmo está em que aqueles que tão levianamente o pretendem vêem diminuir os seus próprios grupos; e as causas exteriores são as mesmas para todos. Humanamente falando, talvez seja também porque esses formam grupo, e nós não tiramos a liberdade pessoal a ninguém.

Se o Opus Dei está bem desenvolvido em Espanha - como também em algumas outras nações -, pode ser condição disso o facto de a nossa tarefa espiritual aí se haver iniciado há 40 anos, e, como lhe expliquei antes, a guerra civil espanhola e, em seguida, a guerra mundial tornarem necessário o adiamento do início da Obra noutros países. Quero declarar, no entanto, que desde há alguns anos, os espanhóis são uma minoria no Opus Dei.

Não pense, repito, que não amo a minha pátria, ou que não me alegro profundamente com o trabalho que a Obra nela realiza; mas é triste que haja quem propague equívocos acerca do Opus Dei e acerca de Espanha.

(cont)








[i] Entrevista realizada por Peter Forbarth, correspondente de Time (New York), em 15 de Abril de 1967.

Reflectindo - 56


Vaidade


Não permitas Senhor, que me envaideça com os talentos que me desTe. São Teus. Eu, "não tenho nada, não valho nada, não sei nada, sou nada!" Dá-me antes, dom de línguas, desperta a minha inteligência e capacidade de comunicar, para que aqueles que foram postos por Ti para que eu seja seu guia, ajudante ou simples comunicador da Tua Doutrina, possam santificar-se. Não para minha satisfação ou crédito, mas para Tua única e exclusiva glória.

(AMA, Diário,2003.02.27)


Pequena agenda do cristão


Quinta-Feira

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)





Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?