Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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20/11/2014
Senhor, não sei fazer oração!
Escreveste-me:
"Orar é falar com Deus. Mas de quê?". De quê?! D'Ele e de ti;
alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações
diárias..., fraquezas; e acções de graças e pedidos; e Amor e desagravo. Em
duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade! (Caminho,
91)
Como
fazer oração? Atrevo-me a assegurar, sem temor de me enganar, que há muitas,
infinitas maneiras de orar. Mas eu preferia para todos nós a autêntica oração
dos filhos de Deus, não o palavreado dos hipócritas que hão-de ouvir de Jesus:
nem todo o que me diz, Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus.
Os
que são movidos pela hipocrisia podem talvez conseguir o ruído da oração –
escrevia Santo Agostinho – mas não a sua voz, porque aí falta vida e há
ausência de afã por cumprir a Vontade do Pai. Que o nosso clamor – Senhor! – vá
unido ao desejo eficaz de converter em realidade essas moções interiores, que o
Espírito Santo desperta na nossa alma. (...).
Nunca
me cansei e, com a graça de Deus, nunca me cansarei de falar de oração. Por
volta de 1930, quando se aproximavam de mim, sacerdote jovem, pessoas de todas
as condições – universitários, operários, sãos e doentes, ricos e pobres,
sacerdotes e leigos – que procuravam acompanhar mais de perto o Senhor,
aconselhava-os sempre: rezai. E se algum me respondia: "não sei sequer
como começar", recomendava-lhe que se pusesse na presença do Senhor e lhe
manifestasse a sua inquietação, a sua dificuldade, com essa mesma queixa:
"Senhor, não sei!" E muitas vezes, naquelas humildes confidências,
concretizava-se a intimidade com Cristo, um convívio assíduo com Ele. (Amigos
de Deus, nn. 243–244)
Tratado do verbo encarnado 35
Art.
4 — Se o Filho de Deus assumiu o entendimento humano ou intelecto.
O quarto discute-se assim. — Parece
que o Filho de Deus não assumiu o entendimento humano ou intelecto.
1 — Onde uma coisa está presente, não há
nenhuma necessidade da sua imagem. Ora, o homem, pela inteligência, é a imagem
de Deus, como diz Agostinho. E portanto, como em Cristo estava presente o Verbo
divino, não era necessário nele também estivesse o intelecto humano.
2. Demais. — A luz maior ofusca a
menor. Ora, o Verbo de Deus, a luz que alumia todo o homem que vem a este
mundo, como diz o Evangelho, está para a nossa inteligência, como a luz maior
para a menor, pois, também a inteligência é uma luz, quase uma lucerna
iluminada pela luz primeira, no dizer a Escritura. O espiráculo do homem é uma
lucerna do Senhor. Logo, em Cristo, que é o Verbo de Deus, não havia
necessidade de existir a inteligência humana.
3. Demais. — A assunção da natureza
humana pelo Verbo de Deus chama-se a sua Encarnação. Ora, o intelecto ou
entendimento humano nem é carne nem acto da carne, porque não é acto de nenhum
corpo, como prova Aristóteles. Logo, parece que o Filho de Deus não assumiu o
entendimento humano.
Mas, em contrário, Agostinho diz: Crê
firmissimamente e de nenhum modo duvides, que Cristo, Filho de Deus, tem
verdadeiramente a carne da nossa raça e uma alma racional. E da sua carne disse
ele próprio: Apalpei e vede, que um espírito não tem carne nem ossos como vós
vedes que eu tenho. E também mostra que tem uma alma, quando diz: Eu ponho a
minha vida para outra vez a assumir. E ainda mostra que tem o intelecto da
alma, ao dizer: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. Enfim, o
Senhor diz de si mesmo, pelo Profeta: Eis aí está que o meu servo terá
inteligência.
Agostinho diz: Os
Apolinaristas dissentiam da Igreja Católica, no tocante à alma de Cristo,
ensinando como os Arianos, que Cristo assumiu só a carne sem a alma. Mas nessa
questão, vencidos pelo testemunho do Evangelho, disseram que o lugar da inteligência
humana, que não existia na alma de Cristo, ocupou-o o próprio Verbo.
Mas, essa doutrina, como a referida
antes, se refuta pelas mesmas razões. Pois, primeiro, contraria à narração
Evangélica quando refere que ele se admirava. Ora, a admiração não pode existir
sem a razão, porque implica na relação do efeito com a causa, isto é, porque a
alma, vendo um efeito cuja causa ignora, busca-lhe a causa, como diz
Aristóteles. — Segundo, repugna à utilidade da Encarnação, que é a justificação
do homem pecador. Pois, a alma humana não é capaz de pecado, nem da graça
justificante, senão pelo intelecto. Por isso e principalmente era necessário
que o entendimento humano fosse assumido. Donde o dizer Damasceno, que o Verbo
de Deus assumiu o corpo e a alma intelectual e racional. E depois acrescenta: O
todo foi unido ao todo para que a mim me gratificasse totalmente com a salvação
isto é, me desse graça santificante, pois, o que não pode ser assumido é
incurável. — Terceiro, repugna à Verdade da Encarnação. Pois, proporcionando-se
o corpo à alma, como a matéria à sua própria forma, não é verdadeiramente carne
humana a que não é aperfeiçoada pela alma humana, isto é, racional. Donde, se
Cristo tivesse a alma, sem a inteligência, não teria verdadeiramente a carne
humana, mas uma carne animal, porque só pela inteligência difere a nossa alma
da alma do animal. Donde o dizer Agostinho, que desse erro resultaria ter o
Filho de Deus assumido um animal irracional com a figura do corpo humano. O
que, de novo repugna à verdade divina, que não se compadece com a falsidade de
nenhuma ficção.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— Onde uma coisa está realmente presente não há necessidade da sua imagem para
se colocar em lugar essa coisa, Assim, onde está o imperador os soldados não
lhe irão venerar a imagem. Contudo, é necessário coexistir com a presença da
coisa a sua imagem, para se completar com essa mesma presença. Assim, uma
imagem na cera completa-se pela impressão do sêlo, e a imagem do homem se reflecte
no espelho pela presença dele. Donde, para a perfeição do entendimento humano
foi necessário que o Verbo de Deus o unisse a si.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Uma luz maior
inutiliza a menor, de outro corpo luminoso, mas longe de inutilizá-la
aperfeiçoa a luz do corpo iluminado. Assim, a presença do sol obscurece a luz
das estrelas, mas, aumenta a do ar. Ora, o intelecto ou o entendimento do homem
é quase uma luz iluminada pela do Verbo divino. Donde, a luz do Verbo divino
não inutiliza o entendimento humano, mas antes, a completa.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Embora a
potência intelectiva não seja acto de nenhum corpo. Contudo, a própria essência
da alma humana, que é a forma do corpo, há-de ser mais nobre para ter o poder
de inteligir. Donde, é necessário que lhe corresponda um corpo melhor disposto.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
Reflectindo 47
Porque existe o Inferno? Por uma
questão de justiça. Se há seres humanos que não querem saber de Deus para nada,
se não lhes interessa a salvação da sua alma, para onde iriam as suas almas
depois da morte? A justiça divina que respeita a liberdade do homem, não iria
impor a Sua visão eterna a essas almas.
(AMA, comentários sobre os Novíssimos
- Inferno 2010.10.19)