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10/11/2014

Não basta seres bom; tens de parecê-lo

Não basta seres bom; tens de parecê-lo. Que dirias tu de uma roseira que não produzisse senão espinhos? (Sulco, 735)

Compreendeste o sentido da amizade quando te sentiste como pastor de um pequeno rebanho, que tinhas abandonado, e que procuras agora reunir novamente, disposto a servir cada um. (Sulco, 730)

Não podes ser um elemento passivo. Tens de converter-te em verdadeiro amigo dos teus amigos: ajudá-los! Primeiro, com o exemplo da tua conduta. E, depois, com o teu conselho e com o ascendente que a intimidade dá. (Sulco, 731)

Pensa bem nisto, e age em conformidade: essas pessoas, que te acham antipático, deixarão de pensar assim quando repararem que as amas deveras. Depende de ti. (Sulco, 734)

Consideras-te amigo porque não dizes uma palavra má. É verdade; mas também não vejo em ti uma obra boa de exemplo, de serviço...


– Estes são os piores amigos. (Sulco, 740)

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS (4)

Levanto-me de manhã, olho para o espelho e vejo o cabelo todo revolto, os olhos ainda meio fechados, a cara por lavar e tudo o mais que acontece em cada manhã.
Tomo banho, lavo os dentes, penteio o cabelo, olho para o espelho e julgo que já estou apresentável.
Ergo os olhos ao Céu para agradecer, e lembro-me do meu interior.
Ó Senhor, digo então num pequeno diálogo, precisava de um espelho onde visse o meu interior, para dele também cuidar cada manhã.

A resposta vem de imediato:
Mas Eu dei-te um espelho, inquebrável e imutável, onde podes sempre aferir o teu interior.

Qual, Senhor?
Respondo eu admirado.

A minha Palavra, meu filho, a minha Palavra!
Só tens de abrir o Livro, ler com o coração o que te digo em tantas passagens, e reparares se nesse “espelho” da minha Palavra, está reflectido o teu interior.
Se o teu interior não corresponde à imagem que o Livro te devolve, então meu filho, precisas de lavar a alma, purificar o coração e “pentear” os teus pensamentos, até que o teu interior coincida o mais possível com a reflexão que te dá o “espelho” da minha Palavra.

Obrigado, Senhor, Tu nunca me faltas com o teu amor.

Vai, meu filho, e lembra-te que só com o teu interior reflectido no “espelho” da minha Palavra, poderás viver cada dia braço dado com o meu amor.


Marinha Grande, 30 de Outubro de 2014
Joaquim Mexia Alves
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Temas para meditar - 268

Anjos


Os anjos não aparecem aos homens tal como são, mas manifestando-se nas formas que Deus dispõe para que possam ser vistos por aqueles a quem os envia.


(são joão damascenoDe Fide Orthodoxa, 2, 3)

Tratado do verbo encarnado 25

Questão 3: Da união relativamente à pessoa que assumiu

Art. 8 — Se era mais conveniente ter-se incarnado o Filho de Deus, que o Padre ou o Espírito Santo.

O oitavo discute-se assim. — Parece que não foi mais conveniente ter-se encarnado o Filho de Deus, que o Padre ou o Espírito Santo.

1. — Pois, pelo mistério da Encarnação os homens foram levados ao verdadeiro conhecimento de Deus, segundo o Evangelho. Eu para isso nasci e ao que vim ao mundo foi para dar testemunho da verdade. Ora, pelo facto da pessoa do Filho de Deus se ter encarnado, muitos ficaram impedidos do verdadeiro conhecimento de Deus, porque referiam à própria pessoa do Filho o que se predica da sua natureza humana. Assim Ario, que ensinou a desigualdade das Pessoas, fundado no dito do Evangelho: O Pai é maior do que eu. Ora, esse erro não teria surgido, se a Pessoa do Pai se tivesse encarnado, pois, então, ninguém julgaria o Pai menor que o Filho. Donde, parece teria sido mais conveniente a Pessoa do Pai ter-se encarnado, que a pessoa do Filho.

2. Demais. — Parece que o efeito da Encarnação foi uma certa e nova criação da natureza humana, segundo o Apóstolo: Em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão valem nada, mas o ser uma nova criatura. Ora, o poder de criar é apropriado ao Pai. Logo, mais conveniente seria ter-se encarnado o Pai que o Filho.

3. Demais. — A Encarnação ordena-se à remissão dos pecados, segundo o Evangelho: E lhe chamarás por nome Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Ora, a remissão dos pecados é atribuída ao Espírito Santo, segundo ainda o Evangelho: Recebei o Espírito Santo: aos que vós perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados. Logo, era mais conveniente ter-se encarnado a pessoa do Espírito Santo que a do Filho.

Mas, em contrário, diz Damasceno: O mistério da Encarnação manifestou a sabedoria e o poder de Deus, a sabedoria, porque descobria a melhor solução de um preço dificílimo, o poder, porque tornou de novo o vencido vencedor. Ora, a virtude e a sabedoria se apropriam ao Filho, segundo o Apóstolo: Cristo, virtude de Deus e sabedoria de Deus. Logo, foi conveniente ter-se encarnado a pessoa do Filho.

Foi convenientíssimo que se tivesse encarnado a pessoa do Filho.

Primeiro, quanto à união. Pois, as causas semelhantes unem-se convenientemente. — Ora, de um modo, a própria pessoa do Filho, que é o Verbo de Deus, tem uma conveniência comum com toda criatura. Porque a palavra do artífice, isto é, o seu conceito, é uma semelhança exemplar das obras feitas pelo artífice. Donde, o Verbo de Deus, que é o seu eterno conceito, é uma semelhança exemplar de todas as criaturas. E portanto, assim como pela participação dessa semelhança as criaturas foram instituídas nas suas espécies próprias, mas de um modo mutável, assim também, pela união do Verbo com a criatura, não de modo participativo, mas pessoal, foi ela convenientemente reparada, em ordem à perfeição eterna e imutável, pois, também o artífice, pela forma artística concebida, por meio da qual fez a sua obra, por essa mesma também a refaz se ela se estragar. De outro modo, tem uma conveniência especial com a natureza humana por ser o Verbo o conceito da eterna sabedoria, donde deriva toda a sabedoria humana. Por isso, o homem se aperfeiçoa na sabedoria, que é a sua própria perfeição, enquanto racional, porque participa do Verbo de Deus, assim como o discípulo se instrui recebendo as palavras do mestre. Donde o dizer a Escritura: A fonte da sabedoria é o Verbo de Deus nas alturas. Donde, para se consumar a perfeição do homem, foi conveniente que o próprio Verbo de Deus se unisse pessoalmente à natureza humana.

Segundo, a razão dessa conveniência pode ser deduzida do fim da união, que é o implemento da predestinação, isto é, dos preordenados à herança celeste, que não é devida senão aos filhos, segundo o Apóstolo: Se somos filhos, também herdeiros. Donde, era conveniente que, por meio daquele que é naturalmente Filho, os homens participassem, por adopção, da semelhança dessa filiação, como o Apóstolo diz no mesmo lugar: Os que ele conheceu na sua presciência também os predestinou para serem conformes à imagem do seu Filho.

Em terceiro lugar, a razão dessa conveniência pode ser deduzida do pecado dos nossos primeiros pais, a que a Encarnação veio remediar. Pois, o primeiro homem pecou desejando a ciência do bem e do mal. Por isso foi conveniente que, pelo Verbo da Verdadeira sabedoria, que o homem voltasse para Deus, ele que pelo desordenado desejo da ciência se afastara de Deus.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Não há nada de que a malícia humana não possa abusar, pois abusa da própria bondade de Deus, segundo o Apóstolo: Acaso desprezas tu as riquezas da sua bondade? Donde, mesmo se a pessoa do Pai fosse a encarnada, o homem poderia daí tirar alguma ocasião de erro, como se o Filho não pudesse ser suficiente para reparar a natureza humana.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A primeira criação das coisas foi feita pelo poder de Deus Pai, pelo Verbo. Donde, a nova criação deveria ser feita pelo poder de Deus Pai, para que esta nova criação respondesse à criação conforme o Apóstolo: Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo.

RESPOSTA À TERCEIRA. — É próprio ao Espírito Santo ser o dom do Pai e do Filho. Ora, a remissão dos pecados faz-se pelo Espírito Santo, como pelo dom de Deus. Por isso foi conveniente, para a justificação dos homens, que se encarnasse o Filho, do qual o Espírito Santo é o dom.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Bento VXI – Pensamentos espirituais 24

A alegria

É oportuno fazer compreender que o prazer não é tudo. Que o cristianismo traz alegria, tal como o amor dá alegria. Mas o amor também é sempre uma renúncia de si mesmo. Foi o próprio Senhor Quem nos deu a fórmula para sabermos o que é o amor: quem se perde a si mesmo encontra-se; quem se acha e conserva a si mesmo perde-se. O amor é sempre um êxodo, e portanto comporta sofrimento. A verdadeira alegria é uma coisa diferente do prazer: a alegria cresce e amadurece continuamente no sofrimento em comunhão com a Cruz de Cristo. È dela que nasce a verdadeira alegria da fé.

(Encontro com o clero da Diocese de Aóstia. (25.Jul.05)

(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)