Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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07/07/2014
Participaremos na sua maternidade espiritual
Recorre
constantemente à Virgem Santíssima, Mãe de Deus e Mãe da humanidade: e Ela
atrairá, com suavidade de Mãe, ao amor de Deus as almas com quem fazes
apostolado, para que se decidam a ser – no seu trabalho corrente, na sua
profissão – testemunhas de Jesus Cristo. (Forja, 911)
Se
nos identificarmos com Maria, se imitarmos as suas virtudes, poderemos
conseguir que Cristo nasça, pela graça, na alma de muitos que se identificarão
com Ele pela acção do Espírito Santo. Se imitarmos Maria, participaremos de
algum modo na sua maternidade espiritual: em silêncio, como Nossa Senhora, sem
que se note, quase sem palavras, com o testemunho íntegro e coerente de uma
conduta cristã, com a generosidade de repetir sem cessar um fiat que se renova
como algo íntimo entre Deus e nós. (Amigos de Deus, 281)
Pequena agenda do cristão
SeGUNDa-Feira
(Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.
Senhor
que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente
em minha casa, boa disposição.
Senhor que eu sirva sem reserva de
intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou
grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que
devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em
serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser
útil.
Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.
Que o Senhor assista e vivifique o
Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus
inimigos.
Que os Bispos se mantenham firmes na
Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.
Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua
vocação e guias seguros do Povo de Deus.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me
propus ontem?
Temas para meditar - 168
Aflições
Recorda-te que as abelhas no tempo em que fazem o mel comem e sustentam-se de um mantimento muito amargo; e assim nós não podemos praticar actos de maior mansidão e paciência, nem compor o mel das melhores virtudes, senão quando comemos o pão da amargura e vivemos no meio das aflições.
Recorda-te que as abelhas no tempo em que fazem o mel comem e sustentam-se de um mantimento muito amargo; e assim nós não podemos praticar actos de maior mansidão e paciência, nem compor o mel das melhores virtudes, senão quando comemos o pão da amargura e vivemos no meio das aflições.
(são francisco de sales, Introducción a la vida devota, III, 3, trad. ama)
Tratado da lei 46
Art.
2 — Se os preceitos morais da lei abrangem todos os actos virtuosos.
(IIª-IIae,
q. CXL., a. 2).
O segundo discute-se assim. — Parece
que os preceitos morais da lei não abrangem todos os actos virtuosos.
1. — Pois, à observância dos preceitos
da lei antiga se chama justificação, conforme a Escritura (Sl 118, 8):
observarei as tuas justificações. Ora, a justificação é a execução da justiça.
Logo, os preceitos morais não abrangem senão os actos de justiça.
2. Demais. — O que cai sob a alçada de
um preceito tem natureza de obrigação. Ora, a noção de obrigação não inclui as
demais virtudes, senão só a justiça, cujo acto próprio é dar a cada um o que
lhe é devido. Logo, os preceitos da lei moral não abrangem os actos das outras
virtudes, mas só os da justiça.
3. Demais. — Toda lei é estabelecida
para o bem comum, como diz Isidoro. Ora, dentre as virtudes, só a justiça visa
o bem comum, conforme diz o Filósofo. Logo, os preceitos morais abrangem só os
actos de justiça.
Mas, em contrário, diz Ambrósio: o
pecado é a transgressão da lei divina e a desobediência aos mandamentos
celestes. Ora, os pecados contrariam todos os actos virtuosos. Logo, a lei
divina deve ordenar sobre os actos de todas as virtudes.
Ordenando-se os preceitos
da lei para o bem comum, como já se disse (q. 90, a. 2), eles hão-de
forçosamente diversificar-se conforme as diversas maneiras de ser da
comunidade. Por isso, o Filósofo ensina, que umas serão as leis estabelecidas
para a cidade governada por um rei, e outras as estabelecidas para a que é governada
pelo povo ou pelos mais poderosos, dos habitantes dela. Ora, um é o feitio da
comunidade, para que se ordena a lei humana, e outro, para que se ordena a lei
divina. — Pois, a lei humana ordena-se à comunidade civil, a constituída pelos
homens entre si; e estes se ordenam uns para os outros pelos seus actos
exteriores, com que se entre comunicam. E essa comunicação pertence
essencialmente à justiça, que é propriamente directiva da comunidade humana. Donde,
a lei humana só propõe preceitos referentes aos actos de justiça; e se ordenar
outros actos de virtude, não será senão enquanto se revestem da essência da
justiça, como está claro no Filósofo.
A comunidade porém, a que se ordena a
lei divina, é a dos homens enquanto tendem para Deus, na vida presente ou na
futura. Por isso, essa lei propõe preceitos sobre todos os actos pelos quais os
homens bem se ordenam à comunicação com Deus. Ora, o homem se une a Deus pela
razão, ou espírito, que reproduz a imagem d’Ele. Donde, a lei divina propõe
preceitos sobre todos os actos pelos quais a razão do homem fica bem ordenada.
Ora, isto dá-se pelos actos de todas as virtudes. Assim, as virtudes
intelectuais ordenam com acerto os actos da razão em si mesmos; as morais, por
seu lado, impõem ordem aos actos da razão relativamente às paixões internas e
as obras externas. Donde é manifesto, que a lei divina propõe convenientemente
preceitos sobre os actos de todas as virtudes. De modo porém que alguns actos,
sem os quais a ordem da virtude, que é a da razão, não pode ser observada, são
impostos pela obrigação de preceitos; e outros, relativos à existência completa
da virtude perfeita, pertencem à advertência do conselho.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— O cumprir os mandamentos da lei, mesmo os que pertencem aos actos das outras
virtudes, implica a ideia de justificação. Enquanto é justo o homem obedecer a
Deus; ou ainda enquanto é justo que todo o humano esteja sujeito à razão.
DONDE A RESPOSTA À SEGUNDA. — A
justiça propriamente dita implica a dívida de um homem para com outro; ao passo
que todas as outras virtudes implicam o débito das faculdades inferiores para
com as superiores. E, conforme a natureza desse débito, o Filósofo distingue
uma certa justiça metafórica.
RESPOSTA À TERCEIRA. — A resposta deduz-se
clara do que dissemos sobre as diversas comunidades.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
Evangelho, comentário e Leit. Espirit. (Decl. Dominus Iesus)
Evangelho:
Mt 9, 18-26
18 Enquanto lhes dizia estas coisas, eis que um chefe da sinagoga se
aproxima e se prostra diante d'Ele, dizendo: «Senhor, morreu agora minha filha;
mas vem, põe a Tua mão sobre ela, e viverá». 19 Jesus,
levantando-Se, seguiu-o com os Seus discípulos. 20 E eis que uma
mulher que padecia de um fluxo de sangue havia doze anos, se chegou por detrás
d'Ele, e tocou na orla do Seu vestido. 21 Dizia para si mesma:
«Ainda que eu toque somente o Seu vestido, serei curada». 22
Voltando-Se Jesus e, olhando-a, disse: «Tem confiança, filha, a tua fé te
salvou». E ficou sã a mulher desde aquele momento. 23 Tendo Jesus
chegado a casa do chefe da sinagoga viu os tocadores de flauta e uma multidão
de gente que fazia muito barulho. 24 «Retirai-vos, disse, porque a
menina não está morta, mas dorme». Mas riam-se d'Ele. 25 Tendo-se
feito sair a gente, Ele entrou, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. 26
E divulgou-se a fama deste milagre por toda aquela terra.
Comentário:
Aquela mulher acredita que Jesus a
pode curar e tudo faz para o conseguir.
Está
impedida de contactar, ou dirigir-se, directa e frontalmente a Jesus para
solicitar a sua cura. Aquele tipo de doenças era rigorosamente descriminado na
sociedade judaica. As pessoas naquelas condições eram consideradas impuras e
todo o contacto com os outros era estritamente proibido. Assim como por
exemplo, os portadores de lepra. (…)
A
Fé da mulher é porém tão grande que a move a arrostar com todas as dificuldades,
- a vergonha, o poder ser descoberta, etc. - e, aproveitando os apertos da
multidão, dissimuladamente, mas com confiança, toca o manto de Jesus. No seu coração, ela estava convencida que
tanto bastaria para alcançar a graça que pretendia.
Sem
dúvida que a sua Fé é grande, total, a isso fora levada por anos, - 12 anos -
de procura incessante de cura para os seus males.
Temos
sempre de pôr todos os meios na procura do que necessitamos. O Senhor não
espera de nós nada que vá além das nossas forças e das nossas capacidades. Mas
espera que as utilizemos, todas, com critério e sem desfalecimentos. (…)
(ama, Palestra, Meadela, Fevereiro de 1981)
Leitura espiritual
Documentos do Magistério
CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
DECLARAÇÃO
"DOMINUS IESUS"
SOBRE A UNICIDADE E A UNIVERSALIDADE
SALVÍFICA DE JESUS CRISTO E DA IGREJA
…/3
III.
UNICIDADE E UNIVERSALIDADE DO MISTÉRIO
SALVÍFICO DE JESUS CRISTO
13. É igualmente frequente
a tese que nega a unicidade e a universalidade salvífica do mistério de Jesus
Cristo. Tal posição não tem nenhum fundamento bíblico. Deve, invés, crer-se
firmemente, como dado perene da fé da Igreja, a verdade de Jesus Cristo, Filho
de Deus, Senhor e único salvador, que no seu evento de encarnação, morte e
ressurreição realizou a história da salvação, a qual tem n'Ele a sua plenitude
e o seu centro.
Os testemunhos
neo-testamentários afirmam-no claramente: «O Pai enviou o seu Filho como
salvador do mundo» (1 Jo 4,14); «Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo» (Jo 1,29). No seu discurso perante o sinédrio, Pedro, para justificar a
cura do homem que era aleijado desde o nascimento, cura realizada no nome de
Jesus (cf. Actos 3,1-8), proclama: «E não há salvação em nenhum outro, pois não
existe debaixo do Céu outro nome dado aos homens, pelo qual tenhamos de ser
salvos» (Actos 4,12). O mesmo Apóstolo acrescenta ainda que Jesus Cristo «é o
Senhor de todos»; «foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos»; pelo
que «todo o que acredita n'Ele recebe, pelo seu nome, a remissão dos pecados»
(cf. Actos 10,36.42.43).
Paulo, dirigindo-se à
comunidade de Corinto, escreve: «Porque, embora digam haver deuses no céu e na
terra, — na verdade são muitos esses deuses e esses senhores — para nós há um
só Deus: o Pai, de quem tudo procede e para o qual fomos criados; e há um só
Senhor, Jesus Cristo, pelo qual tudo existe e pelo qual também nós existimos»
(1 Cor 8,5-6). Também o Apóstolo João afirma: «Deus amou de tal maneira o mundo
que entregou o seu Filho único, para que todo o homem que acredita n'Ele não se
perca, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o seu Filho ao mundo para
condenar o mundo, mas para este ser salvo por seu intermédio» (Jo 3,16-17). No
Novo Testamento, a vontade salvífica universal de Deus está estritamente ligada
à única mediação de Cristo: «[Deus] quer que todos os homens se salvem e
cheguem ao conhecimento da verdade. Pois Deus é um só, e um só também o
Mediador entre Deus e os homens: esse homem, que é Cristo Jesus, que Se
entregou à morte para resgatar a todos» (1 Tim 2,4-6).
É sobre esta consciência
do dom de salvação único e universal dado pelo Pai por meio de Jesus Cristo no
Espírito (cf. Ef 1,3-14), que os primeiros cristãos se dirigiram a Israel,
mostrando que a salvação se alcançava para além da Lei, e enfrentaram o mundo
pagão de então, que aspirava à salvação através de uma pluralidade de deuses
salvadores. Este património de fé voltou a ser proposto pelo recente Magistério
da Igreja: «A Igreja crê que Cristo, morto e ressuscitado por todos (cf. 2 Cor
5,15), oferece à humanidade, pelo seu Espírito, luz e forças que lhe permitem
corresponder à sua altíssima vocação. Ela crê que não há debaixo do céu outro
nome dado aos homens pelo qual eles devam ser salvos (cf. Actos 4,12). Ela crê
também que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no
seu Senhor e Mestre».42
14. Deve, portanto, crer-se firmemente como
verdade de fé católica que a vontade salvífica universal de Deus Uno e Trino é
oferecida e realizada de uma vez para sempre no mistério da encarnação, morte e
ressurreição do Filho de Deus.
Tendo presente este dado
de fé, a teologia hoje, meditando na presença de outras experiências religiosas
e no seu significado no plano salvífico de Deus, é convidada a explorar se e
como também figuras e elementos positivos de outras religiões reentram no plano
divino de salvação. Neste empenho de reflexão abre-se à investigação teológica
um vasto campo de trabalho sob a guia do Magistério da Igreja. O Concílio
Vaticano II, de facto, afirmou que «a única mediação do Redentor não exclui, antes
suscita nas criaturas uma cooperação múltipla, que é participação na fonte
única».43 Há que aprofundar o conteúdo desta mediação participada,
que deve ser todavia regulada pelo princípio da única mediação de Cristo: «Se
não se excluem mediações participadas de diverso tipo e ordem, todavia elas recebem
significado e valor unicamente da de Cristo, e não podem ser entendidas como
paralelas ou complementares desta».44 Seriam, invés, contrárias à fé
cristã e católica as propostas de solução que apresentam uma acção salvífica de
Deus fora da única mediação de Cristo.
15. Não é raro que se
proponha evitar na teologia termos como «unicidade», «universalidade»,
«absoluto», cujo uso daria a impressão de se dar uma ênfase excessiva ao
significado e valor do evento salvífico de Jesus Cristo em relação às demais
religiões. Ora, essa linguagem não faz mais que exprimir a fidelidade ao dado
revelado, uma vez que constitui uma evolução das próprias fontes da fé. Desde o
início, efectivamente, a comunidade dos crentes atribuiu a Jesus um valor
salvífico de tal ordem, que apenas Ele, como Filho de Deus feito homem,
crucificado e ressuscitado, por missão recebida do Pai e no poder do Espírito
Santo, tem por finalidade dar a revelação (cf. Mt 11,27) e a vida divina (cf. Jo
1,12; 5,25-26; 17,2) à humanidade inteira e a cada homem.
Neste sentido, pode e deve
dizer-se que Jesus Cristo tem para o género humano e para a sua história um
significado e um valor singulares e únicos, só a Ele próprios, exclusivos,
universais, absolutos. Jesus é, de facto, o Verbo de Deus feito homem para a
salvação de todos. Recebendo esta consciência de fé, o Concílio Vaticano II ensina:
«O Verbo de Deus, por quem todas as coisas foram feitas, encarnou, a fim de,
como homem perfeito, salvar a todos e recapitular todas as coisas. O Senhor é o
fim da história humana, “o ponto para o qual tendem os desejos da história e da
civilização”, o centro da humanidade, a alegria de todos os corações e a
plenitude das suas aspirações. É aquele a quem o Pai ressuscitou dos mortos,
exaltou e colocou à sua direita, constituindo-O juiz dos vivos e dos mortos».45
«Precisamente esta singularidade única de Cristo é que Lhe confere um
significado absoluto e universal, pelo qual, enquanto está na História, é o
centro e o fim desta mesma História: “Eu sou o Alfa e o Ómega, o Primeiro e o
Último, o Princípio e o Fim” (Ap 22,13)».46
IV.
UNICIDADE E UNIDADE DA IGREJA
16. O Senhor Jesus, único
Salvador, não formou uma simples comunidade de discípulos, mas constituiu a
Igreja como mistério salvífico: Ele mesmo está na Igreja e a Igreja n'Ele (cf.
Jo 15,1ss.; Gal 3,28; Ef 4,15-16; Actos 9,5); por isso, a plenitude do mistério
salvífico de Cristo pertence também à Igreja, unida de modo inseparável ao seu
Senhor. Jesus Cristo, com efeito, continua a estar presente e a operar a
salvação na Igreja e através da Igreja (cf. Col 1,24-27),47 que é o
seu Corpo (cf. 1 Cor 12,12-13.27; Col 1,18).48 E, assim como a cabeça
e os membros de um corpo vivo, embora não se identifiquem, são inseparáveis,
Cristo e a Igreja não podem confundir-se nem mesmo separar-se, constituindo
invés um único «Cristo total».49 Uma tal inseparabilidade é expressa
no Novo Testamento também com a analogia da Igreja Esposa de Cristo (cf. 2 Cor
11,2; Ef 5,25-29; Ap 21,2.9).50
Assim, e em relação com a
unicidade e universalidade da mediação salvífica de Jesus Cristo, deve crer-se
firmemente como verdade de fé católica a unicidade da Igreja por Ele fundada.
Como existe um só Cristo, também existe um só seu Corpo e uma só sua Esposa:
«uma só Igreja católica e apostólica».51 Por outro lado, as
promessas do Senhor de nunca abandonar a sua Igreja (cf. Mt 16,18; 28,20) e de
guiá-la com o seu Espírito (cf. Jo 16,13) comportam que, segundo a fé católica,
a unicidade e unidade, bem como tudo o que concerne a integridade da Igreja,
jamais virão a faltar.52
Os fiéis são obrigados a
professar que existe uma continuidade histórica — radicada na sucessão
apostólica 53 — entre a Igreja fundada por Cristo e a Igreja
Católica: «Esta é a única Igreja de Cristo [...] que o nosso Salvador, depois
da sua ressurreição, confiou a Pedro para apascentar (cf. Jo 21,17),
encarregando-o a Ele e aos demais Apóstolos de a difundirem e de a governarem
(cf. Mt 28,18ss.); levantando-a para sempre como coluna e esteio da verdade
(cf. 1 Tim 3,15). Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste
mundo, subsiste [subsistit in] na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de
Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele».54 Com a expressão
«subsistit in», o Concílio Vaticano II quis harmonizar duas afirmações
doutrinais: por um lado, a de que a Igreja de Cristo, não obstante as divisões
dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja Católica e, por outro,
a de que «existem numerosos elementos de santificação e de verdade fora da sua
composição»,55 isto é, nas Igrejas e Comunidades eclesiais que ainda
não vivem em plena comunhão com a Igreja Católica.56 Acerca destas,
porém, deve afirmar-se que «o seu valor deriva da mesma plenitude da graça e da
verdade que foi confiada à Igreja Católica».57
17. Existe portanto uma
única Igreja de Cristo, que subsiste na Igreja Católica, governada pelo
Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele.58 As Igrejas
que, embora não estando em perfeita comunhão com a Igreja Católica, se mantêm
unidas a esta por vínculos estreitíssimos, como são a sucessão apostólica e uma
válida Eucaristia, são verdadeiras Igrejas particulares.59 Por isso,
também nestas Igrejas está presente e actua a Igreja de Cristo, embora lhes
falte a plena comunhão com a Igreja católica, enquanto não aceitam a doutrina
católica do Primado que, por vontade de Deus, o Bispo de Roma objectivamente
tem e exerce sobre toda a Igreja.60
As Comunidades eclesiais,
invés, que não conservaram um válido episcopado e a genuína e íntegra
substância do mistério eucarístico,61 não são Igrejas em sentido
próprio. Os que, porém, foram baptizados nestas Comunidades estão pelo Baptismo
incorporados em Cristo e, portanto, vivem numa certa comunhão, se bem que
imperfeita, com a Igreja.62 O Baptismo, efectivamente, tende por si
ao completo desenvolvimento da vida em Cristo, através da íntegra profissão de
fé, da Eucaristia e da plena comunhão na Igreja.63
«Os fiéis não podem, por
conseguinte, imaginar a Igreja de Cristo como se fosse a soma — diferenciada e,
de certo modo, também unitária — das Igrejas e Comunidades eclesiais; nem lhes
é permitido pensar que a Igreja de Cristo hoje já não exista em parte alguma,
tornando-se, assim, um mero objecto de procura por parte de todas as Igrejas e
Comunidades».64 «Os elementos desta Igreja já realizada existem,
reunidos na sua plenitude, na Igreja Católica e, sem essa plenitude, nas demais
Comunidades».65 «Por isso, as próprias Igrejas e Comunidades
separadas, embora pensemos que têm faltas, não se pode dizer que não tenham
peso no mistério da salvação ou sejam vazias de significado, já que o Espírito
Se não recusa a servir-Se delas como de instrumentos de salvação, cujo valor
deriva da mesma plenitude da graça e da verdade que foi confiada à Igreja
Católica».66
A falta de unidade entre
os cristãos é certamente uma ferida para a Igreja; não no sentido de estar
privada da sua unidade, mas «porque a divisão é um obstáculo à plena realização
da sua universalidade na história».67
(cont.)
________________________________________
Notas:
(42)
Conc. Vaticano II, Const. past. Gaudium et spes, n. 10. Cf. S. Agostinho, que
afirma que fora de Cristo, « caminho universal de salvação, que nunca faltou ao
género humano, nunca ninguém foi libertado, ninguém é libertado, ninguém será
libertado »: De Civitate Dei 10, 32, 2: CCL 47, 312.
(43)
Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 62.
(44)
João Paulo II, Carta Enc. Redemptoris missio, n. 5.
(45)
Conc. Vaticano II, Const. past. Gaudium et spes, n. 45. A necessária e absoluta
singularidade e universalidade de Cristo na história humana é bem expressa por
S. Ireneu quando contempla a proeminência de Jesus como Primogénito: « Nos
céus, como primogénito do pensamento do Pai, o Verbo perfeito conduz
pessoalmente todas as coisas e legisla; sobre a terra, como primogénito da
Virgem, homem justo e santo, servo de Deus, bom e agradável a Deus, perfeito em
tudo; enfim, salvando dos infernos todos os que o seguem, como primogénito dos
mortos, é cabeça e fonte da vida de Deus » (Demonstratio, 39: SC 406, 138).
(46)
João Paulo II, Carta Enc. Redemptoris missio, n. 6.
(47)
Cf. Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 14.
(48)
Cf. ibid., n. 7.
(49)
Cf. S. Agostinho, Enarrat. in Psalmos, Ps. 90, Sermo 2,1: CCL 39, 1266; S.
Gregório Magno, Moralia in Iob, Praefatio, 6, 14: PL 75, 525; S. Tomás de
Aquino, Summa Theologiae, III, q. 48, a. 2 ad 1.
(50)
Cf. Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 6.
(51)
Símbolo da fé: Denz., n. 48. Cf. Bonifácio VIII, Bula Unam Sanctam: Denz., n.
870-872; Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 8.
(52)
Cf. Conc. Vaticano II, Decr. Unitatis redintegratio, n. 4; João Paulo II, Carta
Enc. Ut unum sint, n. 11: AAS 87 (1995) 921-982.
(53)
Cf. Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 20; cf. ainda S. Ireneu,
Adversus Haereses, III, 3, 1-3: SC 211, 20-44; S. Cipriano, Epist. 33, 1: CCL
3B, 164-165; S. Agostinho, Contra advers. legis et prophet., 1, 20, 39: CCL 49,
70.
(54)
Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 8.
(55)
Ibid., cf. João Paulo II, Carta Enc. Ut unum sint, n. 13. Conc. Vaticano II,
Const. Dogm. Lumen gentium, n. 15 e Decr. Unitatis redintegratio, n. 3.
(56)
É, portanto, contrária ao significado autêntico do texto do Concílio a
interpretação que leva a deduzir da fórmula subsistit in a tese, segundo a
qual, a única Igreja de Cristo poderia também subsistir em Igrejas e
Comunidades eclesiais não católicas. « O Concílio, invés, adoptou a palavra
“subsistit” precisamente para esclarecer que existe uma só “subsistência” da
verdadeira Igreja, ao passo que fora da sua composição visível existem apenas
“elementa Ecclesiae”, que — por serem elementos da própria Igreja — tendem e conduzem
para a Igreja Católica » [Congr. para a Doutrina da Fé, Notificação sobre o
volume “Igreja: carisma e poder” do P. Leonardo Boff: AAS 77 (1985) 756-762].
(57)
Conc. Vaticano II, Decr. Unitatis redintegratio, n. 3.
(58)
Cf. Congr. Para a Doutrina da Fé, Decl. Mysterium ecclesiae, n. 1: AAS 65
(1973) 396-408.
(59)
Cf. Conc. Vaticano II, Decr. Unitatis redintegratio, nn. 14 e 15; Congr. para a
Doutrina da Fé, Carta Communionis notio, n. 17: AAS 85 (1993) 838-850.
(60)
Cf. Conc. Vaticano I, Const. dogm. Pastor aeternus: Denz., n. 3053-3064; Conc.
Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 22.
(61)
Cf. Conc. Vaticano II, Decr. Unitatis redintegratio, n. 22.
(62)
Cf. ibid., n. 3.
(63)
Cf. ibid., n. 22.
(64)
Congr. para a Doutrina da Fé, Decl. Mysterium ecclesiae, n. 1.
(65)
João Paulo II, Carta Enc. Ut unum sint, n. 14.
(66)
Conc. Vaticano II, Decr. Unitatis redintegratio, n. 3.
(67)
Congr. para a Doutrina da Fé, Carta Communionis notio, n. 17. Cf. Conc.
Vaticano II, Decr. Unitatis redintegratio, n. 4.