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18/04/2014
Evangelho do dia, comentário e Leitura Espiritual
Tempo de Quaresma Semana Santa |
Sexta-Feira
Santa
Evangelho:
Jo 18, 1 – 42
1 Tendo Jesus dito estas palavras, saiu com os Seus
discípulos para o outro lado da torrente do Cédron, onde havia um horto, em que
entrou com os Seus discípulos. 2 Ora Judas, o traidor, conhecia bem
este lugar, porque Jesus tinha ido lá muitas vezes com os Seus discípulos. 3
Tendo, pois, Judas tomado a coorte e guardas fornecidos pelos pontífices e
fariseus, foi lá com lanternas, archotes e armas. 4 Jesus, que sabia
tudo que estava para Lhe acontecer, adiantou-Se e disse-lhes: «A quem
buscais?». 5 Responderam-Lhe: «A Jesus de Nazaré». Jesus disse-lhes:
«Sou Eu». Judas, que O entregava, estava lá com eles. 6 Quando,
pois, Jesus lhes disse: «Sou Eu», recuaram e caíram por terra. 7
Perguntou-lhes novamente: «A quem buscais?». Eles disseram: «A Jesus de
Nazaré». 8 Jesus respondeu: «Já vos disse que sou Eu; se é, pois, a
Mim que buscais, deixai ir estes». 9 Deste modo se cumpriu a palavra
que tinha dito: «Não perdi nenhum dos que Me deste». 10 Simão Pedro,
que tinha uma espada, puxou dela e feriu um servo do Sumo-sacerdote, tendo-lhe
cortado a orelha direita. Este servo chamava-se Malco. 11 Porém,
Jesus disse a Pedro: «Mete a tua espada na bainha. Não hei-de beber o cálice que
o Pai Me deu?». 12 Então, a coorte, o tribuno e os guardas dos
judeus prenderam Jesus e O manietaram. 13 Primeiramente levaram-n'O
a casa de Anás, por ser sogro de Caifás, que era o Sumo Sacerdote daquele ano. 14
Caifás era aquele que tinha dado aos judeus este conselho: «Convém que um só
homem morra pelo povo». 15 Simão Pedro e um outro discípulo seguiam
Jesus. Este discípulo, que era conhecido do pontífice, entrou com Jesus no
pátio do pontífice. 16 Pedro ficou de fora, à porta. Saiu então o
outro discípulo que era conhecido do Sumo Sacerdote, falou à porteira e fez
entrar Pedro. 17 Então a porteira disse a Pedro: «Não és tu também
dos discípulos deste homem?». Ele respondeu: «Não sou». 18 Os servos
e os guardas acenderam uma fogueira e aqueciam-se ao lume, porque estava frio.
Pedro encontrava-se também entre eles e aquecia-se. 19 Entretanto, o
pontífice interrogou Jesus sobre os Seus discípulos e sobre a Sua doutrina.20
Jesus respondeu-lhe: «Eu falei publicamente ao mundo; ensinei sempre na
sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem; nada disse em segredo.21
Porque Me interrogas? Interroga aqueles que ouviram o que Eu falei; eles sabem
o que disse». 22 Tendo dito isto, um dos guardas que estavam
presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: «Assim respondes ao
Sumo-sacerdote?». 23 Jesus respondeu-lhe: «Se falei mal, mostra o
que disse de mal; se falei bem, porque Me bates?». 24 Anás enviou-O
manietado ao Sumo-sacerdote Caifás. 25 Estava lá Simão Pedro
aquecendo-se. Disseram-lhe: «Não és tu também dos Seus discípulos?». Ele negou
e respondeu: «Não sou». 26 Disse-lhe um dos servos do
Sumo-sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: «Não te vi eu
com Ele no horto?». 27 Pedro negou outra vez, e imediatamente o galo
cantou. 28 Levaram então Jesus da casa de Caifás ao Pretório. Era de
manhã. Não entraram no Pretório para não se contaminarem, e poderem comer a
Páscoa. 29 Pilatos, pois, saiu fora para lhes falar, e disse: «Que
acusação apresentais contra este homem?». 30 Responderam: «Se não
fosse um malfeitor não O entregaríamos nas tuas mãos». 31 Pilatos
disse-lhes então: «Tomai-O e julgai-O segundo a vossa Lei». Mas os judeus
disseram-lhe: «Não nos é permitido matar ninguém». 32 Para se
cumprir a palavra que Jesus dissera, significando de que morte havia de morrer.
33 Tornou, pois, Pilatos a entrar no Pretório, chamou Jesus e
disse-Lhe: «Tu és o rei dos judeus?». 34 Jesus respondeu: «Tu dizes
isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de Mim?». 35
Pilatos respondeu: «Porventura sou judeu? A Tua nação e os pontífices é que Te
entregaram nas minhas mãos. Que fizeste Tu?». 36 Jesus respondeu: «O
Meu reino não é deste mundo; se o Meu reino fosse deste mundo, certamente os
Meus ministros se haviam de esforçar para que Eu não fosse entregue aos judeus;
mas o Meu reino não é daqui». 37 Pilatos disse-Lhe então: «Portanto,
Tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu o dizes, sou rei. Nasci e vim ao mundo para
dar testemunho da verdade; todo aquele que está na verdade ouve a Minha voz». 38
Pilatos disse-Lhe: «O que é a verdade?». Dito isto, tornou a sair para ir ter
com os judeus e disse-lhes: «Não encontro n'Ele motivo algum de condenação. 39
Ora é costume que eu, pela Páscoa, vos solte um prisioneiro; quereis, pois, que
vos solte o rei dos judeus?». 40 Então gritaram todos novamente:
«Este não, mas Barrabás!». Ora Barrabás era um assassino.
1 Pilatos tomou
então Jesus e mandou-O flagelar. 2 Depois, os soldados, tecendo uma
coroa de espinhos, puseram-Lha sobre a cabeça e revestiram-n'O com um manto de
púrpura. 3 Aproximavam-se d'Ele e diziam-Lhe: «Salve, rei dos
judeus!», e davam-Lhe bofetadas. 4 Saiu Pilatos ainda outra vez fora
e disse-lhes: «Eis que vo-l'O trago fora, para que conheçais que não encontro
n'Ele crime algum». 5 Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de
espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse-lhes: «Eis aqui o Homem!». 6
Então os príncipes dos sacerdotes e os guardas, quando O viram, gritaram:
«Crucifica-O, crucifica-O!». Pilatos disse-lhes: «Tomai-O e crucificai-O,
porque eu não encontro n'Ele motivo algum de condenação». 7 Os
judeus responderam-lhe: «Nós temos uma Lei e, segundo essa Lei, deve morrer,
porque Se fez Filho de Deus». 8 Pilatos, tendo ouvido estas
palavras, temeu ainda mais. 9 Entrou novamente no Pretório e disse a
Jesus: «Donde és Tu?». Mas Jesus não lhe deu resposta. 10 Então
Pilatos disse-Lhe: «Não me falas? Não sabes que tenho poder para Te soltar e
também para Te crucificar?». 11 Jesus respondeu: «Tu não terias
poder algum sobre Mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem Me entregou
a ti tem maior pecado». 12 Desde este momento, Pilatos procurava
soltá-l'O. Porém, os judeus gritavam: «Se soltas Este, não és amigo de César!,
porque todo aquele que se faz rei, declara-se contra César». 13
Pilatos, tendo ouvido estas palavras, conduziu Jesus para fora e sentou-se no
seu tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, em hebraico Gábata. 14
Era o dia da Preparação da Páscoa, cerca da hora sexta. Pilatos disse aos
judeus: «Eis o vosso rei!». 15 Mas eles gritaram: «Tira-O, tira-O,
crucifica-O!». Pilatos disse-lhes: «Hei-de crucificar o vosso rei?». Os
pontífices responderam: «Não temos outro rei senão César». 16 Então
entregou-Lho para que fosse crucificado. 17 Tomaram, pois, Jesus
que, carregando com a Sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, em hebraico
Gólgota, 18 onde O crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada
lado, e Jesus no meio. 19 Pilatos redigiu um título, que mandou
colocar sobre a cruz. Nele estava escrito: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus». 20
Muitos judeus leram este título, porque o lugar onde foi crucificado ficava
perto da cidade. Estava redigido em hebraico, em latim e em grego. 21
Os pontífices dos judeus diziam, porém, a Pilatos: «Não escrevas: Rei dos
Judeus, mas: Este homem disse: Eu sou o Rei dos Judeus». 22 Pilatos
respondeu: «O que escrevi, está escrito!». 23 Os soldados, depois de
terem crucificado Jesus, tomaram as Suas vestes e fizeram delas quatro partes,
uma para cada soldado. Tomaram também a túnica. A túnica não tinha costura, era
toda tecida de alto a baixo. 24 Disseram entre si: Não a rasguemos,
mas lancemos sortes sobre ela, para ver a quem tocará; para que se cumprisse
deste modo a Escritura, que diz: “Repartiram entre si as Minhas vestes e
lançaram sortes sobre a Minha túnica”. “Os soldados assim fizeram. 25
Estavam, de pé, junto à cruz de Jesus, Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria,
mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, vendo Sua mãe e,
junto dela, o discípulo que amava, disse a Sua mãe: «Mulher, eis o teu filho». 27
Depois disse ao discípulo: «Eis a tua mãe». E, desde aquela hora, o discípulo
recebeu-a na sua casa. 28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava
consumado, para se cumprir a Escritura, disse: «Tenho sede». 29
Havia ali um vaso cheio de vinagre. Então, os soldados, ensopando no vinagre
uma esponja e atando-a a uma cana de hissopo, chegaram-Lha à boca. 30
Jesus, tendo tomado o vinagre, disse: «Tudo está consumado!». Depois,
inclinando a cabeça, entregou o espírito. 31 Os judeus, visto que
era o dia da Preparação, para que os corpos não ficassem na cruz no sábado,
porque aquele dia de sábado era de grande solenidade, pediram a Pilatos que
lhes fossem quebradas as pernas e fossem retirados. 32 Foram, pois,
os soldados e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro com quem Ele havia
sido crucificado. 33 Mas, quando chegaram a Jesus, vendo que já
estava morto, não Lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados
trespassou-Lhe o lado com uma lança e imediatamente saiu sangue e água. 35
Quem foi testemunha deste facto o atesta, e o seu testemunho é digno de fé e
ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis.36 Porque estas
coisas sucederam para que se cumprisse a Escritura: “Não Lhe quebrarão osso
algum”. 37 E também diz outro passo da Escritura: “Hão-de olhar para
Aquele a quem trespassaram”. 38 Depois disto, José de Arimateia, que
era discípulo de Jesus, ainda que oculto por medo dos judeus, pediu a Pilatos
que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu-o. Foi, pois, e tomou
o corpo de Jesus. 39 Nicodemos, aquele que tinha ido anteriormente
de noite ter com Jesus, foi também, levando uma composição de quase cem libras
de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-n'O em
lençóis com perfumes, segundo a maneira de sepultar usada entre os judeus. 41
Ora, no lugar em que Jesus foi crucificado, havia um horto e no horto um
sepulcro novo, em que ninguém tinha ainda sido sepultado. 42 Por ser
o dia da Preparação dos judeus e o sepulcro estar perto, depositaram ali Jesus.
Comentário:
Sentimo-nos “pequeninos” perante a grandiosidade
desta descrição de São João do que, podemos chamar, as últimas horas que
antecederam a Morte de Jesus Cristo na Cruz!
A nossa alma confrange-se e todo o nosso ser como
que se revolta perante as cenas tão vivas e reais que o Evangelista descreve.
Como é possível?... interrogamo-nos.
Mas, de facto, se pensarmos bem, teremos a medida
exacta da gravida do pecado e da incomensurável ofensa a Deus que constitui.
Sim… é aqui que devemos deter-nos, envergonhar-nos
e, humildemente pedir perdão.
(ama, comentário sobre Jo 18, 19, 42,
2014.02.10)
DECRETO
APOSTOLICAM ACTUOSITATEM
SOBRE O APOSTOLADO DOS LEIGOS
(5 a 10)
CAPÍTULO
II
OS FINS DO APOSTOLADO DOS
LEIGOS
Introdução: a obra de
Cristo e da Igreja
5.
A obra redentora de Cristo, que por natureza visa salvar os homens, compreende
também a restauração de toda a ordem temporal. Daí que a missão da Igreja
consiste não só em levar aos homens a mensagem e a graça de Cristo, mas também
em penetrar e actuar com o espírito do Evangelho as realidades temporais. Por
este motivo, os leigos, realizando esta missão da Igreja, exercem o seu
apostolado tanto na Igreja como no mundo, tanto na ordem espiritual como na
temporal. Estas ordens, embora distintas, estão de tal modo unidas no único
desígnio divino que o próprio Deus pretende reintegrar, em Cristo, o universo
inteiro, numa nova criatura, dum modo incoativo na terra, plenamente no último
dia. O leigo, que é simultaneamente fiel e cidadão, deve sempre guiar-se, em
ambas as ordens, por uma única consciência, a cristã.
O
apostolado para a evangelização e santificação do mundo
6.
A missão da Igreja tem como fim a salvação dos homens, a alcançar pela fé em
Cristo e pela sua graça. Por este motivo, o apostolado da Igreja e de todos os
seus membros ordena-se, antes de mais, a manifestar ao mundo, por palavras e
obras, a mensagem de Cristo, e a comunicar a sua graça. Isto realiza-se
sobretudo por meio do ministério da palavra e dos sacramentos, especialmente
confiado ao clero, no qual também os leigos têm grande papel a desempenhar,
para se tornarem «cooperadores da verdade» (3 Jo. 8). É sobretudo nesta ordem
que o apostolado dos leigos e o ministério pastoral se completam mutuamente.
Inúmeras
oportunidades se oferecem aos leigos para exercerem o apostolado de
evangelização e santificação. O próprio testemunho da vida cristã e as obras,
feitas com espírito sobrenatural, têm eficácia para atrair os homens à fé e a
Deus; diz o Senhor: «Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que
vejam as vossas boas obras e deem glória ao vosso Pai que está nos céus» (Mt.
5, 16).
Este
apostolado, contudo, não consiste apenas no testemunho da vida; o verdadeiro
apóstolo busca ocasiões de anunciar Cristo por palavra, quer aos não crentes
para os levar à fé, quer aos fiéis, para os instruir, confirmar e animar a uma
vida fervorosa; «com efeito, o amor de Cristo estimula-nos» (2 Cor. 5, 14); e
devem encontrar eco no coração de todos, aquelas palavras do Apóstolo: «ai de
mim, se não prego o Evangelho» (1 Cor. 9,16) (1).
E
dado que no nosso tempo surgem novos problemas e se difundem gravíssimos erros
que ameaçam subverter a religião, a ordem moral e a própria sociedade humana,
este sagrado Concílio exorta ardentemente os leigos a que, na medida da própria
capacidade e conhecimentos, desempenhem com mais diligência a parte que lhes
cabe na elucidação, defesa e recta aplicação dos princípios cristãos aos
problemas d6 nosso tempo, segundo a mente da Igreja.
Instauração
cristã da ordem temporal
7.
A vontade de Deus com respeito ao mundo é que os homens, em boa harmonia,
edifiquem a ordem temporal e a aperfeiçoem constantemente.
Todas
as realidades que constituem a ordem temporal-os bens da vida e da família, a
cultura, os bens económicos, as artes e profissões, as instituições políticas,
as relações internacionais e outras semelhantes, bem como a sua evolução e
progresso -não só são meios para o fim último do homem, mas possuem valor
próprio, que lhes vem de Deus, quer consideradas em si mesmas, quer como partes
da ordem temporal total: «e viu Deus todas as coisas que fizera, e eram todas
muito boas» (Gén. 1, 31). Esta bondade natural das coisas adquire uma dignidade
especial pela sua relação com a pessoa humana, para cujo serviço foram criadas.
Finalmente, aprouve a Deus reunir todas as coisas em Cristo, quer as naturais
quer as sobrenaturais, «de modo que em todas Ele tenha o primado» (Col. 1, 18).
Mas este destino, não só não priva a ordem temporal da sua autonomia, dos seus
fins próprios, das suas leis, dos seus recursos, do seu valor para bem dos
homens, mas antes a aperfeiçoa na sua consistência e dignidade próprias, ao
mesmo tempo que a ajusta à vocação integral do homem na terra.
O
uso das coisas temporais foi, no decurso da história, manchado com graves
abusos. É que os homens, atingidos pelo pecado original, caíram muitas vezes em
muitos erros acerca do verdadeiro Deus, .da natureza do homem e dos princípios da
lei moral. Daí a corrupção dos costumes e das instituições humanas, daí a
pessoa humana tantas vezes conculcada. Também em nossos dias, não poucos,
confiando em excesso no progresso das ciências naturais e da técnica, caem numa
espécie de idolatria das coisas materiais, das quais em vez de senhores se
tornam escravos.
Toda
a Igreja deve trabalhar por tornar os homens capazes de edificar rectamente a
ordem temporal e de a ordenar, por Cristo, para Deus. Aos pastores compete
propor claramente os princípios relativos ao fim da criação e ao uso do mundo e
proporcionar os auxílios morais e espirituais para que a ordem temporal se
edifique em Cristo.
Quanto
aos leigos, devem eles assumir como encargo próprio seu essa edificação da
ordem temporal e agir nela de modo directo e definido, guiados pela luz do
Evangelho e a mente da Igreja e movidos pela caridade cristã; enquanto
cidadãos, cooperar com os demais com a sua competência específica e a própria
responsabilidade; buscando sempre e em todas as coisas a justiça do reino de
Deus. A ordem temporal deve ser construída de tal modo que, respeitadas
integralmente as suas leis próprias, se torne, para além disso, conforme aos
princípios da vida cristã, de modo adaptado às diferentes condições de lugares,
tempos e povos. Entre as actividades deste apostolado sobressai a acção social
dos cristãos, a qual o sagrado Concílio deseja que hoje se estenda a todos os
domínios temporais, sem exceptuar o da cultura (2).
A
acção caritativa como distintivo do apostolado cristão
8.
Toda a actividade apostólica deve fluir e receber força da caridade; algumas
obras, porém, prestam-se, por sua própria natureza, a tornarem-se viva
expressão dessa caridade. Cristo quis que elas fossem sinais da sua missão
messiânica (cfr. Mt. 11, 4-5).
O
maior mandamento da lei é amar a Deus de todo o coração, e ao próximo como a si
mesmo (cfr. Mt. 22, 37-40). Cristo fez deste mandamento do amor para com o
próximo o seu mandamento, e enriqueceu-o com novo significado, identificando-se
aos irmãos como objecto da caridade, dizendo: «sempre que o fizestes a um
destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes» (Mt. 25, 40). Com efeito,
assumindo a natureza humana, Ele uniu a si como família, por uma certa
solidariedade sobrenatural, todos os homens e fez da caridade o sinal dos seus
discípulos, com estas palavras: «nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros» (Jo. 13, 35).
A
santa Igreja, assim como nos seus primeiros tempos, juntando a «ágape» à Ceia
eucarística, se mostrava toda unida à volta de Cristo pelo vínculo da caridade,
assim em todos os tempos se pode reconhecer por este sinal do amor. E
alegrando-se com as realizações alheias, ela reserva para si, como dever e
direito próprios, que não pode alinear, as obras de caridade. Por isso, a
misericórdia para com os pobres e enfermos e as chamadas obras de caridade e de
mútuo auxílio para socorrer as múltiplas necessidades humanas são pela Igreja
honradas de modo especial (3).
Estas
actividades e obras tornaram-se muito mais urgentes e universais no nosso
tempo, em que os meios de comunicação são mais rápidos, em que quase se venceu
a distância entre os homens e os habitantes de toda a terra se tornaram membros
em certo modo duma só família. A actividade caritativa, hoje, pode e deve
atingir as necessidades de todos os homens. Onde quer que se encontrem homens a
quem faltam sustento, vestuário, casa, remédios, trabalho, instrução, meios
necessários para levar uma vida verdadeiramente humana, afligidos pelas desgraças
ou pela doença, sofrendo o exílio ou a prisão, aí os deve ir buscar e encontrar
a caridade cristã, consolar com muita solicitude e ajudar com os auxílios
prestados. Esta obrigação incumbe antes de mais aos homens e povos que
disfrutam de condição próspera (4).
Para
que este exercício da caridade seja e apareça acima de toda a suspeita,
considere-se no próximo a imagem de Deus, para o qual foi criado, veja-se nele
a Cristo, a quem realmente se oferece tudo o que ao indigente se dá; atenda-se
com grande delicadeza à liberdade e dignidade da pessoa que recebe o auxílio;
não se deixe manchar a pureza de intenção com qualquer busca do próprio
interesse ou desejo de domínios (5); satisfaçam-se antes de mais as exigências
da justiça, nem se ofereça como dom da caridade aquilo que já é devido a título
de justiça; suprimam-se as causas dos males, e não apenas os seus efeitos; e de
tal modo se preste a ajuda que os que a recebem se libertem pouco a pouco da
dependência alheia e se bastem a si mesmos.
Tenham,
por isso, os leigos em grande apreço e ajudem quanto possam as obras
caritativas e as iniciativas de assistência social, quer privadas quer
públicas, e também internacionais, que levam auxílio eficaz aos indivíduos e
aos povos necessitados, cooperando neste ponto com todos os homens de boa
vontade (6).
CAPÍTULO
III
OS VÁRIOS CAMPOS DO
APOSTOLADO
Introdução: vários campos
do apostolado dos leigos.
A Igreja
9.
Os leigos exercem o seu apostolado multiforme tanto na Igreja como no mundo. Em
ambos os planos se abrem vários campos de actividade apostólica de que queremos
aqui lembrar os principais. São: as comunidades eclesiais, a família, a
juventude, o meio social, as ordens nacional e internacional. E como hoje a
mulher tem cada vez mais parte activa em toda a vida social, é da maior
importância que ela tome uma participação mais ampla também nos vários campos
do apostolado da Igreja.
10.
Porque participam no múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, têm os
leigos parte activa na vida e acção da Igreja. A sua acção dentro das
comunidades eclesiais é tão necessária que, sem ela, o próprio apostolado dos
pastores não pode conseguir, a maior parte das vezes, todo o seu efeito. Porque
os leigos com verdadeira mentalidade apostólica, à imagem daqueles homens e
mulheres que ajudavam Paulo na propagação do Evangelho (cfr. Act. 18, 18, 20;
Rom. 16, 3), suprem o que falta a seus irmãos e revigoram o espírito dos pastores
e dos outros membros do povo fiel (cfr. 1 Cor. 16, 17-18). Pois eles,
fortalecidos pela participação activa na vida litúrgica da comunidade,
empenham-se nas obras apostólicas da mesma. Conduzem à Igreja os homens que
porventura andem longe, cooperam intensamente na comunicação da palavra de
Deus, sobretudo pela actividade catequética, e tornam mais eficaz, com o
contributo da sua competência, a cura de almas e até a administração dos bens
da Igreja.
A
paróquia dá-nos um exemplo claro de apostolado comunitário porque congrega numa
unidade toda a diversidade humana que aí se encontra e a insere na
universalidade da Igreja (1). Acostumem-se os leigos a trabalhar na paróquia
intimamente unidos aos seus sacerdotes (2), a trazer para a comunidade eclesial
os próprios problemas e os do mundo e as questões que dizem respeito à salvação
dos homens, para que se examinem e resolvam no confronto de vários pareceres.
Acostumem-se, por fim, a prestar auxílio a toda a iniciativa apostólica e
missionária da sua comunidade eclesial na medida das próprias forças.
Cultivem
o sentido de diocese, de que a paróquia é como que uma célula, e estejam sempre
prontos, à voz do seu pastor, a somar as suas forças às iniciativas diocesanas.
Mas, para responder às necessidades das cidades e das regiões rurais (3), não
confinem a sua cooperação dentro dos limites da paróquia ou da diocese, mas
esforcem-se por estendê-la aos campos inter-paroquial, inter-diocesano,
nacional ou internacional. Tanto mais que a crescente migração de povos, o
incremento de relações mútuas e a facilidade de comunicações já não permitem
que parte alguma da sociedade permaneça fechada em si. Assim devem
interessar-se pelas necessidades do Povo de Deus disperso por toda a terra. Em
primeiro lugar, façam suas as obras missionárias, prestando auxílios materiais
ou mesmo pessoais. Pois é dever e honra dos cristãos restituir a Deus parte dos
bens que d'Ele recebem.
Nota: Revisão da versão portuguesa por
ama
___________________________________
Notas:
1.
Cfr. Pio XI, Encíclica Urbi arcano, 23 dez. 1922: AAS 14 (1922), p. 659; Pio
XII, Encíclica Summi Pontificatus, 20 out. 1939: AAS 31 (1939), p. 442-443.
2.
Cfr. Leão XIII, Encíclica Rerum Novarum: ASS 23 (1890-1891), p, 647; Pio XI,
Encíclica Quadragesimo anno: AAS 23 (1931), p. 190; Pio XII, Radiomensagem, 1
junho 1941: AAS 33 (1941), p. 207.
3.
Cfr. João XXIII, Encíclica Mater et Magistra: AAS 53 (1961), p. 402.
4.
Ibid., p. 440-441.
5.
Ibid., p. 442-443.
6.
Cfr. Pio XII, Alocução ao movimento «Pax Romana», 25 abril 1957: AAS 49 (1967),
p. 298-299; e sobretudo João XXIII, Alocução ao Congresso do F. A. O., 10 nov.
1959: AAS 51 (1959), p. 856 e 866.
Capítulo
III
1.
Cfr. S. Pio X, Carta apost. Creationis duarum novarum paroeciarum, 1 junho
1905: ASS 38 (1905), p. 65-67; Pio XII, aloc. aos fiéis da paróquia de S.
Sabas, 11 janeiro 1953: Discorsi e Radiomessaggi di S. Pio XII, 14 (1952
-1953), p. 449-454, João XXIII, Aloc. ao clero e aos fiéis da diocese
suburbicária de Albano, em Castelgandolfo, 26 agosto de 1962: AAS 54 (1962), p.
656-660.
2.
Cfr. Leão XIII, aloc. 28 janeiro 1894: Acta, 14 (1894), p. 424-425.
3.
Cfr. Pio XII, aloc. aos Párocos, etc., 6 fevereiro 1951: Discorsi e
Radiomessaggi di S. S. Pio XII, 12 (1950-1951), p. 437-443; 8 março 1952:
ibid., 14 (1952-1953), p. 5-10; 27 março 1953: ibid., 15 (1953-1954), p. 27-35;
28 fevereiro 1954: ibid., p. 585-590.
Pequena agenda do cristão
Sexta-Feira
(Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Contenção; alguma privação; ser humilde.
Senhor: Ajuda-me a
ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou
formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes,
Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o,
esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se
possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à
minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei
nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente
nada.
Lembrar-me: Filiação divina.
Ser Teu filho
Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me
entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não
saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu,
entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus
defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao
pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca.
Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a
afastar-me de Ti.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus
ontem?
|
Jesus Cristo e a Igreja - 11
Desde que no século XIX se começaram a aplicar os modernos métodos
da ciência histórica aos textos evangélicos, a investigação sobre Jesus passou
por diversas etapas. Superados os preconceitos racionalistas dos inícios da
investigação, e os métodos hipercríticos que dominaram boa parte do século XX, a
situação actual é muito mais positiva e aberta. O cepticismo em que se situou a
investigação sobre
Jesus nos meados do século passado ficou superado (ver “O que sabemos realmente sobre
Jesus").
Na actualidade conhece-se muito melhor o contexto histórico e
literário em que viveu Jesus e em que os evangelhos foram escritos. A maior familiaridade
com a literatura inter-testamentária, quer dizer, com as obras do mundo judeu
contemporâneas de Jesus e dos evangelistas (os comentários de livros bíblicos e
as traduções ao aramaico, os textos de Qumran, a literatura rabínica, etc.),
permitiu ilustrar, verificar e compreender com maior profundidade os relatos
evangélicos e a imagem de Jesus no judaísmo do seu tempo.
Outras fontes provenientes do mundo greco-romano proporcionaram
melhores conhecimentos das influências de carácter helenístico na Galileia em que
viveu Jesus e, portanto, do contacto dessa região da Palestina com estruturas
culturais do mundo grego. Além disso, os testemunhos dos escritos apócrifos,
com grande probabilidade posteriores aos evangelhos canónicos e a outros textos
cristãos e judeus do século II, serviram para analisar as tradições a que
remontam esses livros, e contextualizar melhor as afirmações contidas nos
evangelhos.
Também se incorporaram à investigação sobre Jesus alguns achados
arqueológicos recentes, entre os quais são de especial interesse os que provêm
das escavações que se estão a levar a cabo na Galileia, muito ilustrativas para
nosso conhecimento desta helenizada região da Palestina no século I.
Finalmente, a uma maior compreensão das fontes juntou-se o emprego
de novos métodos e aproximações exegéticas (literárias, canónicas, etc.), que contribuíram
para superar as limitações e a rigidez do método histórico empregado em épocas
anteriores.
O nosso conhecimento histórico de Jesus é, portanto, cada vez mais
sólido. Os evangelhos são por isso dignos de credibilidade e, aos olhos de qualquer
historiador imparcial, pode-se descobrir neles um grande conjunto de gestos, de
palavras, de acções de Jesus com os quais ele manifestou a singularidade da sua
pessoa e da sua missão.
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- Textos elaborados por uma equipa de professores de Teologia da Universidade
de Navarra, dirigida por Francisco Varo.
Temas para meditar 79
Quando tu desejavas poder só com as tuas forças, Deus tornou-te inútil, para dar-te o Seu próprio poder, porque tu não és mais que debilidade.
(Stº agostinho, Confissões, 19. 5)
Deus está junto de nós continuamente
É preciso convencermo-nos de que Deus está junto de nós continuamente.
– Vivemos como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não
consideramos que também está sempre ao nosso lado. E está como um pai amoroso –
quer mais a cada um de nós do que todas as mães do mundo podem querer a seus
filhos – ajudando-nos, inspirando-nos, abençoando... e perdoando. Quantas vezes
fizemos desanuviar a fronte dos nossos pais, dizendo-lhes, depois de uma
travessura: não torno a fazer mais! – Talvez naquele mesmo dia tenhamos tornado
a cair... – E o nosso pai, com fingida dureza na voz, de cara séria,
repreende-nos..., ao mesmo tempo que se enternece o seu coração, conhecedor da
nossa fraqueza, pensando: pobre rapaz, que esforços faz para se portar bem! É
necessário que nos embebamos, que nos saturemos de que é Pai e muito Pai nosso,
o Senhor que está junto de nós e nos Céus. (Caminho, 267)
Descansai na filiação divina. Deus é um Pai cheio de ternura, de
amor infinito. Chama-lhe Pai muitas vezes durante o dia e diz-lhe – a sós, na
intimidade do teu coração – que o amas, que o adoras, que sentes o orgulho e a
força de seres seu filho. Tudo isto pressupõe um autêntico programa de vida
interior, que é preciso canalizar através das tuas relações de piedade com Deus
– poucas, mas constantes, insisto – que te permitirão adquirir os sentimentos e
as maneiras de um bom filho.
Devo prevenir-te, no entanto, contra o perigo da rotina –
verdadeiro sepulcro da piedade – a qual se apresenta frequentemente disfarçada
com ambições de realizar ou empreender gestas importantes, enquanto se descuida
comodamente a devida ocupação quotidiana. Quando notares essas insinuações,
põe-te diante do Senhor com sinceridade. Pensa se não te terás aborrecido de
lutar sempre nas mesmas coisas, porque na realidade não estavas à procura de
Deus. Vê se não terá decaído a tua perseverança fiel no trabalho, por falta de
generosidade, de espírito de sacrifício. Nesse caso, as tuas normas de piedade,
as pequenas mortificações, a actividade apostólica que não produz fruto
imediato parecem-te tremendamente estéreis. Estamos vazios e talvez comecemos a
sonhar com novos planos, para calar a voz do nosso Pai do Céu, que exige de nós
uma lealdade total. E, com um pesadelo de grandezas na alma, lançamos no
esquecimento a realidade mais certa, o caminho que sem dúvida nos conduz
direitos à santidade. Aí temos um sinal evidente de que perdemos o ponto de
vista sobrenatural, a convicção de que somos meninos pequenos, a persuasão de
que o nosso Pai fará em nós maravilhas, se recomeçarmos com humildade. (Amigos de Deus, n. 150)
Tratado dos vícios e pecados 63
(II
Sent., dist. XXXI, q. 2, a. 1; De Verit., q. 25, a. 6; q. 27, a. 6, ad 2; De
Malo, q. 4, a. 4).
O segundo discute-se assim. — Parece
que o pecado original não está mais na essência da alma que nas potências.
1. — Pois é natural à alma ser sujeito
do pecado, por poder ser movida pela vontade. Ora, a essência da alma não é
movida pela vontade, mas sim as suas potências. Logo, o pecado original não
atingiu a essência da alma, mas só as suas potências.
2. Demais. — O pecado original opõe-se
à justiça original. Ora, esta havia de estar em alguma potência da alma,
sujeito da virtude. Logo, também o pecado original está mais nas potências que
na essência da alma.
3. Demais. — Assim como da carne o
pecado original derivou para a alma, assim da essência desta derivou para as
potências. Ora, o pecado original está mais na alma que na carne. Logo, também
mais nas potências, que na essência da alma.
4. Demais. — Tem-se como
concupiscência o pecado original, conforme já se disse. Ora, a concupiscência
tem a sua sede nas potências da alma. Logo, também o pecado original.
Mas, em contrário, o pecado original é
considerado um pecado natural, como já se disse. Ora, a alma é por essência, e
não pelas suas potências, como já se estabeleceu na Primeira Parte, a forma e a
natureza do corpo. Logo, ela é principalmente e por essência o sujeito do
pecado original.
A alma é principalmente
sujeito de um pecado, pelo que a torna primariamente causa motora desse pecado.
Assim, se a causa motora do pecado for o deleite sensível, residente na
potência sensitiva, como seu objecto próprio, segue-se que essa potência é o
sujeito próprio desse pecado. Ora, é manifesto, o pecado original foi causado
pela geração. Portanto, por onde a alma entra primeiramente em contacto com a
geração do homem, por aí ela é o sujeito primeiro do pecado original. Ora, a
geração entra em contacto com a alma, como seu termo, enquanto forma do corpo,
o que por essência própria lhe convém, segundo já demonstramos na Primeira
Parte. Logo, a alma é por essência o sujeito primeiro do pecado original.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— Assim como o movimento da vontade do homem lhe atinge propriamente, as potências,
e não a essência da alma, assim o movimento da vontade do primeiro gerador
atinge primeiramente, por via da geração, a essência da alma, como já se disse.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Também a justiça
original se inclina, primordialmente na essência da alma; pois, era um dom de
Deus à natureza humana, próprio mais de tal essência, que das suas potências.
Pois, estas pertencem mais à pessoa, enquanto princípio de actos pessoais. Donde,
os sujeitos próprios dos pecados actuais é que são pecados pessoais.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O corpo está
para a alma como a matéria para a forma; esta, embora posterior na ordem da
geração, é anterior na da perfeição e da natureza. Ora, a essência da alma está
para as potências, como o sujeito para os acidentes próprios, posteriores ao
sujeito, tanto na ordem da geração, como na da perfeição. Portanto a comparação
não colhe.
RESPOSTA À QUARTA. — A concupiscência
desempenha, no pecado original, o papel de matéria e consequência, segundo já
se disse.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.