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Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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22/03/2014
Evangelho do dia e comentário
Tempo de Quaresma Semana II |
1 Aproximavam-se d'Ele os publicanos e os pecadores para O ouvir. 2 Os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: «Este recebe os pecadores e come com eles». 3 Então propôs-lhes esta parábola: 11 «Um homem tinha dois filhos. 12 O mais novo disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. O pai repartiu entre eles os bens. 13 Passados poucos dias, juntando tudo o que era seu, o filho mais novo partiu para uma terra distante e lá dissipou os seus bens vivendo dissolutamente. 14 Depois de ter consumido tudo, houve naquele país uma grande fome e ele começou a passar necessidade. 15 Foi pôr-se ao serviço de um habitante daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. 16 «Desejava encher o seu ventre das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17 Tendo entrado em si, disse: Quantos jornaleiros há em casa de meu pai que têm pão em abundância e eu aqui morro de fome! 18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e contra ti, 19 já não sou digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos teus jornaleiros. 20 «Levantou-se e foi ter com o pai. Quando ele estava ainda longe, o pai viu-o, ficou movido de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e beijou-o. 21 O filho disse-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. 22 Porém, o pai disse aos servos: Trazei depressa o vestido mais precioso, vesti-lho, metei-lhe um anel no dedo e os sapatos nos pés. 23 Trazei também um vitelo gordo e matai-o. Comamos e façamos festa, 24 porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi encontrado. E começaram a festa. 25 «Ora o filho mais velho estava no campo. Quando voltou, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e os coros. 26 Chamou um dos servos, e perguntou-lhe que era aquilo. 27 Este disse-lhe: Teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque o recuperou com saúde. 28 Ele indignou-se, e não queria entrar. Mas o pai, saindo, começou a pedir-lhe. 29 Ele, porém, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, nunca transgredi nenhuma ordem tua e nunca me deste um cabrito para eu me banquetear com os meus amigos, 30 mas logo que veio esse teu filho, que devorou os seus bens com meretrizes, mandaste-lhe matar o vitelo gordo. 31 Seu pai disse-lhe: Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. 32 Era, porém, justo que houvesse banquete e festa, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi encontrado».
Comentário:
A
parábola de Jesus que São Lucas nos transmite de forma magistral é de uma
riqueza impressionante! Cada palavra tem um significado próprio, obviamente, e
inserida num contexto fluido e absorvente deixa rapidamente de ser uma
parábola, uma história imaginada, para se tornar no retrato fiel da vida diária
de todos os homens.
Os
nossos desejos incontidos, a busca da felicidade a qualquer preço mesmo que,
para tal se corram riscos enormes e se chegue à degradação pessoal, ao
aviltamento e vergonha inconcebíveis.
O
prazer procurado por si mesmo, a busca incessante de fazer o que no momento a
vontade sugere, deixar que a ambição cegue a realidade dos factos e da própria
vida, são atitudes muito mais frequentes que o que possamos imaginar.
Já
nos colocamos, a nós próprios nessa figura do Filho Pródigo?
Este
o exame que temos de fazer, a consequência prática da leitura deste Evangelho!
Quando
nos deixamos levar pela tentação – pequena ou grande – as consequências podem
ser devastadoras e, sempre, nos afastam da casa paterna, do alimento saudável e
excelente que o Pai nos tem guardado.
Rasgamos a túnica que recebemos no
Baptismo, perdemos o anel que nos identifica a linhagem de filhos de Deus e,
inclusivamente, perdemos as sandálias que nos levam pelo único caminho que nos
deve interessar: seguir Cristo!
(ama, comentário sobre, Lc 15, 1-3.11-32, 2013.03.02)
Leitura espiritual para Mar 22
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Evangelho: Lc 11, 14-32
14 Jesus estava a expulsar um demónio, que era mudo. Depois
de ter expulsado o demónio, o mudo falou e as multidões ficaram maravilhadas. 15
Mas alguns disseram: «Ele expulsa os demónios pelo poder de Belzebu, príncipe
dos demónios». 16 Outros, para O tentarem, pediam-Lhe um prodígio
vindo do céu. 17 Ele, porém, conhecendo os seus pensamentos,
disse-lhes: «Todo o reino dividido contra si mesmo será devastado, e cairá casa
sobre casa. 18 Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como
estará em pé o seu reino? Porque vós dizeis que por virtude de Belzebu é que
lanço fora os demónios. 19 Ora, se é pelo poder de Belzebu que Eu
expulso os demónios, os vossos filhos pelo poder de quem os expulsam? Por isso
eles mesmos serão os vossos juízes. 20 Mas se Eu, pelo dedo de Deus,
lanço fora os demónios, certamente chegou a vós o reino de Deus. 21
Quando um, forte e armado, guarda o seu
palácio, estão em segurança os bens que possui; 22 porém, se,
sobrevindo outro mais forte do que ele, o vencer, tira-lhe as armas em que
confiava, e reparte os seus despojos. 23 Quem não é comigo é contra
Mim; e quem não colhe comigo desperdiça. 24 «Quando o espírito imundo
saiu de um homem, anda por lugares áridos, buscando repouso. Não o encontrando,
diz: Voltarei para minha casa, donde saí. 25 Quando vem, encontra-a
varrida e adornada. 26 Então vai, toma consigo outros sete espíritos
piores do que ele e, entrando, ali se instalam. E o último estado daquele homem
torna-se pior do que o primeiro». 27 Aconteceu que, enquanto Ele
dizia estas palavras, uma mulher, levantando a voz do meio da multidão,
disse-Lhe: «Bem-aventurado o ventre que Te trouxe e os peitos a que foste
amamentado».28 Porém, Ele disse: «Antes bem-aventurados aqueles que
ouvem a palavra de Deus e a põem em prática». 29 Concorrendo as
multidões, começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa; pede um
sinal, mas não lhe será dado outro sinal, senão o sinal do profeta Jonas. 30
Porque, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do Homem
será um sinal para esta geração. 31 A rainha do meio-dia
levantar-se-á no dia do juízo contra os homens desta geração, e condená-los-á,
porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e aqui está
Quem é mais do que Salomão. 32 Os ninivitas levantar-se-ão no dia do
juízo contra esta geração, e condená-la-ão, porque fizeram penitência com a
pregação de Jonas; e aqui está Quem é mais do que Jonas!
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
LUMEN GENTIUM
SOBRE A IGREJA
CAPÍTULO
I
O MISTÉRIO DA IGREJA
Objecto
da Constituição: a Igreja como sacramento
1.
A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito
Santo, deseja ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da
Igreja, todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura (cfr. Mc.
16,15). Mas porque a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o
instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano,
pretende ela, na sequência dos anteriores Concílios, pôr de manifesto com maior
insistência, aos fiéis e a todo o mundo, a sua natureza e missão universal. E
as condições do nosso tempo tornam ainda mais urgente este dever da Igreja,
para que deste modo os homens todos, hoje mais estreitamente ligados uns aos
outros, pelos diversos laços sociais, técnicos e culturais, alcancem também a
plena unidade em Cristo.
A
vontade salvífica do Pai
2.
O Eterno Pai, pelo libérrimo e insondável desígnio da Sua sabedoria e bondade,
criou o universo, decidiu elevar os homens à participação da vida divina e não
os abandonou, uma vez caídos em Adão, antes, em atenção a Cristo Redentor «que
é a imagem de Deus invisível, primogénito de toda a criação» (Col. 1,15) sempre
lhes concedeu os auxílios para se salvarem. Aos eleitos, o Pai, antes de todos
os séculos os «discerniu e predestinou para reproduzirem a imagem de Seu Filho,
a fim de que Ele seja o primogénito de uma multidão de irmãos» (Rom. 8,29). E,
aos que creem em Cristo, decidiu chamá-los à santa Igreja, a qual, prefigurada
já desde o princípio do mundo e admiravelmente preparada na história do povo de
Israel e na Antiga Aliança (1), foi constituída no fim dos tempos e
manifestada pela efusão do Espírito, e será gloriosamente consumada no fim dos
séculos. Então, como se lê nos Santos Padres, todos os justos depois de Adão,
«desde o justo Abel até ao último eleito» (2), se reunirão em Igreja
universal junto do Pai.
Missão
e obra do Filho: fundação da Igreja
3.
Veio pois o Filho, enviado pelo Pai, que n'Ele nos elegeu antes de criar o mundo,
e nos predestinou para sermos seus filhos de adopção, porque lhe aprouve reunir
n'Ele todas as coisas (cfr. Ef. 1, 4-5. 10). Por isso, Cristo, a fim de cumprir
a vontade do Pai, deu começo na terra ao Reino dos Céus e revelou-nos o seu
mistério, realizando, com a própria obediência, a redenção. A Igreja, ou seja,
o Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo
poder de Deus. Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água que
manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cfr. Jo. 19,34), e preanunciam-nos
as palavras do Senhor acerca da Sua morte na cruz: «Quando Eu for elevado acima
da terra, atrairei todos a mim» (Jo. 12,32 gr.). Sempre que no altar se celebra
o sacrifício da cruz, na qual «Cristo, nossa Páscoa, foi imolado» (1 Cor. 5,7),
realiza-se também a obra da nossa redenção. Pelo sacramento do pão eucarístico,
ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem
um só corpo em Cristo (cfr. 1 Cor. 10,17). Todos os homens são chamados a esta
união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual
caminhamos.
O
Espírito santificador e vivificador da Igreja
4.
Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele cumprir na terra (cfr. Jo.
17,4), foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, para que
santificasse continuamente a Igreja e deste modo os fiéis tivessem acesso ao
Pai, por Cristo, num só Espírito (cfr. Ef. 2,18). Ele é o Espírito de vida, ou
a fonte de água que jorra para a vida eterna (cfr. Jo. 4,14, 7, 38-39), por
quem o Pai vivifica os homens mortos pelo pecado, até que ressuscite em Cristo
os seus corpos mortais (cfr. Rom. 8, 10-11). O Espírito habita na Igreja e nos
corações dos fiéis, como num templo (cfr. 1 Cor. 3,16, 6,19), e dentro deles ora
e dá testemunho da adopção de filhos (cfr. Gál. 4,6, Rom. 8, 15-16. 26). A
Igreja, que Ele conduz à verdade total (cfr. Jo. 16,13) e unifica na comunhão e
no ministério, enriquece-a Ele e guia-a com diversos dons hierárquicos e
carismáticos e adorna-a com os seus frutos (cfr. Ef. 4, 11-12, 1 Cor. 12,4,
Gál. 5,22). Pela força do Evangelho rejuvenesce a Igreja e renova-a
continuamente e leva-a à união perfeita com o seu Esposo (3). Porque
o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: «Vem» (cfr. Apoc. 22,17)!
Assim
a Igreja toda aparece como «um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do
Espírito Santo (4).
O
Reino de Deus
5.
O mistério da santa Igreja manifesta-se na sua fundação. O Senhor Jesus deu
início à Sua Igreja pregando a boa nova do advento do Reino de Deus prometido
desde há séculos nas Escrituras: «cumpriu-se o tempo, o Reino de Deus está
próximo» (Mc. 1,15, cfr. Mt. 4,17). Este Reino manifesta-se na palavra, nas
obras e na presença de Cristo. A palavra do Senhor compara-se à semente lançada
ao campo (Mc. 4,14): aqueles que a ouvem com fé e entram a fazer parte do
pequeno rebanho de Cristo (Luc. 12,32), já receberam o Reino, depois, por força
própria, a semente germina e cresce até ao tempo da messe (cfr. Mc. 4, 26-29).
Também os milagres de Jesus comprovam que já chegou à terra o Reino: «Se lanço
fora os demónios com o poder de Deus, é que chegou a vós o Reino de Deus» (Luc.
11,20, cfr. Mt. 12,28). Mas este Reino manifesta-se sobretudo na própria pessoa
de Cristo, Filho de Deus e Filho do homem, que veio «para servir e dar a sua
vida em redenção por muitos» (Mt. 10,45).
E
quando Jesus, tendo sofrido pelos homens a morte da cruz, ressuscitou, apareceu
como Senhor e Cristo e sacerdote eterno (cfr. Act. 2,36, Hebr. 5,6, 7, 17-21) e
derramou sobre os discípulos o Espírito prometido pelo Pai (cfr. Act. 2,33).
Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando
fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a
missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos e
constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. Enquanto vai
crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao seu
Rei na glória.
As
figuras da Igreja
6.
Assim como, no Antigo Testamento, a revelação do Reino é muitas vezes
apresentada em imagens, também agora a natureza íntima da Igreja nos é dada a
conhecer por diversas imagens tiradas quer da vida pastoril ou agrícola, quer
da construção ou também da família e matrimónio, imagens que já se esboçam nos
livros dos Profetas.
Assim
a Igreja é o redil, cuja única porta e necessário pastor é Cristo (Jo. 10,
1-10). E também o rebanho do qual o próprio Deus predisse que seria o pastor
(cfr. Is. 40,11, Ez. 34,11 ss.), e cujas ovelhas, ainda que governadas por
pastores humanos, são contudo guiadas e alimentadas sem cessar pelo próprio
Cristo, bom pastor e príncipe dos pastores (cfr. Jo. 10,11, 1 Ped. 5,4), o qual
deu a vida pelas suas ovelhas (cfr. Jo. 10, 11-15).
A
Igreja é a agricultura ou o campo de Deus (1 Cor. 3,9). Nesse campo cresce a
oliveira antiga de que os patriarcas foram a raiz santa e na qual se realizou e
realizará a reconciliação de judeus e gentios (Rom. 11, 13-26). Ela foi
plantada pelo celeste agricultor como uma vinha eleita (Mt. 21, 33-43 par., Is.
5,1 ss.). A verdadeira videira é Cristo que dá vida e fecundidade aos
sarmentos, isto é, a nós que pela Igreja permanecemos n'Ele, sem o qual nada
podemos fazer (Jo. 15, 1-5).
A
Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (1 Cor. 3,9). O próprio
Senhor se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e se tornou pedra
angular (Mt. 21,42 par., Act. 4,11, 1 Ped. 2,7, Salm. 117,22). Sobre esse
fundamento é a Igreja construída pelos Apóstolos (cfr. 1 Cor. 3,11), e d'Ele
recebe firmeza e coesão. Esta construção recebe vários nomes: casa de Deus (1
Tim. 3,15), na qual habita a Sua «família», habitação de Deus no Espírito (cfr.
Ef. 2, 19-22), tabernáculo de Deus com os homens (Apoc. 21,3), e sobretudo
«templo» santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos
Santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova
Jerusalém (5). Nela, com efeito, somos edificados cá na terra como
pedras vivas (cfr. 1 Ped. 2,5). Esta cidade, S. João contemplou-a «descendo do
céu, de Deus, na renovação do mundo, como esposa adornada para ir ao encontro
do esposo» (Apoc. 21,1 ss.).
A
Igreja, chamada «Jerusalém do alto» e «nossa mãe» (Gál. 4,26, cfr. Apoc.
12,17), é também descrita como esposa imaculada do Cordeiro imaculado (Apoc.
19,7, 21,2. 9, 22,17), a qual Cristo gamou e por quem Se entregou, para a
santificar» (Ef. 5, 25-26), uniu a Si por um indissolúvel vínculo, e sem cessar
«alimenta e conserva» (Ef. 5,29), a qual, purificada, quis unida a Si e submissa
no amor e fidelidade (cfr. Ef. 5,24), cumulando-a, por fim, eternamente, de
bens celestes, para que entendamos o amor de Deus e de Cristo por nós, o qual
ultrapassa toda a compreensão (cfr. Ef. 3,19). Enquanto, na terra, a Igreja
peregrina longe do Senhor (cfr. 2 Cor. 5,6), tem-se por exilada, buscando e
saboreando as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus, e
onde a vida da Igreja está escondida com Cristo em Deus, até que apareça com
seu esposo na glória (Cfr. Col. 3, 1-4).
A
Igreja, Corpo místico de Cristo
7.
O filho de Deus, vencendo, na natureza humana a Si unida, a morte, com a Sua
morte e ressurreição, remiu o homem e transformou-o em nova criatura (cfr. Gál.
6,15, 2 Cor. 5,17). Pois, comunicando o Seu Espírito, fez misteriosamente de
todos os Seus irmãos, chamados de entre todos os povos, como que o Seu Corpo.
É
nesse corpo que a vida de Cristo se difunde nos que crêem, unidos de modo
misterioso e real, por meio dos sacramentos, a Cristo padecente e glorioso (6).
Com efeito, pelo Baptismo somos assimilados a Cristo, «todos nós fomos
baptizados no mesmo Espírito, para formarmos um só corpo» (1 Cor. 12,13). Por
este rito sagrado é representada e realizada a união com a morte e ressurreição
de Cristo: , «fomos sepultados, pois, com Ele, por meio do Baptismo, na morte»,
se, porém, , «nos tornámos com Ele um mesmo ser orgânico por morte semelhante à
Sua, por semelhante ressurreição o seremos também (Rom. 6, 4-5). Ao participar
realmente do corpo do Senhor, na fracção do pão eucarístico, somos elevados à
comunhão com Ele e entre nós. «Porque há um só pão, nós, que somos muitos,
formamos um só corpo, visto participarmos todos do único pão» (1 Cor. 10,17). E
deste modo nos tornamos todos membros desse corpo (cfr. 1 Cor. 12,27), sendo
individualmente membros uns dos outros» (Rom. 12,5).
E
assim como todos os membros do corpo humano, apesar de serem muitos, formam no
entanto um só corpo, assim também os fiéis em Cristo (cfr. 1 Cor. 12,12).
Também na edificação do Corpo de Cristo existe diversidade de membros e de
funções. É um mesmo Espírito que distribui os seus vários dons segundo a sua
riqueza e as necessidades dos ministérios para utilidade da Igreja (cfr. 1 Cor.
12, 1-11). Entre estes dons, sobressai a graça dos Apóstolos, a cuja autoridade
o mesmo Espírito submeteu também os carismáticos (cfr 1 Cor. 14). O mesmo
Espírito, unificando o corpo por si e pela sua força e pela coesão interna dos
membros, produz e promove a caridade entre os fiéis. Daí que, se algum membro
padece, todos os membros sofrem juntamente, e se algum membro recebe honras,
todos se, alegram (cfr. 1 Cor. 12,26).
A
cabeça deste corpo é Cristo. Ele é a imagem do Deus invisível e n 'Ele foram
criadas todas as coisas. Ele existe antes de todas as coisas e todas n'Ele
subsistem. Ele é a cabeça do corpo que a Igreja é. É o princípio, o primogénito
de entre os mortos, de modo que em todas as coisas tenha o primado (cfr. Col.
1, 15-18). Pela grandeza do Seu poder domina em todas as coisas celestes e
terrestres e, devido à Sua supereminente perfeição e acção, enche todo o corpo
das riquezas da Sua glória (cfr. Ef. 1, 18-23) (7).
Todos
os membros se devem conformar com Ele, até que Cristo se forme neles (cfr. Gál.
4,19). Por isso, somos assumidos nos mistérios da Sua vida, configurados com
Ele, com Ele mortos e ressuscitados, até que reinemos com Ele (cfr. Fil. 3,21,
2 Tim. 2,11, Ef. 2,6, Col. 2,12, etc.). Ainda peregrinos na terra, seguindo as
Suas pegadas na tribulação e na perseguição, associamo-nos nos seus sofrimentos
como o corpo à cabeça, sofrendo com Ele, para com Ele sermos glorificados (cfr.
Rom. 8,17).
É
por Ele que «o corpo inteiro, alimentado e coeso em suas junturas e ligamentos,
se desenvolve com o crescimento dado por Deus» (Col. 2,19). Ele mesmo distribui
continuamente, no Seu corpo que é a Igreja, os dons dos diversos ministérios,
com os quais, graças ao Seu poder, nos prestamos mutuamente serviços em ordem à
salvação, de maneira que, professando a verdade na caridade, cresçamos em tudo
para Aquele que é a nossa cabeça (cfr. Ef. 4, 11-16 gr.).
E
para que sem cessar nos renovemos n'Ele (cfr. Ef. 4,23), deu-nos do Seu
Espírito, o qual, sendo um e o mesmo na cabeça e nos membros, unifica e move o
corpo inteiro, a ponto de os Santos Padres compararem a Sua acção à que o
princípio vital, ou alma, desempenha no corpo humano (8).
Cristo
ama a Igreja como esposa, fazendo-se modelo do homem que ama sua mulher como o
próprio corpo (cfr. Ef. 5, 25-28), e a Igreja, por sua vez, é sujeita à sua
cabeça (ib. 23-24). «Porque n'Ele habita corporalmente toda a plenitude da
natureza divina» (Col. 2,9), enche a Igreja, que é o Seu corpo e plenitude, com
os dons divinos (cfr. Ef. 1, 22-23), para que ela se dilate e alcance a
plenitude de Deus (cfr. Ef. 3,19).
A
Igreja, sociedade visível e espiritual
8.
Cristo, mediador único, estabelece e continuamente sustenta sobre a terra, como
um todo visível, a Sua santa Igreja, comunidade de fé, esperança e amor, por
meio da qual difunde em todos a verdade e a graça (9). Porém, a
sociedade organizada hierarquicamente, e o Corpo místico de Cristo, o
agrupamento visível e a comunidade espiritual, a Igreja terrestre e a Igreja
ornada com os dons celestes não se devem considerar como duas entidades, mas
como uma única realidade complexa, formada pelo duplo elemento humano e divino (10).
Apresenta por esta razão uma grande analogia com ó mistério do Verbo encarnado.
Pois, assim como a natureza assumida serve ao Verbo divino de instrumento vivo
de salvação, a Ele indissoluvelmente unido, de modo semelhante a estrutura
social da Igreja serve ao Espírito de Cristo, que a vivifica, para o
crescimento do corpo (cfr. Ef. 4,16) (11).
Esta
é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e
apostólica (12), depois da ressurreição, o nosso Salvador entregou-a
a Pedro para que a apascentasse (Jo. 21,17), confiando também a ele e aos
demais Apóstolos a sua difusão e governo (cfr. Mt. 28,18 ss.), e erigindo-a
para sempre em «coluna e fundamento da verdade» (I Tim. 3,5). Esta Igreja,
constituída e organizada neste mundo como sociedade, é na Igreja católica,
governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele (13),
que se encontra, embora, fora da sua comunidade, se encontrem muitos elementos
de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de
Cristo, impelem para a unidade católica.
Mas,
assim como Cristo realizou a obra da redenção na pobreza e na perseguição,
assim a Igreja é chamada a seguir pelo mesmo caminho para comunicar aos homens
os frutos da salvação. Cristo Jesus «que era de condição divina... despojou-se
de si próprio tomando a condição de escravo (Fil. 2, 6-7) e por nós, «sendo
rico, fez-se pobre» (2 Cor. 8,9): assim também a Igreja, embora necessite dos
meios humanos para o prosseguimento da sua missão, não foi constituída para
alcançar a glória terrestre, mas para divulgar a humildade e abnegação, também
com o seu exemplo. Cristo foi enviado pelo Pai «a evangelizar os pobres... a
sarar os contritos de coração» (Luc. 4,18), «a procurar e salvar o que
perecera» (Lc. 19,10). De igual modo, a Igreja abraça com amor todos os
afligidos pela enfermidade humana, mais ainda, reconhece nos pobres e nos que
sofrem a imagem do seu fundador pobre e sofredor, procura aliviar as suas
necessidades, e intenta servir neles a Cristo. Enquanto Cristo «santo,
inocente, imaculado» (Hebr. 7,26), não conheceu o pecado (cfr. 2 Cor. 5,21),
mas veio apenas expiar os pecados do povo (Hebr. 2,17), a Igreja, contendo
pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de
purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação.
A
Igreja «prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das
consolações de Deus» (14), anunciando a cruz e a morte do Senhor até
que Ele venha (cfr. Cor. 11,26). Mas é robustecida pela força do Senhor
ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, as suas
aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada mas
fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena luz
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
______________________________________________________________
Notas:
1. Cfr. S. Cipriano, Epist. 64,
4: PL 3, 1017. CSEL (Hartel), III B, p. 720. S. Hilário Píct., In Mt. 23, 6: PL
9, 1047. S.
Agostinho, passim. S. Cirilo Alex., Glaph. in Gen. 2, 10: PG 69, 110 A.
2. Cfr. S. Gregório M., Hom. in
Evang. 19,
1: PL 76, 1154 B. S. Agostinho, Serm. 341, 9, 11: PL 39, 1499 s. S. J.
Damasceno, Adv. Iconocl. 11: PG, 1357.
3.
Cfr. S. Ireneu, Adv. Haer. III, 24, 1: PG 7, 966 B, Harvey 2, 131, ed. Sagnard,
Sources Chr., p. 398.
4.
S. Cipriano, De orat. Dom. 23: PL 4, 553, Hartel, III A, p. 285. S. Agostinho,
Serm. 71, 20, 33: PL 38, 463 s. S. J. Damasceno, Adv. Iconocl. 12: PG 96, 1358
D.
5.
Cfr. Origenes, In Mt. 16, 21: PG 13, 1443 C, Tertuliano, Adv. Marc. 3, 7: PL 2,
357 C, CSEL 47, 3, p. 386. Para os documentos litúrgicos, cfr. Sacramentarium
Gregorianum: PL 78, 160 B. ou C. Mohlberg, Liber Sacramentorum romanae
ecclesiae, Roma, 1960, p.111, XC, «Deus, qui ex omni coaptacione sanctorum
aeternum tibi condis habitaculum...». Hinos Urbs Ierusalem beata em Breviário
monástico, e Coelestis Urbs Ierusalem em Breviário Romano.
6. Cfr. S. Tomás, Summa Theol.
III, q. 62, a. 5, ad 1.
7.
Cfr. Pio XII, Encíclica Mystici Corporis, 29 jun. 1943: AAS 35 (1943), p. 208.
8.
Cfr. Leão XIII, Carta Encicl. Divinum illud, 9 maio 1897: ASS 29 (1896-97) p.
650. Pio XII, Encíclica Mystici Corporis, 1. c., pp. 219-220, Denz. 2288
(3808). S. Agostinho, Serm. 268, 2: PL 38, 1232, etc. S. João Crisóstomo, In Eph. Hom. 9, 3: PG 62, 72.
Didimo Alex., Trin. 2, 1: PG 39, 449 s. S. Tomás, In Col. 1, 18, lect. 5,
ed. Marietti, II, n. 46: «Sicut constituitur unum corpus ex unitate animae, ita
Ecclesia ex unitate Spiritus...».
9. Leão XIII, Encíclica
Sapientiae christianae, 10 jan. 1890: ASS 22 (1889-90) p. 392. Id.,
Carta Encicl. Satis cognitum, 29 jun. 1896: ASS 28 (1895-96) pp. 710 e 724 ss.
Pio XII, Encíclica Mystici Corporis, 1. c., pp. 199-200.
10.
Cfr. Pio XII, Encíclica, Mystici Corporis, 1. c., p. 221 ss. Id., Encíclica
Humani generis, 12 agosto 1950: AAS 42 (1950) p. 571.
11.
Leão XIII, Carta Encícl. Satis cognitum, 1. c., p. 713.
12.
Símbolo. Apostólico: Denz. 6-9 (10-13) , Símbolo Nic. - Constantinopolitano:
Denz. 86 (150) , cfr. Prof. fidei Trid,: Denz. 994 e 999 (1862 e 1868).
13.
Diz-se «Igreja santa (católica, apostólica) romana» em: Prof. fidei Trid., 1.
c., e Cone. Vat. I, Const. dogm. de fide cath.: Denz. 1782 (3001).
14.
S. Agostinho, De Civ. Dei, XVIII, 51, 2: PL 41, 614.
Tratado dos vícios e pecados 36
Questão 77: Da causa do
pecado por parte do apetite sensitivo: se a paixão da alma é causa do pecado.
Art. 4 ― Se o amor-próprio
é o princípio de todo o pecado.
(Infra, q. 84, a. 2, ad 3 ;
IIª-IIªª, q. 25, a. 7, ad 1 ; q. 153, a. 5, ad 3 ; II Sent., dist. XLII,
q. 2, a. 1; De Malo, q. 8, a. 1, ad 19)
O
quarto discute-se assim. ― Parece que o amor próprio não é o princípio de todo
pecado.
1.
― Pois, o em si mesmo bom e devido não pode ser causa própria do pecado. Ora, o
amor próprio é, em si mesmo, bom e devido; por isso nos foi preceituado amarmos
ao próximo como a nós mesmos (Lv 19, 18). Logo, o amor de si mesmo não pode ser
causa própria do pecado.
2.
Demais. ― O Apóstolo diz (Rm 7, 8): E o pecado, tomando ocasião pelo
mandamento, obrou em mim toda a concupiscência; ao que diz a Glosa: é boa a lei
que, coarctando a concupiscência, elimina todo mal; o assim o diz porque a
concupiscência é causa de todos os pecados. Ora, a concupiscência é uma paixão
diferente do amor, como já antes se estabeleceu (q. 23, a. 4). Logo, o amor
próprio não é causa total do pecado.
3.
Demais. Agostinho, sobre aquilo da Escritura (Sl 79) ― Ela foi queimada a fogo
e escavada ―diz, que todo pecado provém do amor que perniciosamente inflama, ou
do temor que perniciosamente humilhe. Logo, só o amor próprio é causa do
pecado.
4.
Demais ― Assim como às vezes pecamos pelo desordenado amor de nós mesmos, assim
também, outras, pelo amor desordenado do próximo. Logo, o amor próprio não é
causa de todos os pecados.
Mas,
em contrário, diz Agostinho, que o amor de si, até o desprezo de Deus,
constitui a cidade de Babilónia 1. Ora, por qualquer pecado ficamos pertencendo
à cidade de Babilónia. Logo, o amor próprio é a causa de todo pecado.
Como já se disse (q. 75, a. 1), a causa própria e essencial do pecado deve
buscar-se na conversão para um bem mutável; donde procede que todo ato
pecaminoso resulta do desejo desordenado de algum bem temporal. E é por nos
amarmos desordenadamente a nós mesmos que também desordenadamente desejamos os
bens temporais; pois, amar alguém é querer-lhe bem. Por onde e manifestamente,
o amor desordenado de si é a causa de todo pecado.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― O amor próprio ordenado é devido e natural, no
sentido de querermos para nós o bem que nos cabe. Ao passo que o amor próprio
desordenado, causa desprezo de Deus, é considerado, segundo Agostinho, causa do
pecado.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― A concupiscência pela qual desejamos o bem se reduz ao amor
próprio como à causa, segundo já se disse.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― O amor se refere não só ao bem que para nós desejamos, como a nós
mesmos, a quem o deseja.
Por
onde, o amor, considerado como referente ao que desejamos, ― p. ex., o amor do
vinho ou do dinheiro ― tem como causa o temor relativo à fuga do mal. Pois,
todo pecado provém ou do desejo desordenado de algum bem, ou de fuga
desordenada de algum mal. Ora, esta e aquele se reduzem ao amor próprio, pois é
por se amar a si próprio que o homem deseja os bens ou foge dos males.
RESPOSTA
À QUARTA ― O amigo é um quase outro eu. E assim, considera-se que, quando
pecamos por amor de um amigo, por amor de nós mesmos o fazemos.
Revisão da tradução portuguesa por ama
_______________________________________
Notas:
1.
XIX De civit. Dei (cap. XXVIII).
Reflectindo 11
Alguns - talvez muitos - interrogam-se sobre o que é isso do "Temor de Deus".
Para começar esclarece-se que se trata de um Dom do Espírito Santo; exactamente, o sétimo Dom.
Temor não tem o mesmo significado que medo. São coisas diferentes. Enquanto que um é uma condição humana o outro é, como se disse, algo exterior, insuflado, sugerido, concedido.
O medo condiciona vontade própria e os actos subsequentes, o Temor de Deus reflecte uma atitude de profundo respeito que se concretiza em evitar tudo o que possa ofender a Sua suprema dignidade.
Temor do castigo eventualmente devido por uma falta praticada?
Sim, pode ser
uma razão válida já que, obviamente, é razoável considerar que um erro,
qualquer que seja, deve ser corrigido, exactamente porque é fundamental repor o
estado inicial da situação.
A falta de algo mais elevado, pode ser considerado um motivo com razoabilidade.
Mas para ser mais de acordo com o estabelecido, a verdade e que o Temor de Deus deve ser exactamente esse sentimento de rejeição que leva a não consentir algo que constituía qualquer forma de mal a Deus, Supremo Bem.
ama, 2013.11.11
Temas para meditar 50
Jesus Cristo
Nada prova, não se justifica, não argumenta. Ensina. Impõe-se, porque a sabedoria que d'Ele emana é irresistível. Quando se apreciou esta sabedoria, quando se tem o coração bastante puro para a estimar, sabe-se que não pode existir outra. Não se sente a necessidade de comparar, de estudar. Vê-se.
Nada prova, não se justifica, não argumenta. Ensina. Impõe-se, porque a sabedoria que d'Ele emana é irresistível. Quando se apreciou esta sabedoria, quando se tem o coração bastante puro para a estimar, sabe-se que não pode existir outra. Não se sente a necessidade de comparar, de estudar. Vê-se.
Vê-se que é o absoluto; vê-se que comparado com Ele tudo é pó; vê-se que Ele é a Vida. Tal como as estrelas se apagam quando cai o Sol, assim ocorre com todas as sabedorias e todas as escolas. Senhor, a quem iríamos? Tu tens palavras de vida eterna.
(j. leclerq, Treinta Meditaciones sobre la Vida Cristiana, nr. 53-54)
Pequena agenda do cristão
Sábado
(Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Honrar a
Santíssima Virgem.
A
minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu
Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me
chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim
maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração
sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos
do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos
despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua
misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.
Lembrar-me: Santíssima
Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.
Minha
querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e
que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua
excelsa pessoa.
Não
encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me
entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus.
Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial,
não me desviarei no caminho da salvação.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus
ontem?
|
Minha filha, o Senhor conta com a tua ajuda
– Minha filha, que formaste um lar, agrada-me
recordar-te que vós, as mulheres, – bem o sabes! – tendes muita fortaleza, que
sabeis envolver numa doçura especial, para que não se note. E, com essa
fortaleza, podeis fazer do marido e dos filhos instrumentos de Deus ou diabos.
Tu fá-los-ás sempre instrumentos de Deus: Nosso Senhor conta com a tua ajuda. (Forja, 690)
A mulher é chamada a levar à família, à
sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de característico, que lhe é próprio e
que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o
seu amor ao concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a
sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade... A feminilidade não é
autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não
a incorpora na própria vida.
Para cumprir essa missão, a mulher tem de desenvolver
a sua própria personalidade, sem se deixar levar por um ingénuo espírito de
imitação, que – em geral – a colocaria facilmente num plano de inferioridade e
deixaria irrealizadas as suas possibilidades mais originais. Se se formar bem,
com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho,
a missão para que se sente chamada, seja ela qual for. A sua vida e o seu
trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, tanto se
passa o dia dedicada ao marido e aos filhos, como se, tendo renunciado ao
matrimónio por alguma razão nobre, se entregou plenamente a outras tarefas.
Cada uma no seu próprio caminho, sendo fiel à sua vocação humana e divina, pode
realizar e realiza de facto a plenitude da personalidade feminina. Não
esqueçamos que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não só modelo, mas
também prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aparentemente
sem relevo. (Temas Actuais do Cristianismo,
87)
Uma mulher com preparação adequada deve ter a
possibilidade de encontrar aberto o caminho da vida pública, em todos os
níveis. Neste sentido, não se podem apontar tarefas específicas da mulher. Como
disse antes, o específico neste terreno não é dado tanto pela tarefa ou pelo
posto, como pelo modo de realizar esta função, pelos matizes que a sua condição
de mulher encontrará para a solução dos problemas com que se enfrente, e
inclusivamente pela descoberta e pela formulação destes problemas. (Temas Actuais do Cristianismo, 90)