Páginas

Amália Rodrigues e São Josemaria escrivá

O que têm em comum Amália Rodrigues e Josemaria Escrivá? À partida nada, mas… quis o destino que o dia 6 de Outubro fosse comum aos dois.

Nesse dia de 1999 falecia em Lisboa, Amália Rodrigues, a grande fadista, admirada e seguida por portugueses e amantes do fado dispersos por todo o mundo, durante muitos anos e até aos dias de hoje.

Nessa mesma data, mas em 2002 era canonizado na Praça de S. Pedro em Roma o sacerdote espanhol São Josemaria Escrivá, fundador da Opus Dei, instituição da Igreja que defende a santificação da vida quotidiana. Pois a São Josemaria Escrivá muito agradavam os fados de Amália e com certeza por ela terá intercedido na dimensão celestial.

Os dois manifestavam reciprocamente um respeito e uma admiração mútua, embora nunca se tivessem encontrado pessoalmente, e assim através de um artigo do "Jornal de Notícias" de Hugo de Azevedo, sacerdote e biógrafo do santo, conhecemos a seguinte história.

Em 1992, quando Amália soube, por um artigo de D. Alberto Cosme do Amaral, então bispo de Leiria-Fátima, que o Fundador da Opus Dei, recentemente beatificado, apreciava a sua voz e falara dela com afecto, comoveu-se e não resistiu a confirmar pessoalmente o que lera em “O Independente”.

Para isso Amália, assiste oportunamente, a uma missa em honra do então beato Josemaria Escrivá, que teve lugar em Fátima a 4 de Julho de 1992, e finda a cerimónia, dirige-se a D. Alberto do Amaral para lhe perguntar pormenores da conversa a que se referira no artigo do "Independente".

D. Alberto então confessa-lhe que um dia em Roma, durante uma visita em que os dois se encontraram, o então Monsenhor Josemaria Escrivá pedira a um colaborador que "pusesse" um disco de Amália, para que ele, D. Alberto, pudesse "matar saudades" e, depois de ouvir o fado com plena satisfação disse: " Que linda voz tem esta mulher! Temos que rezar por ela."

Nesse seu interesse pelo fado não se sabe se São Josemaria valorizava mais o gosto pela música ou o carinho por Portugal e pelos portugueses, que havia manifestado em anteriores ocasiões. Apaixonavam-no os cantos litúrgicos nas cerimónias religiosas, mas também a música popular e as canções de amor humano, que às vezes lhe serviam de tema de oração. Por isso é também lógico que expressasse emoção pelos fados de Amália. Sentimento que se reflectiu em espelho transcendente frente a Amália, que se comoveu ao aperceber-se nessa conversa que havia no céu um admirador que intercedia por ela.

Nessa conversa com o bispo D. Alberto, Amália e outras pessoas, sob o tecto de Fátima, desvaneceram uma dúvida apresentada pela fadista, pois esta tinha ouvido alguém dizer que a crueldade estava na natureza do homem. D. Alberto respondeu-lhe que de forma alguma, pois havia escutado do próprio Sã Josemaria que se Deus se fez Homem, foi para o amarmos humanamente, pois "só podemos ser divinos, se formos muito humanos", reafirmou citando uma frase que o santo havia dito muitas vezes em vida.

"Esta é uma “petite histoire”, mas revela bem a fina sensibilidade da grande fadista, a sua límpida simplicidade e a sua profunda humanidade", assim terminava o artigo de Hugo de Azevedo no Jornal de Noticias.

E com esta frase celebramos a recordação desta dupla efeméride, de Amália e São Josemaria Escrivá.


 INFORMAÇÕES MUITO BREVES [De vez em quando] 

Novíssimos: A Morte 12

O dia da Morte
William-Adolphe Bourgerau


O medo à morte e aos tormentos nada tem de culpa, mas antes de pena: é uma aflição das que Cristo veio para padecer e não para escapar. Nem se há-de chamar cobardia ao medo e à tortura e horror diante dos suplícios. Não obstante, fugir por medo à tortura ou à própria morte numa situação em que é necessário lutar, ou também, abandonar toda a esperança de vitória e entregar-se ao inimigo, isto, sem dúvida, é um crime grave na disciplina militar. Além disso, não importa quão perturbado e assustado pelo medo esteja o ânimo de um soldado; se apesar de tudo avança quando o manda o capitão, e marcha e luta e vence o inimigo, nenhum motivo tem para temer que aquele seu primeiro medo possa diminuir o prémio. De facto, deveria receber inclusivamente maior louvor, visto que teve de superar não só o exército inimigo, mas também o seu próprio temor; este último, com frequência, é mais difícil de vencer que o próprio inimigo.

(S. Tomás Moro, A Agonia de Cristo)

A nossa fortaleza é emprestada

Textos de S. Josemaria Escrivá

Não sejas frouxo, mole. – Já é tempo de repelires essa estranha compaixão que sentes por ti mesmo. (Caminho, 193)

Falávamos antes de luta. Mas a luta exige treino, uma alimentação adequada, uma terapêutica urgente em caso de doença, de contusões, de feridas. Os Sacramentos, medicina principal da Igreja, não são supérfluos: quando se abandonam voluntariamente, não é possível dar um passo no caminho por onde se segue Cristo. Necessitamos deles como da respiração, como da circulação do sangue, como da luz, para poder apreciar em qualquer instante o que o Senhor quer de nós.
A ascética do cristão exige fortaleza; e essa fortaleza encontra-a no Criador. Nós somos a obscuridade e Ele é resplendor claríssimo; somos a doença e Ele a saudável robustez; somos a escassez e Ele a infinita riqueza; somos a debilidade e Ele sustenta-nos, quia tu es, Deus, fortitudo mea, porque és sempre, ó meu Deus, a nossa fortaleza. Nada há nesta terra capaz de se opor ao brotar impaciente do Sangue redentor de Cristo. Mas a pequenez humana pode velar os olhos de modo a que não descortinem a grandeza divina. Daí a responsabilidade de todos os fiéis e especialmente dos que têm o ofício de dirigir – de servir – espiritualmente o Povo de Deus, de não fecharem as fontes da graça, de não se envergonharem da Cruz de Cristo. (Cristo que passa, 80)

© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet

Ditaduras

Hoje, graças a Deus, não vivemos sob ditaduras, mas existem formas subtis de ditadura: um conformismo que se torna obrigatório, pensar como todos pensam, agir como todos agem, e as subtis agressões contra a Igreja, ou até as menos subtis, demonstram que este conformismo pode realmente ser uma verdadeira ditadura. Para nós vale isto: deve-se obedecer mais a Deus do que aos homens. Mas isto supõe que conheçamos verdadeiramente a Deus e que deveras desejemos obedecer-lhe. Deus não é um pretexto para a própria vontade, mas é realmente Ele quem nos chama e nos convida, se for necessário, até ao martírio. Por isso, confrontados com esta palavra que dá início a uma nova história de liberdade no mundo, oremos sobretudo para conhecer Deus, para conhecer humilde e verdadeiramente Deus e, conhecendo a Deus, para aprender a verdadeira obediência que é o fundamento da liberdade humana. 

(BENTO XVI, Homilia na Missa com os membros da Pontifícia Comissão Bíblica, 2010.04.15)

Oração mental

Não deixeis nunca a oração mental (…) Quando uma alma começa a pensar que não sabe fazer oração, que o que nos ensina o Padre é muito difícil, que o Senhor não lhe diz nada, que não o ouve, e ocorre-lhe: pois para estar assim, deixo tudo, e fico-me com as orações vocais, tem uma má intenção.
Não, meus filhos! Há que perseverar na meditação. Essas queixas, fá-las ao Senhor nos teus momentos de oração; e, se necessário, repete-lhe durante meia hora a mesma jaculatória: Jesus, amo-te; Jesus ensina-me a querer aos outros por Ti…
Persevera assim, um dia e outra, um mês, um ano, outro ano, e não final o Senhor te dirá: Tonto, se estava contigo, a teu lado, desde o princípio! 

(Tertúlia, Setembro 1973) 

Evangelho do dia e comentário


Perante a vinda eminente do Senhor, os homens devem dispor-se interiormente, fazer penitência dos seus pecados, rectificar a sua vida para receber a graça especial divina que traz o Messias. Tudo isso significa esse aplanar os montes, rectificar e suavizar os caminhos de que fala o Baptista. (...) A Igreja na sua liturgia do Advento anuncia-nos todos os anos a vinda de Jesus Cristo, Salvador nosso, e exorta cada cristão a essa purificação da sua alma mediante uma renovada conversão interior[i]

1ª Segunda-Feira do Advento 28 de Novembro
Evangelho: Mt 8, 5-11

5 Tendo entrado em Cafarnaum, aproximou-se d'Ele um centurião, e fez-Lhe uma súplica, 6 dizendo: «Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico e sofre muito». 7 Jesus disse-lhe: «Eu irei e o curarei». 8 Mas o centurião, respondeu: «Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa; diz, porém, uma só palavra, e o meu servo será curado. 9 Pois também eu sou um homem sujeito a outro, mas tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: “Vai”, e ele vai; e a outro: “Vem”, e ele vem; e ao meu servo: “Faz isto”, e ele o faz». 10 Jesus, ouvindo estas palavras, admirou-Se, e disse para os que O seguiam: «Em verdade vos digo: Não achei fé tão grande em Israel. 11 Digo-vos, pois, que virão muitos do Oriente e do Ocidente, e se sentarão com Abraão, Isaac e Jacob no Reino dos Céus,

Comentário:

Ficaram para sempre as palavras do Centurião. Sempre que se nos apresenta a Hóstia Consagrada é o que repetimos antes de a receber na nossa alma em graça.

É uma manifestação de Fé que o Senhor não deixa passar sem elogiar e admirar.

Convém, quando a repetirmos, termos os mesmos sentimentos que o Centurião, profundamente convictos do nada que somos ante tão grande benefício:

Receber o Criador e Senhor de todas as coisas na nossa humilde morada!

(ama, comentário sobre Mt 8, 5-11, 2011.10.20)

Ideais

É bom ter ideais?


Os ideais são convenientes para dar à vida o ânimo de procurar metas valiosas. 


Sem ilusões a vida pode ser mais cómoda, mas menos atraente. 


Se não há ideais é sinal de que não há amor, e uma vida sem amor é menos feliz.







Ideasrapidas, trad ama

Criar necessidades

Reflectindo

Um pretendentes a um emprego ouviu do gerente da fábrica de bolachas: “O senhor, se quiser o lugar, tem um ano para vender bolachas, pelo menos, a um milhão de jovens para que as consumam, diariamente, da parte da manhã. “Mas o que têm as bolachas de especial, perguntou, são estaladiças, têm um sabor novo, apelativo?” “Não senhor. São bolachas iguais às outras.” “Mas então…como garantir que os jovens as comam e da parte da manhã?!” “Isso não sei, mas, o seu trabalho é exactamente criar esse hábito.”

(Citado por p. manuel martinez, recolecção, Porto, 2007.08.26)

Tratado De Deo Trino 23

Questão 32: Do conhecimento das pessoas divinas.

Em seguida devemos tratar do conhecimento das Pessoas divinas. E nesta questão discutem-se quatro artigos:

Art. 1 — Se podemos conhecer a Trindade das Pessoas divinas pela razão natural.
Art. 1 — Se podemos conhecer a Trindade das Pessoas divinas pela razão natural.
(I Sent., dist. III, q. 1, a. 4; De Verit., q. 10, a. 13; in Boet. De Trin., q. 1, a. 4; ad Rom., cap. I, lect. VI).

O primeiro discute-se assim. — Parece que a Trindade das divinas Pessoas pode ser conhecida pela razão natural.

— Pois, os filósofos não chegaram ao conhecimento de Deus senão pela razão natural. Ora, disseram muitas coisas sobre a Trindade das Pessoas. — Assim, diz Aristóteles: Com este número ternário, aplicamo-nos a magnificar o Deus uno, superior às propriedades das coisas criadas [1]. — E Agostinho também diz: Aí li (nos livros dos Platónicos), não certamente com estas palavras, mas exactamente com este sentido, que no princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e Deus era o Verbo, e o mais que se segue; ora, tais palavras ensinam a distinção das Pessoas divinas. — E por sua vez diz a Glosa [2], que os magos do Faraó erraram no terceiro sinal, a saber, no conhecimento da terceira Pessoa, i. e, o Espírito Santo; e portanto conheceram pelo menos duas. — E enfim o Trimegisto diz: A mónada gerou a mónada, e em si reflectiu o seu ardor [3]; por onde declara a geração do Filho e a processão do Espírito Santo. Logo, podemos ter conhecimento das Pessoas divinas, pela razão natural.

Demais. — Ricardo de S. Vitor diz: Creio sem dúvida que a qualquer explanação da verdade não somente não faltam os argumentos prováveis, mas, nem os necessários [4]. Donde, as razões para provar a Trindade das Pessoas alguns as foram buscar no infinito da bondade divina, que a si mesma infinitamente se comunica, na processão das divinas Pessoas. Outros, porém, foram-nas buscar no fato de não poder ser agradável a posse de nenhum bem, sem a co-participação de outrem [5]. Porém Agostinho, para manifestar a Trindade das Pessoas, parte da processão do verbo e do amor em a nossa mente [6]; e essa via nós a seguimos no que antes dissemos. Logo, pela razão natural pode ser conhecida a Trindade das Pessoas.

Demais. — É supérfluo revelar ao homem o que ele não pode conhecer pela sua razão. Ora, não se pode dizer, que a revelação divina, quanto ao conhecimento da Trindade, seja supérflua. Logo, a Trindade das Pessoas pode ser conhecida pela razão humana.

Mas, em contrário, Hilário: Não pense o homem poder alcançar com a inteligência o sacramento da geração [7]. E Ambrósio: É impossível conhecer o segredo da geração: a mente falha, a palavra emudece [8]. Ora, pela origem da geração e da processão se distingue a Trindade das Pessoas divinas, como do sobredito resulta [9]. Logo, como o homem não pode saber e alcançar com a inteligência aquilo de que não pode obter a razão necessária, segue-se que a Trindade das Pessoas não pode ser pela razão conhecida.


É impossível chegar, pela razão natural, ao conhecimento da Trindade das Pessoas divinas. Pois, já demonstramos [10], que o homem, pela razão natural, não pode chegar ao conhecimento de Deus, a não ser pelas criaturas. Ora, estas levam ao conhecimento daquele como o efeito, ao da causa. Donde, podemos conhecer, de Deus, pela razão natural, o que necessariamente lhe convém como princípio de todos os seres; e este fundamento já usamos [11] quando tratamos de Deus. Mas, sendo comum a toda a Trindade, a virtude criadora de Deus pertence à unidade da essência e não à distinção das Pessoas. Logo, pela razão natural podemos conhecer o que pertence à unidade essencial de Deus e não, o concernente à distinção das Pessoas.

E quem pretender provar a Trindade das Pessoas pela razão natural, duplamente irá de encontro à fé. — Primeiro, quanto à dignidade mesma desta, cujo objecto são as realidades invisíveis, sobre excedentes à razão humana. Donde o dizer o Apóstolo (Hb 11, 1): A fé se refere às coisas que não aparecem; e noutro lugar (1 Cor 2, 6): Entre os perfeitos falamos da sabedoria; não porém da sabedoria deste século nem da dos príncipes deste século; mas falamos da sabedoria de Deus, em mistério, que está encoberta. — Segundo, quanto à utilidade de atrair os outros à fé. Pois quando, para provar a fé, apresentamos razões não necessitantes, caímos na irrisão dos infiéis, crentes que nos apoiamos em tais razões para crermos.

Logo, não devemos tentar provar as verdades da fé senão com autoridades, para os que as admitem. Para os outros, porém, basta pro¬var não ser impossível o que a fé ensina. Daí o dizer Dionísio: Quem recusa totalmente as Sagradas Letras longe estará da nossa filo¬sofia; mas com quem admitir a verdade das Sangradas Escrituras também nós usaremos da mesma regra [12].

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Os filósofos não conheceram o mistério da Trindade das divinas Pessoas, pelas suas propriedades, que são a paternidade, a filiação e a processão, segundo aquilo do Apóstolo (1 Cor 2, 6): Falamos da sabedoria de Deus, a qual nenhum dos príncipes deste século conheceu, i. e, dos filósofos, segundo a Glosa. Conheceram porém eles alguns atributos essenciais próprios às Pessoas, como o poder, ao Pai, a sabedoria, ao Filho, a bondade, ao Espírito Santo, como a seguir se verá [13] — Quanto ao dito de Aristóteles — Com este número aplicamo-nos etc., não devemos entendê-lo como introduzindo o número ternário, em Deus, mas como significando que os antigos usavam este número nos sacrifícios e nas orações, por causa de certa perfeição que ele encerra. — Também nos livros dos Platónicos se lê — No princípio era o Verbo — não que o Verbo signifique a pessoa gerada em Deus, mas enquanto que por tal palavra se entende a razão ideal das coisas, própria ao Filho, pela qual Deus as criou a todas. — E embora conhecessem as propriedades das três Pessoas, diz-se contudo que erraram no terceiro sinal, i. e, no conhecimento da terceira Pessoa, transviando-se quanto à bondade, própria do Espírito Santo, pois, conhecendo-o como Deus, não o glorificaram como Deus, segundo diz o Apóstolo (Rm 1, 21). Ou porque, admitindo os Platónicos um ser primeiro, a que chamavam o pai de toda a universalidade das coisas, consequentemente admitiam outra substância inferior a ele, a que denominavam mente ou intelecto paterno, que encerrava as razões de todas as coisas, como o expõe Macróbio no Sonho de Cipião [14]. Mas não admitiam nenhuma terceira substância separada correspondente ao Espírito Santo. Assim também nós não admitimos o Pai e o Filho, diferentes pela substância, erro de Orígenes [15] e de Ário, discípulos neste ponto dos Platónicos. — Quanto ao dito de Trimegisto — A mónada gerou a mónada e em si reflectiu o seu ardor, não devemos referi-lo à geração do Filho nem à processão do Espírito Santo, mas à produção do mundo; pois, um só Deus produziu um mundo, por amor de si mesmo.

RESPOSTA À SEGUNDA. — De duplo modo podemos dar a razão de uma coisa. De um modo, para lhe provar suficientemente o fundamento; assim, nas ciências da natureza damos a razão suficiente para provar que o movimento do céu é sempre de velocidade, uniforme. De outro modo, damos, não a razão que lhe prove suficientemente o fundamento, mas a explicativa da congruência desse fundamento já estabelecido, com os efeitos dele resultantes. Assim, a astrologia dá a razão dos excêntricos e dos epiciclos, mostrando que, admitido esse fundamento, podem-se explicar as aparências sensíveis dos movimentos celestes, sem ser contudo essa razão suficientemente probante; pois talvez, admitida outra opinião, as referidas aparências se pudessem explicar. Por onde, do primeiro modo, podemos dar a razão para provar a unidade de Deus e outros semelhantes atributos. Mas, ao segundo modo pertencem as razões dadas para manifestar a Trindade; a saber, que esta admitida, são tais razões congruentes, embora não provem suficientemente a Trindade das Pessoas. E isto mesmo se evidencia, em particular. — Assim, a bondade infinita de Deus se manifesta também na produção das criaturas; porque só um poder infinito é capaz de produzir do nada; mas necessário não é, de comunicar-se Deus com infinita bondade, que dele proceda um ser infinito, senão que cada ser deve receber a divina bondade segundo o seu modo. E semelhantemente, o dito — sem a co-participação de outrem não pode ser agradável a posse de nenhum bem — se aplica a uma pessoa que, não possuindo a bondade perfeita, precisa, para ter a plena bondade do prazer, do bem de outro ser que lhe esteja unido. — Quanto à semelhança do nosso intelecto, ela nada prova, suficientemente, de Deus, pois o intelecto não existe univocamente em Deus e em nós. — Donde vem o dizer Agostinho [16], que pela fé chegamos ao conhecimento, mas não inversamente.

RESPOSTA À TERCEIRA. — O conhecimento das divinas Pessoas nos é necessário duplamente. — Primeiro, para pensarmos rectamente da criação das coisas; pois, dizendo que Deus as fez todas pelo seu Verbo, excluímos o erro dos que ensinam que Deus as produziu por necessidade de natureza. Introduzindo a processão do Amor, mostramos que Deus não produziu as criaturas por precisar delas ou por qualquer outra causa extrínseca, mas pelo amor da sua bondade. Por isso Moisés, depois de ter dito — No princípio criou Deus o céu e  a terra — acrescenta — Disse Deus: Faça-se a luz — para manifestar o Verbo divino; e em seguida: — E viu Deus que a luz era boa — para mostrar a aprovação do divino Amor; e semelhantemente nas outras obras. — Segundo e mais principalmente, para pensarmos rectamente sobre a salvação do género humano, levada a cabo pelo Filho encarnado e pelo dom do Espírito Santo.

SÃO TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica,




[1] I de Caelo et mundo, c. 1.
[2] De Rm 1; Ex 8, 19.
[3] Libri XXIV Phil. Prop. 1.
[4] De Trin., lib. I, c. 4.
[5] Seneca, epist. 6.
[6] De Trin., l. IX, c. 4 sqq.
[7] II de Trin., num. 9.
[8] De fide, lib. I, c. 1.
[9] Q. 30, a. 2.
[10] Q. 12, a. 4, 11, 12.
[11] Q. 12, a. 12.
[12] De div. nom., cap. 2.
[13] Q. 39, a. 7.
[14] Lib. I, c. 2, 6.
[15] Super Ioannis 1, 1, “et Deus erat Verbum”.
[16] Super Ioan., tract. XXVII, n. 7.

Música e entretenimento

Victor Borge Hands off! 


The funniest night at opera you could get