jma, 2011.08.14
Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
Páginas
▼
14/08/2011
TEXTOS DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
O mundo espera-nos. Sim! Amamos apaixonadamente este mundo, porque Deus assim no-lo ensinou: "sic Deus dilexit mundum...", Deus amou assim o mundo; e porque é o lugar do nosso campo de batalha – uma formosíssima guerra de caridade – para que todos alcancemos a paz que Cristo veio instaurar. (Sulco, 290)
Tenho ensinado constantemente com palavras da Sagrada Escritura: o mundo não é mau porque saiu das mãos de Deus, porque é uma criatura Sua, porque Iavé olhou para ele e viu que era bom [Cfr. Gen. 1, 7 e ss.]. Nós, os homens, é que o tornamos mau e feio, com os nossos pecados e as nossas infidelidades. Não duvideis, meus filhos: qualquer forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.
Pelo contrário, deveis compreender agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir.
Eu costumava dizer àqueles universitários e àqueles operários que vinham ter comigo por volta de 1930 que tinham que saber materializar a vida espiritual. Queria afastá-los assim da tentação, tão frequente então como agora, de viver uma vida dupla: a vida interior, a vida de relação com Deus, por um lado; e por outro, diferente e separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas.
Não, meus filhos! Não pode haver uma vida dupla; se queremos ser cristãos, não podemos ser esquizofrénicos. Há uma única vida, feita de carne e espírito, e essa é que tem de ser - na alma e no corpo - santa e cheia de Deus, deste Deus invisível que encontramos nas coisas mais visíveis e materiais.
Não há outro caminho, meus filhos: ou sabemos encontrar Nosso Senhor na nossa vida corrente ou nunca O encontraremos Por isso posso dizer-vos que a nossa época precisa de restituir à matéria e às situações que parecem mais vulgares o seu sentido nobre e original, colocá-las ao serviço do Reino de Deus, espiritualizá-las, fazendo delas o meio e a ocasião do nosso encontro permanente com Jesus Cristo. (Temas Actuais do Cristianismo, 114)
© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet
Ginkgo (Afonso Cabral)
Navegando pela minha cidade
|
Um conhecedor afirma que em Portugal não se encontra outro Ginkgo com esta altura (cerca de quarenta metros) e perímetro (cerca de quatro metros e meio) sendo muito plausível que seja proveniente de uma semente trazida do Japão no século XVII. Tem por isso mais de duzentos anos.
A virtude da humildade “na prática, leva-nos a reconhecer a nossa inferioridade, a nossa pequenez e indigência perante Deus”[1]. De certa forma esta árvore também.
As suas raízes enterram-se bem fundo na terra agarrando-se a enormes blocos de granito que qualquer escavação no Porto revela. Ou seja, a segurança e o crescimento deste Ginkgo está nas suas raízes enterradas na terra, no húmus que é a raiz da palavra humildade.
A grande Teresa de Ávila disse que a humildade era caminhar na verdade. Mas, o que é a verdade? Perguntou um gestor público do Império Romano que, não a conseguindo reconhecer à sua frente a crucificou.
Temos também que quando um orgulhoso se humilha, orgulha-se da sua humildade. Assim sendo, a humildade é a árvore ou a sua sombra? De facto a Verdade sempre se revelou paradoxalmente sendo que um paradoxo é o oposto daquilo que se pensa ser a verdade.
Assim - na mesma paradoxalidade - quando sou pequeno é que sou grande e quando sou pobre é que sou rico. Quando morro é que vivo.
O Ginkgo é considerado um fóssil vivo. Os registos fósseis indicam-na como a árvore mais antiga existente no planeta. Talvez seja por essa razão de resistência à adversidade e ao tempo que a fez ter sido a primeira árvore a brotar após a destruição provocada pela bomba atómica em Hiroshima.
Também para a Verdade não há tempo, mas um eterno agora, apesar dos fariseus de todos os tempos o negarem.
E que mistério intemporal predispôs que o melhor local para se admirar este antigo e magnificente Ginkgo seja do Passeio das Virtudes que já foi o Jazigo dos Judeus por a comunidade judaica ter tido aí o seu cemitério?
O Ginkgo é uma árvore de folha caduca e no Outono fica da cor do ouro. É então, na véspera sua morte cíclica, que ele se revela em todo o seu esplendor e sublime beleza.
Todas aquelas folhas que parecem pequenos leques verdes a abanarem ao vento passam a ser amarelas, da cor que os antigos egípcios associavam à eternidade por ser a cor do sol e do ouro.
Por isto tudo, numa suave tarde de Outubro irei lá, para ver a humildade feita árvore. Ou então, na noite do dia 12 do mesmo mês porque haverá luar e o luar, segundo Teixeira de Pacoaes, é a luz do sol vestida de humildade[2].
Afonso Cabral
[1] Francisco F. Carvajal – FALAR COM DEUS 4 – QUADRANTE – São Paulo – pág, 260
[2] Teixeira de Pascoaes – Vida Etérea - Pensamentos, VIII
Tema para breve reflexão
Deus não me ama nunca tanto como quando me envia um sofrimento.
(j. tissot, La Vida Interior, Herder, 16ª Ed. Barcelona, 1964, nr. 293, trad ama)
Evangelho do dia e comentário
S Maximiliano Maria Kolbe [i]
21 Partindo dali, Jesus retirou-Se para a região de Tiro e de Sidónia. 22 E eis que uma mulher cananeia, que viera daqueles arredores, gritou: «Senhor, Filho de David, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada pelo demónio». 23 Ele, porém, não lhe respondeu palavra. Aproximando-se Seus discípulos, pediram-Lhe: «Despede-a, porque vem gritando atrás de nós». 24 Ele respondeu: «Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». 25 Ela, porém, veio e prostrou-se diante d'Ele, dizendo: «Senhor, valei-me». 26 Ele respondeu: «Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães». 27 Ela replicou: «Assim é, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos». 28 Então Jesus disse-lhe: «Ó mulher, grande é a tua fé! Seja-te feito como queres». E, desde aquela hora, a sua filha ficou curada.
Comentário:
A oração da Cananeia é perfeita: reconhece Jesus como Messias (Filho de David) perante a incredulidade dos judeus, expõe a sua necessidade com palavras claras e simples, insiste sem desanimar diante dos obstáculos e exprime humildemente a sua petição: tem compaixão de mim.
A nossa oração também deve ir acompanhada destas qualidades: fé, confiança, perseverança e humildade.
O diálogo é de uma beleza incomparável. Com aparente rudeza Jesus consegue assegurar a fé da Cananeia, que chega a merecer um dos maiores elogios que saíram da boca de Jesus: «è grande a tua fé!”.
(bsun, comentários a Mt 15, 21-26)
[i] São Maximiliano Kolbe nascido Rajmund Kolbe, O.F.M. Conv. (Zduńska Wola (Polónia), 8 de Janeiro de 1894 – Auschwitz, 14 de Agosto de 1941), foi um frade franciscano da Polónia que se voluntariou para morrer de fome em lugar de um pai de família no campo de concentração nazi de Auschwitz, como castigo pela fuga de um prisioneiro.
Franciscano desde 1907, fundou em 16 de Outubro de 1917 a Milícia da Imaculada, associação destinada ao apostolado católico e mariano. Instalou uma tipografia católica e editou a revista mariana "Cavaleiro da Imaculada" que alcançou a tiragem de um milhão de exemplares. Chegou a instalar uma emissora de rádio e a estender suas actividades apostólicas até o Japão: entre 1930 e 1936 foi missionário em Nagasaki.
Durante a Segunda Guerra Mundial deu abrigo a muitos refugiados, incluindo cerca de 2000 judeus. Em 17 de Fevereiro de 1941 é preso pela Gestapo, já que os nazistas temiam a sua influência na Polónia. É transferido para Auschwitz em 25 de Maio como prisioneiro #16670.
Em Julho de 1941, um homem do bunker de Kolbe foge e como represália, os nazis enviam para uma cela isolada 10 outros prisioneiros para morrer de fome e sede (o prisioneiro fugitivo é mais tarde encontrado morto, afogado numa latrina). Um dos dez lamenta-se pela família que deixa, dizendo que tinha mulher e filhos, e Kolbe pede para tomar o seu lugar. O pedido é aceite. Na realidade, o Padre Kolbe aceitava o martírio para praticar heroicamente seu munus sacerdotal, dando assistência religiosa e ajudando a morrer virtuosamente aqueles pobres condenados. Duas semanas depois, só quatro dos dez homens sobrevivem, incluindo Kolbe. Os nazis decidem então executá-los com uma injecção de ácido carbólico.
Foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 10 de Outubro de 1982, na presença de Franciszek Gajowniczek, o homem cujo lugar tomou e que sobreviveu aos horrores de Auschwitz.