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17/03/2011

Crise

Observando

Tempos negros de crise profunda

Mergulhada num ritual

De suspiros e lamentações

Numa alterosa vaga que inunda

O enorme estendal

De sacrifícios e privações.

Não chega, não basta

Nem estultos esforços chegam

Para resolver a questão

Que demora e se arrasta

Na atitude dos que se negam

Só sabendo dizer que não.

Que isto não fica assim

Todos sabemos de cor

E vimos os contornos do quadro

Há-de bater no fundo e assim

Num último rito de dor

A procissão passará do adro

E será então o fim!


AMA, 2011.01.21

EU, PADRE, CASADO ME CONFESSO…


Anda por aí um burburinho dos diabos, à conta de uma declaração de uma centena e meia de teólogos alemães que, há falta de um tema mais original, decidiram questionar o celibato sacerdotal. É, juntamente com o famigerado sacerdócio feminino, uma insistente proposta de alguns grupos de católicos pouco ortodoxos que, se me permitem a charada ecuménica, de tão reivindicativos dir-se-ia que são protestantes.

Não obstante alguns contornos mais caricatos, a questão é séria e merece alguma reflexão. Depois de uma etapa fundacional em que, à imagem de Cristo, os apóstolos e outros, como São Paulo, se mantiveram célibes “pelo reino dos Céus”, vieram tempos em que os presbíteros podiam ser casados. Contudo, tendo em conta os resultados dessa primitiva experiência, entendeu-se preferível retomar a tradição evangélica, repondo o celibato sacerdotal na Igreja Católica latina. Portanto, um eventual regresso à anterior situação representaria, em termos históricos, um retrocesso, ainda que disfarçado de revolucionária novidade e, o que é pior, um afastamento em relação ao exemplo de Cristo, que é o modelo e a razão do sacerdócio eclesial.

Há, sobre esta matéria, um duplo equívoco, que importa esclarecer.

O primeiro decorre da suposição de que só há amor quando há uma vida sexual activa e, portanto, a imposição do celibato implica a frustração emocional do padre que, entregue à sua própria solidão, fica assim mais exposto às fraquezas da humana condição. Já São Paulo advertira: mais vale casar-se do que abrasar-se. É certo. Porém, o sacerdote não é um homem sem amor, muito embora a sua realização afectiva não tenha expressão sexual. Um presbítero que não ame, que não esteja apaixonado, é certamente um ser vulnerável e fragilizado, não por ser padre, mas precisamente por o não saber ser.

Com efeito, o ministério sacerdotal não se reduz a uma função burocrática, em cujo caso o celibato não faria sentido, mas antes se realiza naquele “amor maior” de que Jesus Cristo é o perfeito exemplo. E é bom recordar que o Verbo encarnado não é
apenas Deus perfeito, mas também perfeito homem, pelo que a sua circunstância celibatária não só não foi óbice como condição para essa plena realização da sua natureza humana.

Outro lapso é supor que os padres da Igreja Católica são solteiros, o que manifestamente não corresponde à realidade. Saulo de Tarso, quando disserta sobre a grandeza do sacramento do matrimónio, refere-o a Cristo e à sua Igreja, por entender
que esta aliança é de natureza nupcial. Por isso, o sacerdote católico, configurado com Cristo pela graça da sua ordenação, “casa” com a Igreja, que é a sua esposa, não apenas mística mas também real e existencial, na medida em que lhe exige uma entrega exclusiva e total.

Há tempos ouvi na rádio uma conhecida balada, em que se repetia um refrão que é aplicável ao celibato sacerdotal: “eu não sou de ninguém, eu sou de todo o mundo e todo o mundo me quer bem”. Nem mais: para ser de todos e para todos é preciso não ser de ninguém em particular. É o que também me dizia um amigo quando, dando-me as Boas Festas, desejava felicidades para a minha família que, acrescentava com inspirada eloquência, “somos todos nós”.

Mas há mais. Os inimigos do celibato sacerdotal obrigatório são muito mais generosos do que se pensa pois, não satisfeitos com dar uma mulher aos padres, querem dar-lhes duas: a esposa e … a sogra!

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

TEXTOS DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

2011/03/17


“Sabendo-me pescador de homens... não pesco?”


O Senhor quer de ti um apostolado concreto, como o da pesca daqueles cento e cinquenta e três grandes peixes apanhados à direita da barca, e não outros. E perguntas-me: "Como é que, sabendo-me pescador de homens, vivendo em contacto com muitos companheiros e podendo discernir a quem deve ser dirigido o meu apostolado específico, afinal não pesco?... Falta-me amor? Falta-me vida interior?". Escuta a resposta dos lábios de Pedro, naquela outra pesca milagrosa: – "Mestre, cansámo-nos de trabalhar toda a noite, e não apanhámos nada; apesar disso, sob a Tua palavra, lançarei a rede". Em nome de Jesus, começa de novo. Revigorado. – Fora com essa moleza! (Sulco, 377)

O apostolado, essa ânsia que vibra no íntimo do cristão, não é coisa separada da vida de todos os dias; confunde-se com o próprio trabalho, convertido em ocasião de encontro pessoal com Cristo. Nesse trabalho, ombro a ombro com os nossos colegas, com os nossos amigos, com os nossos parentes, lutando pelos mesmos interesses, podemos ajudá-los a chegar a Cristo, que nos espera na margem do lago... Antes de ser apóstolo, pescador. Também, pescador depois de ser apóstolo. Antes e depois, a mesma profissão. (…)

Passa ao lado dos seus Apóstolos, junto daquelas almas que se lhe entregaram... E eles não se dão conta disso!. (…)Lançai a rede para o lado direito da barca e encontrareis. Lançaram a rede e já não a podiam tirar por causa da grande quantidade de peixes. Agora compreendem. Recordam o que tinham ouvido tantas vezes dos lábios do Mestre: pescadores de homens, apóstolos!... E compreendem que tudo é possível, porque é Ele quem dirige a pesca. (…)

Os outros discípulos foram com a barca, porque não estavam distantes de terra, senão duzentos côvados, tirando a rede cheia de peixes. Em seguida põem a pesca aos pés do Senhor, porque é sua, para que aprendamos que as almas são de Deus, que ninguém nesta terra pode atribuir a si mesmo essa propriedade, que o apostolado da Igreja – a palavra e a realidade da salvação – não se baseia no prestígio de algumas pessoas, mas na graça divina.
(Amigos de Deus, nn. 264–267).

© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet

Diálogos apostólicos

Diálogos


Sabes...falar de santidade não é coisa de agora.

Há mais de dois mil anos, Jesus falou-nos nela ao dizer-nos «sede santos como o vosso Pai do Céu é santo».

Portanto, já vês, a santidade pessoal não é “invenção” nem da Igreja nem dos autores espirituais, mas um mandato – claríssimo – do próprio Cristo.

AMA, 2011.03.17

Temas para a Quaresma - 9


Tempo de Quaresma

Continuação

Porque o espírito é fundamental?


Porque, como já seguramente concluíramos no exame prévio, as faltas praticadas devem “doer-nos” no verdadeiro sentido do termo.

Tratando-se de ofensas feitas a Deus, que não as merece, arrependemo-nos de as ter praticado e, de facto, sentimos dor por isso.

ama, 2011.03.17

cont./

Pensamentos inspirados

À procura de Deus



Se eu fosse um espelho, reflectiria Deus?

Se sim, estou no bom caminho!

Se não, é porque apenas me procuro a mim próprio!


jma, 2011.03.17

Tema para breve reflexão - Fiéis e leigos

Reflectindo





Todos os fiéis, desde o Papa ao último baptizado, participam da mesma vocação, da mesma fé, do mesmo Espírito, da mesma graça.













(A. Del Portillo, Fieles y laicos en la Iglesia, EUNSA, 1ª ed., Pamplona 1969, p. 38, trad ama)

Evangelho do dia e comentário

Quaresma - I Semana

EvangelhoMt 7, 7-12

7 «Pedi, e vos será dado; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 8 Porque todo aquele que pede, recebe, e quem busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-á. 9 Qual de vós dará uma pedra a seu filho, quando este lhe pede pão? 10 Ou se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? 11 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celeste dará coisas boas aos que lhas pedirem. 12 «Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; esta é a Lei e os Profetas.
Comentário:

Com palavras humanas – não posso empregar outras -, diria que o resumo que Jesus faz da Lei e dos Profetas, é muito simples e muitíssimo lógico.
Mas…essa simplicidade e essa lógica tornam o seu cumprimento fácil?
A resposta, sincera e meditada é: Não!
O “segredo”, a “chave” é-nos dada pelo mesmo Jesus Cristo: «Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celeste dará coisas boas aos que lhas pedirem.»
É, pois, consolador saber que, não obstante a nossa maldade, Deus nos dará o que necessitamos, bastando para tal, que Lho peçamos.
(ama, comentário sobre Mt 7, 7-12, 2011.02.04)