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07/02/2011

Irmã Maria Clara do Menino Jesus - Beatificação a 21 de Maio


Duc in altum

Está marcada para 21 de Maio a beatificação da Irmã Maria Clara do Menino Jesus, segundo anunciou hoje a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (CONFHIC), ordem que a religiosa fundou.
A beatificação era já um dado adquirido desde que o Papa assinou o decreto de aprovação do milagre atribuído à intercessão de Maria Clara do Menino Jesus, no passado mês de Dezembro.

  • A cerimónia realizar-se-á no Estádio do Restelo, em Lisboa.
A CONFHIC espera uma grande adesão, não só de fiéis comuns, mas também de delegações dos 14 países onde a ordem está presente.

Nascida Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque, no seio de uma família nobre, a futura beata abraçou a vida religiosa numa altura particularmente conturbada, em que as ordens religiosas estavam proibidas em Portugal.
Dedicou todo o seu ministério a aliviar o sofrimento dos pobres tendo ganho fama de santidade já antes da sua morte, a 1 de Dezembro de 1889.


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Breve História da Humanidade 6

Observando
Continuação

A maioria, assim como a minoria, tinha essa forte sensação da presença de um segundo significado nas coisas, de um perito estranho que conhecia o segredo do mundo. Mas a maioria, a multidão ou massa humana, tendia naturalmente a tratar disso num espírito um pouco brincalhão. Como toda especulação, essas especulações continham boa parte de verdade e de falsidade. O mundo começou a contar para si mesmo fábulas sobre o ser desconhecido ou sobre os seus filhos, ou servos, ou mensageiros. Algumas das fábulas podem verdadeiramente ser chamadas de histórias de comadres, no sentido de que professam ser apenas histórias remotas do começo do mundo: mitos sobre o bebé lua ou as montanhas semi-assadas.

(G. K. Chesterton,  O Homem Eterno, Ed. Mundo Cristão, 1ª ed. colig. e adap. por ama)

Cont/

Diálogos apostólicos


Diálogos


Vá lá! Faz um esforço sério! 


Decide-te de uma vez!

Precisamente porque te falta decisão é que precisas de te exigires mais.



(ama, 2011.02.07)

ENTRE SEXO E GÉNERO

Observando


O que está em causa não é um aspecto secundário, mas referências culturais fundamentais relativas à dualidade sexual

* * *

Tem sido noticiada a proposta dos partidos de esquerda para que na redacção do artigo 13.º da Constituição da República, onde se consagra o princípio da igualdade e não discriminação e se faz referência ao sexo como um dos motivos de discriminação arbitrária, essa palavra seja substituída por género. Tornou-se corrente, na verdade, a expressão igualdade de género para designar algo que anteriormente era designado como igualdade entre sexos ou igualdade entre homem e mulher. Não se trata, no entanto, de uma simples e anódina actualização linguística. É bom alertar para o alcance ideológico da modificação: exigem-no a honestidade e transparência próprias de uma democracia autêntica. Uma questão fracturante está longe de merecer o consenso alargado próprio de um texto constitucional.

Estamos perante uma agenda de afirmação ideológica. Está em causa a afirmação da chamada ideologia do género (gender theory) e a sua tradução no plano legislativo. Parte esta teoria da distinção entre sexo e género. O sexo representa a condição natural e biológica da diferença física entre homem e mulher. O género representa uma construção histórico-cultural. Há apenas dois sexos: o masculino e o feminino. Há cinco géneros (ou até mais, de acordo com outras versões): o heterossexual masculino e feminino, o homossexual masculino e feminino e o bissexual. O sexo é um facto empírico, real e objectivo que se nos impõe desde o nascimento. A identidade de género constrói-se através de escolhas psicológicas individuais, expectativas sociais e hábitos culturais, e independentemente dos dados naturais. Para estas teorias, o género assim concebido deve sobrepor-se ao sexo assim concebido. E como o género é uma construção social, este pode ser desconstruído e reconstruído. As gender theories sustentam a irrelevância da diferença sexual na construção da identidade de género e, por consequência, também a irrelevância dessa diferença na relações interpessoais, nas uniões conjugais e na constituição da família. Daqui surge a equiparação entre uniões heterossexuais e uniões homossexuais. Ao modelo da família heterossexual sucedem-se vários tipos de "família", tantos quantas as preferências individuais e para além de qualquer "modelo" de referência.

É um novo paradigma antropológico, uma verdadeira "revolução cultural" que representa a ruptura com a matriz judaico-cristã da nossa cultura ("Homem e mulher os criou" - afirma o Génesis), mas também com um dado intuitivo da razão universal (A espécie humana não se divide entre heterossexual e homossexual, mas entre homens e mulheres - afirmou a propósito o político socialista francês Lionel Jospin).

Pretende-se impor esta ruptura desde cima, desde as instâncias do poder. Ela não surge espontaneamente da sociedade civil e da mentalidade corrente. Pretende-se transformar através da política e do direito essa mentalidade. E o que está em causa não é um aspecto secundário, mas referências culturais fundamentais relativas à relevância da dualidade sexual. Admitir que a Lei sirva propósitos destes, numa pretensa engenharia social, revela tendências mais próprias de um Estado totalitário do que de um Estado respeitador da autonomia da sociedade civil.

Pedro Vaz Patto

Juiz
Fonte: Público, Sábado, Fevereiro 05, 2011

LITURGIA DAS HORAS

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CAPITULO III

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
DA LITURGIA DAS HORAS

I. OS SALMOS
E A SUA RELAÇÃO COM A ORAÇÃO CRISTÃ

100. Na Liturgia das Horas, a Igreja utiliza, em grande parte, para sua oração aqueles belíssimos hinos que, sob a inspiração do Espírito Santo, foram compostos pelos autores sagrados do Antigo Testamento. Por sua própria origem, os salmos possuem, de facto, a virtude de elevar para Deus o espírito dos homens, de excitar neles santos e piedosos afectos, de os ajudar admiravelmente a dar graças na prosperidade, de os consolar e robustecer na adversidade.



101. Todavia, os salmos não encerram mais que uma sombra daquela plenitude dos tempos que se revelou em Cristo Senhor e da qual tira a oração da Igreja todo o seu valor. Por esse motivo, não admira que, apesar da elevada estima em que os salmos são tidos por todos os cristãos, surjam por vezes certas dificuldades quando alguém pretende fazer seus estes poemas venerandos, servindo-se deles para orar.



102. Porém, o Espírito Santo, que inspirou os salmistas a cantá-los, não deixa nunca de assistir com a sua graça aqueles que, animados de fé e boa vontade, salmodiam estes sagrados hinos. Além disso, é necessário que todos, na medida das suas forças, procurem «adquirir uma formação bíblica o mais rica possível, sobretudo quanto aos salmos»1, e aprendam também a maneira de fazer da salmodia sua oração pessoal.



103. Os salmos nem são leituras nem orações em prosa, mas poemas de louvor. Por isso, embora admitindo que às vezes tenham sido recitados em forma de leitura, todavia, dado o seu género literário, com razão são designados em hebraico pelo termo Tehillim, quer dizer, «cânticos de louvor”, e em grego psalmói, ou seja «cânticos acompanhados ao som do saltério». De facto, todos os salmos possuem um certo carácter musical, que determina o modo como devem ser executados. E assim, mesmo quando o salmo é recitado sem canto, ou até individualmente ou em silêncio, a sua recitação terá de conservar este carácter musical. Apresentando embora um texto ao nosso espírito, ele visa principalmente a excitar os corações dos que os salmodiam ou escutam, e mesmo dos que os acompanham «ao som do saltério e da cítara».



104. Aquele que salmodia sabiamente irá percorrendo versículo a versículo, meditando um após outro, de coração sempre pronto a responder como o quer o Espírito que inspirou o salmista e assistirá igualmente os homens piedosos que estão dispostos a receber a sua graça. Eis o motivo por que a salmodia, conquanto reclame a reverência devida à majestade divina, deve desenrolar-se na alegria do coração e doçura da caridade, como convém à poesia sacra e ao canto divino e sobretudo à liberdade dos filhos de Deus.



105. As palavras dos salmos ajudam-nos muitas vezes a orar com mais facilidade e fervor, quer dando graças e glorificando a Deus na exaltação, quer suplicando desde as profundezas da nossa angústia. Mas também pode por vezes acontecer — mormente quando o salmo não fala directamente a Deus — que surja uma ou outra dificuldade. É que o salmista, como poeta que é, umas vezes dirige-se ao povo a recordar-lhe a história de Israel; outras vezes, são outros que ele interpela, inclusive as próprias criaturas irracionais; outras ainda, introduz a falar Deus e os homens, ou até, como no salmo segundo, os próprios inimigos de Deus. Donde se infere que o salmo constitui um tipo de oração muito diferente de uma prece ou de uma colecta de composição eclesiástica. Além disso, a natureza poética e musical dos salmos não implica que se dirijam necessariamente a Deus, mas sim que sejam cantados na presença de Deus, como adverte S. Bento: «Consideremos a maneira como havemos de estar na presença da Divindade e dos seus Anjos; e, ao salmodiar, guardemos uma atitude tal que o nosso espírito concorde com a nossa voz»2.



106. Aquele que salmodia abre o coração aos sentimentos que o salmo inspira, consoante o género literário de cada um deles: canto de lamentação, de confiança, de acção de graças, etc., géneros a que os exegetas costumam dar justo relevo.



107. Atendo-se ao sentido literal dos salmos, aquele que os salmodia procurará relacionar o texto com a vida humana dos crentes. Cada salmo, como é sabido, foi composto em determinadas circunstâncias a que os próprios títulos do saltério hebraico fazem alusão. Seja qual for, porém, a sua origem histórica, cada salmo tem um sentido literal que, mesmo em nossos dias, não podemos menosprezar. E, se bem que estes poemas tenham nascido no Oriente, há muitos séculos, eles traduzem de forma adequada a dor e a esperança, a miséria e a confiança dos homens de todos os tempos e regiões; cantam sobretudo a fé em Deus, bem como a revelação e a redenção.



108. Na Liturgia das Horas, quem salmodia não o faz tanto em seu próprio nome como em nome de todo o Corpo Místico de Cristo, e até na pessoa do próprio Cristo. Se tivermos isto em conta, desaparecem as dificuldades que possam surgir para quem salmodia, caso os seus sentimentos íntimos se sintam em desacordo com os afectos expressos num salmo. Por exemplo: quando a uma pessoa triste e angustiada se depara um salmo de jubilação, ou, ao contrário, quando a alguém que se sente feliz aparece um salmo de lamentação. No caso da oração estritamente privada, esta discordância pode evitar-se, uma vez que pode escolher um salmo mais condizente com os sentimentos pessoais. No caso, porém, do Ofício divino, a salmodia não tem carácter privado, mesmo que alguém recite as Horas sozinho; o ciclo dos salmos, oficialmente estabelecido, é recitado em nome da Igreja. Ora, salmodiando em nome da Igreja, podem-se encontrar sempre motivos de alegria ou de tristeza, pois aqui tem aplicação a palavra do Apóstolo: «Alegrar-se com os que se alegram, chorar com os que choram» (Rom 12,1). Deste modo, a fragilidade humana, ferida pelo amor próprio,
recupera a saúde pela caridade que faz com que o espírito concorde com a voz de quem salmodia.3



109. Quem salmodia em nome da Igreja deverá captar o sentido pleno dos salmos, particularmente o sentido messiânico, pois foi este o que levou a Igreja a adoptar o Saltério. Este sentido messiânico aparece-nos em toda a sua clareza no Novo Testamento, e o próprio Cristo Senhor o apontou expressamente aos Apóstolos quando lhes disse: «É preciso que se cumpra tudo quanto está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos» (Lc 24,44). Exemplo conhecidíssimo deste sentido messiânico, temo-lo naquele diálogo referido por S. Mateus a respeito do Messias, Filho de David e seu Senhor,4 em que o salmo 109 é aplicado ao Messias. Nesta mesma ordem de ideias, os Santos Padres admitiram e explicaram todo o Saltério como profecia referente a Cristo e à Igreja. E é dentro deste mesmo critério que os salmos têm sido utilizados na sagrada Liturgia. E, se bem que, por vezes, se tenham aceitado interpretações algo retorcidas, no geral, é legítima a interpretação quer dos Santos Padres quer da Liturgia, que nos salmos ouviram Cristo a clamar ao Pai ou o Pai a dirigir-se ao Filho, ou reconhecem neles até a voz da Igreja, dos Apóstolos e dos Mártires. Este método de interpretação também floresceu durante a Idade Média. De facto, numerosos códices do Saltério escritos nesta época, no título anteposto a cada salmo era apontado, para uso dos que os rezavam, o sentido cristológico. Esta interpretação cristológica não se restringiu unicamente aos salmos considerados messiânicos, mas estendia-se a muitos outros casos, num sentido acomodatício é certo, mas aceite pela tradição da Igreja. Na salmodia dos dias festivos, de modo particular, foi o sentido cristológico que presidiu à escolha dos salmos. Este sentido é com frequência posto em relevo nas antífonas, tiradas dos mesmos salmos.





1 Conc. Vat. II, Const. sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum Concilium,
n. 90.
2 Regula monasteriorum, c. 19.
3 Cf. S. Bento, Regula monasteriorum, c. 19.
4 Mt 22, 44 ss.







Retirado do site do Secretariado Nacional de Liturgia
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Evangelho e comentário do dia

Tempo comum - V Semana


Evangelho: Jo 20, 24-29

24 Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 25 Os outros discípulos disseram-lhe: «Vimos o Senhor!». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas Suas mãos a abertura dos cravos, se não meter a minha mão no Seu lado, não acreditarei». 26 Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, colocou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». 27 Em seguida disse a Tomé: «Mete aqui o teu dedo e vê as Minhas mãos, aproxima também a tua mão e mete-a no Meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel!». 28 Respondeu-Lhe Tomé: «Meu Senhor e Meu Deus!». 29 Jesus disse-lhe: «Tu acreditaste, Tomé, porque Me viste; bem-aventurados os que acreditaram sem terem visto».

Meditação:

Também eu quero repetir, sem cessar, este brado de fé e vassalagem: MEU SENHOR E MEU DEUS!

Meu Senhor, porque sou Teu e te pertenço inteiramente e me ponho ao Teu serviço que é a única forma de salvação possível.

Meu Deus porque me criaste do nada e me deste futuro de eternidade.

Como último dos Teus vassalos Te Adoro e Venero com todas as minhas forças e potências. 

(ama, meditação sobre Jo 20, 24-29, 2009.07.03)

Festa das Cinco Chagas

Cinco Chagas de Cristo:





As cinco Chagas do Senhor


O culto das Cinco Chagas do Senhor, isto é, as feridas que Cristo recebeu na cruz e manifestou aos Apóstolos depois da ressurreição, foi sempre uma devoção muito viva entre os portugueses, desde os começos da nacionalidade. São disso testemunho a literatura religiosa e a onomástica referente a pessoas e instituições. Os Lusíadas sintetizam (I, 7) o simbolismo que tradicionalmente relaciona as armas da bandeira nacional com as Chagas de Cristo. Assim, os Romanos Pontífices, a partir de Bento XIV, concederam para Portugal uma festa particular, que ultimamente veio a ser fixada neste dia.



Devoção as Cinco Chagas Jesus Cristo

Memória Pessoal

Duc in altum

São duas da manhã e acabei de regressar de Fátima.

Assisti à procissão das velas e participei na Santa Missa e... senti o coração tão pequenino que me cabia na palma da mão.

Disse muitas coisas a Nossa Senhora, pedi por tantos e tantas mas, principalmente disse-lhe repetidamente: OBRIGADO!

Esta doce intimidade que tenho com Ela é, de facto, algo que, desde muito pequeno sinto de uma maneira tão forte que me parece que estou ali sozinho com Ela e falamos os dois, digo-lhe piropos: que está mais bonita que nunca, que o seu sorriso é mais doce... Enfim, conversas de ''tolinho'' que eu sei que Ela gosta muito de ouvir.

Depois vêm as recordações da meninice, dos meses de Setembro ali passados com os meus irmãos e começam a chegar-se ao meu lado o meu Pai, a minha Mãe vestida de servita, a bênção dos doentes, a que eu sempre assistia de cartão ao peito, que a leucemia de que me devastava o corpo franzino me autorizava a usar, uma quantidade de pessoas que passava por nossa casa e, no meio desta catadupa de memórias que incluem, os lanches no poço no quintal da casa da Senhora Olímpia e do Ti Marto, pais da Jacinta, (da cachopita, como ele lhe chamava), eu atrevo-me a pensar que ninguém daqueles muitos milhares de pessoas que ali estão, conhece Fátima como eu e fala com a Virgem como eu falo.

Sei que Ela sabe que estou ali só para a ver e dizer-lhe umas coisas que trago guardadas no fundo do coração e que só ali, em Fátima, lhe digo.

Já acabaram as cerimónias, a sua imagem recolheu à Capelinha, mas não me apetece vir-me embora.

Rompendo o silêncio recolhido da multidão a voz grave do Reitor assegura pelos altifalantes:

''O meu Imaculado Coração triunfará!''

Então tranquilo e seguro que assim será, digo-lhe adeus e venho-me embora.

Ao chegar à saída por baixo da colunata, ainda me volto para trás e dou-lhe as boas noites.

(ama, Carvide, 2010.06.12





O silêncio de Cristo


Tema para breve reflexão
O silêncio de Cristo durante a Sua vida terrena não é de modo algum vazio interior, mas sim fortaleza e plenitude. Os que se queixam continuamente das contrariedades que padecem ou da sua má sorte, os que apregoam aos quatro ventos os seus problemas, os que não sabem sofrer calando uma injúria, os que se sentem urgidos a dar continuamente explicações do que fazem ou que deixam de fazer, os que necessitam de expor as razões e motivos das suas acções, esperando com ansiedade o louvor ou aprovação alheias..., deveriam olhar Cristo que cala. Imitamo-Lo quando aprendemos a levar as cargas e incertezas que toda a vida transporta consigo sem queixas estéreis, sem tornar participante delas todo o mundo, quando fazemos frente aos problemas pessoais sem os descarregar em ombros alheios, quando respondemos pelos próprios actos sem desculpas nem justificações de nenhum tipo, quando realizamos o trabalho pessoal olhando a perfeição da obra e da glória de Deus, sem procurar louvores...


(federico suarez, Las dos caras del silencio, revista Nuestro Tiempo., nr. 297-298, trad ama)

Doutrina

«RERUM NOVARUM»


O quantitativo do salário dos operários

27. Passemos agora a outro ponto da questão e de não menor importância, que, para evitar os extremos, demanda uma definição precisa. Referimo-nos à fixação do salário. Uma vez livremente aceite o salário por uma e outra parte, assim se raciocina, o patrão cumpre todos os seus compromissos desde que o pague e não é obrigado a mais nada. Em tal hipótese, a justiça só seria lesada, se ele se recusasse a saldar a dívida ou o operário a concluir todo o seu trabalho, e a satisfazer as suas condições; e neste último caso, com exclusão de qualquer outro, é que o poder público teria que intervir para fazer valer o direito de qual quer deles.
Semelhante raciocínio não encontrará um juiz equitativo que consinta em o abraçar sem reserva, pois não abrange todos os lados da questão e omite um deveras importante. Trabalhar é exercer a actividade com o fim de procurar o que requerem as diversas necessidades do homem, mas principalmente a sustentação da própria vida. «Comerás o teu pão com o suor do teu rosto» ([i]37). Eis a razão por que o trabalho recebeu da natureza como que um duplo cunho: é pessoal, porque a força activa é inerente à pessoa, e porque a propriedade daquele que a exerce e a recebeu para sua utilidade; e é necessário, porque o homem precisa da sua existência, e porque a deve conservar para obedecer às ordens incontestáveis da natureza. Ora, se não se encarar o trabalho senão pelo seu lado pessoal , não há dúvida de que o operário pode a seu bel-prazer restringir a taxa do salário. A mesma vontade que dá o trabalho pode contentar-se com uma pequena remuneração ou mesmo não exigir nenhuma. Mas já é outra coisa, se ao carácter de personalidade se juntar o de necessidade, que o pensamento pode abstrair, mas que na realidade não se pode separar. Efectivamente, conservar a existência é um dever imposto a todos os homens e ao qual se não podem subtrair sem crime. Deste dever nasce necessariamente o direito de procurar as coisas necessárias à subsistência, e que o pobre as não procure senão mediante o salário do seu trabalho.

2011.02.07


[i] Gn 3,19.