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22/01/2011

Diálogos apostólicos




Admito, complicaste a tua vida: obrigações, horários...

Mas, diz-me: não tens horas para o emprego, e para almoçar e...
Já vês, toda a tua vida está, como a da maioria das pessoas, espartilhada em horários, a não ser assim, seria uma confusão muito grande.

O que interessa verdadeiramente, não são os horários mas as prioridades.

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 (ama, 2011.01.22)

Eleições no baralho



OBSERVANDO

Entrei na taberna e mandei vir um copo de tinto.
Reparei que a um canto da mesa estava um baralho de cartas.
Estas, ao que parece, estavam por naipes e em animada conversa.
Apurei o meu ouvido integral, liguei o gravador portátil e fui registando o debate.

O ás de ouros disse:
- Eu e a minha equipa somos a riqueza, a beleza e a segurança do mundo. Sim, porque, sem nós, nada. Nem os altares das catedrais têm dignidade, nem os governos têm caução para emitir e fazer circular moeda, nem os palácios têm nobreza e fidalguia, nem o dinheiro tem valor.
Convençam-se disto: sem nós nada!

O ás de espadas, revoltado, disse:
- Tu e os teus meteis-me nojo; é tudo arrogância e delírio do ter e do parecer. Eu e a minha equipa é que mandamos no mundo e desde o princípio.
Quando vós, os do ouro, ultrapassais os limites da justiça, nós, aí, fazemos a revolução.

"Às armas”, "Às armas”: bradamos; e tudo tem medo!
E não esqueçam que agora o nosso potencial dissuasor é quase ilimitado. Quem nos faz frente?...

Aí entrou o ás de copas com a voz entaramelada e com um sorrisinho trocista:
- Vós não sabeis nada do que é o ser humano ao qual, afinal, todos prestamos vassalagem.
O que ele quer é alegria, mesmo balofa, passageira. E somos nós os "copas" que lha damos.
Uma mesa sem nós não é nada, uma casa sem nós também não.
Faz-se porventura um casamento, uns anos, um banquete de formatura, sem nós.
Somos nós que damos o espírito, a animação e a reinação ao mundo.
Aí tive sede e bebi mais um copo de tinto.

O ás de paus já há muito que queria entrar.
Fez sinal, fez-se silêncio e ele disse:
- Agora sempre me convenci que caminhamos todos para a loucura colectiva. Pois vós não vedes que o pau, a árvore é o que há de mais necessário no mundo?

Será preciso comprová-lo?
Cortem as árvores e digam-nos depois o que fica. Homens sem oxigénio, asfixiados, mortos.
Nós somos o berço, a respiração e o caixão.
Por mais que os custe a ouvir, o certo é que a vida está nas nossas mãos.
É preciso acrescentar mais alguma coisa? Fez-se silêncio total. Terminara o debate. Aí pensei: de certo há hoje eleições no baralho!
Isto é propaganda eleitoral...

Desliguei o ouvido integral e o gravador portátil, paguei o tinto, e, como um rafeiro contente com a sua presa, corri para casa a saborear tão deliciosa e estranha conversa.
Para os devidos efeitos aqui a transcrevo e gostosamente ofereço aos meus prezados leitores e eleitores.

(P. adriano de brito duarte dos santos, Não tenhais medo!, Editorial Missões, Abril de 1994, pg 30-32)

Ut omnes unum sint




Duc in altum





A unidade não vem só de ouvir a mesma mensagem evangélica, que, aliás, nos é transmitida pela Igreja; reveste profundidade mística: é ao próprio corpo de Cristo que nós somos agregados, mediante a fé e o Baptismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; é o mesmo Espírito que nos justifica e anima a nossa vida cristã: «Há um só Corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança no chamamento que recebestes. Há um único Senhor, uma única Fé um único Baptismo (Ef. 4, 4-5) tal é a fonte única que traz e requer, hoje como na aurora da Igreja, «a unidade na doutrina dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na fracção do pão e nas orações (lg 13).

(joão Paulo II, Passai um ano comigo, Verbo, pg. 213)

O polvo da sorte


OBSERVANDO

A superstição e crendice parece não terem limites. 

Algumas manifestações são de tal forma ridículas e absurdas que não se acreditaria que existissem, não fora haver factos concretos, fotografias e notícias de fontes credíveis, que as confirmam.

ESCLARECIMENTO SOBRE A “APOLOGIA DO VOTO INÚTIL”



A recente publicação do texto ”Apologia do voto inútil”, no passado dia 17, obriga-me a prestar o seguinte esclarecimento:

1. Como claramente se afirma neste artigo, bem como no publicado na véspera na “Voz da Verdade”, o voto numa candidatura ideologicamente contrária à doutrina da Igreja - como seriam, por exemplo, o nazismo ou o comunismo - é, para um cristão, ilícita, por uma questão da mais elementar coerência. Mas, a votação numa candidatura que se assuma como representativa de valores compatíveis com o ideário cristão, é moralmente legítima para os católicos.

2. Contudo, a opção dos eleitores não se reduz à escolha de uma candidatura, pois também se pode realizar através de outras formas legítimas de participação cívica. Com efeito, muito embora todos os cidadãos e todos os cristãos estejam chamados a cumprir com o seu dever cívico no próximo dia 23, ninguém está moralmente obrigado a votar num dos candidatos, sobretudo se entender, como é legítimo que entenda, que não estão reunidas as condições para sufragar nenhum dos projectos presidenciais existentes, nomeadamente porque os seus princípios são inaceitáveis, ou a idoneidade moral dos prováveis eleitos não merece a sua confiança política.

3. Contra a lógica do «voto útil», não se deve portanto descartar o voto nulo, branco ou a abstenção. Note-se que não se diz que o recurso a este modo de participação democrática é o único legítimo para um cristão, pois expressamente se afirma que «é moralmente lícita a votação num candidato que, mesmo sendo defectível, é o menos mau dos possíveis ganhadores». Apenas se refere que aquela opção pelo «voto inútil» é a que resta para quem não tem outra, quer por não se rever em nenhuma das candidaturas viáveis, quer por não estar disponível para exercer o voto de conveniência.

4. A argumentação foi desenvolvida apenas e só no plano moral, como se constata pelas expressões usadas para este efeito: «axiomas éticos», «princípios», «discutível moralidade», «verticalidade», «leviandades», «vitória moral», «coerência ética», «moralmente lícita», «idoneidade moral», «princípios e valores permanentes», etc. Pelo contrário, não se nomeia nenhum candidato, nem nenhum partido político, precisamente para que o texto não pudesse ser usado contra ou a favor de nenhuma candidatura, na medida em que esse não era, manifestamente, o propósito que presidiu à sua elaboração.
5. Por último, muito embora todas as afirmações em apreço sejam coerentes com a doutrina da Igreja, que subscrevo na íntegra, e as recomendações dos senhores Bispos, a cuja autoridade gostosamente me submeto, não têm outro valor que não seja o de manifestar, com a liberdade que se supõe existir numa sociedade democrática, a livre opinião do autor, na justa medida em que o consente a sua condição eclesial, enquanto cidadão empenhado na construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Gonçalo Portocarrero de Almada

Alegria e Dor

Duc in altum






Um testemunho impressionante! Uma lição de uma grande alma!




Evangelho e comentário do dia


Tempo comum - II Semana

Evangelho: Mc 3, 20-21

20 Depois, foi para casa e de novo acorreu tanta gente, que nem sequer podiam tomar alimento. 21 Quando os Seus parentes ouviram isto, foram para tomar conta d'Ele; porque diziam: «Está louco».
Comentário:


Doutrina

 «RERUM NOVARUM»

Exemplo e magistério da Igreja

15. Entretanto, a Igreja não se contenta com indicar o caminho que leva à salvação; ela conduz a esta e com a sua própria mão aplica ao mal o conveniente remédio. Ela dedica-se toda a instruir e a educar os homens segundo os seus princípios e a sua doutrina, cujas águas vivificantes ela tem o cuidado de espalhar, tão longe e tão largamente quanto lhe é possível, pelo ministério dos Bispos e do Clero. Depois, esforça-se por penetrar nas almas e por obter das vontades que se deixem conduzir e governar pela regra dos preceitos divinos. Este ponto é capital e de grandíssima importância, porque encerra como que o resumo de todos os interesses que estão em litígio, e aqui a acção da Igreja é soberana. Os instrumentos de que ela dispõe para tocar as almas, recebeu-os, para este fim, de Jesus Cristo, e trazem em si a eficácia duma virtude divina. São os únicos aptos para penetrar até às profundezas do coração humano, que são capazes de levar o homem a obedecer às imposições do dever, a dominar as suas paixões, a amar a Deus e ao seu próximo com uma caridade sem limites, a ultrapassar corajosamente todos os obstáculos que dificultam o seu caminho na estrada da virtude.

Neste ponto, basta passar ligeiramente em revista pelo pensamento os exemplos da antiguidade. As coisas e factos que vamos lembrar estão isentos de controvérsia. Assim, não é duvidoso que a sociedade civil foi essencialmente renovada pelas instituições cristãs, que esta renovação teve por efeito elevar o nível do género humano, ou, para melhor dizer, chamá-lo da morte à vida, e guindá-lo a um alto grau de perfeição, como se não viu semelhante nem antes nem depois, e não se verá jamais em todo o decurso dos séculos. Que, enfim, destes benefícios foi Jesus Cristo o princípio e deve ser o seu fim: porque, assim como tudo partiu d'Ele, assim também tudo Lhe deve ser referido. Quando, pois, o Evangelho raiou no mundo, quando os povos tiveram conhecimento do grande mistério da encarnação do Verbo e da redenção dos homens, a vida de Jesus Cristo, Deus e homem, invadiu as sociedades e impregnou-as inteiramente com a Sua fé, com as Suas máximas e com as Suas leis. E por isso que, se a sociedade humana deve ser curada, não o será senão pelo regresso à vida e às instituições do cristianismo.