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22/07/2010

Julgar os outros

É fácil não fazer juízos sobre os outros. Parece que faz parte da nossa natureza humana esta tendência para analisar, medir, avaliar aquele com que nos deparamos.
A visão dá-nos quase de imediato uma série de informações que se relacionam com a estatura, o aspecto, a apresentação. Instantaneamente processamos tudo isto estabelecendo comparações com imagens padrão que guardamos no subconsciente. Segue-se, quase sempre, a avaliação.
Tudo isto, porquê? Com que finalidade?
Bom, poder-se-ia dizer que é um “processo automático” e que, a finalidade é a tomada de decisão do: gosto, não gosto, é-me indiferente.
Os "processos automáticos" revelam uma vontade fraca que não comanda o pensamento, a emoção ou as respostas aos estímulos externos.
O sacerdote e o levita da parábola do samaritano deviam ter este defeito.
O de Samaria, ao invés, é um homem sem preconceitos, reage ao estímulo de solidariedade que lhe provoca o homem prostrado na vera do caminho, ferido e maltratado por bandidos. É um ser solidário que caminha na vida considerando os outros - todos - seus iguais, dignos da sua atenção e do seu crédito.
Poderá ser tripudiado na sua boa-fé, terá desilusões, facilmente convencido, levado a fazer o que não que deseja?
Nada mais falso; esta pessoa nunca é enganada porque o que faz pelos outros é sem pensar num possível retorno.
Jamais fará o que for contra a sua vontade porque sabe muito bem o que lhe convém querer e, muito menos, arrastado por outros porque sabe o seu caminho.
Os outros, não!
Passam pela vida sempre sozinhos porque gastam o tempo a avaliar, a julgar e, enquanto o fazem, a oportunidade perde-se e, muito provavelmente, não voltará a repetir-se.
Estes ficam sós o outro, terá, sempre, muitos amigos que nunca o abandonarão.

(ama, 2010.07.20)

Paternidade e Maternidade responsáveis

A paternidade e a maternidade não terminam com o nascimento; essa participação no poder de Deus, que é a faculdade de gerar, há-de prolongar-se na cooperação com o Espírito Santo, para que culmine com a formação de autênticos homens cristãos e autênticas mulheres cristãs.

Os pais são os principais educadores dos seus filhos, tanto no aspecto humano como no sobrenatural, e hão-de sentir a responsabilidade dessa missão, que exige deles compreensão, prudência, saber ensinar e, sobretudo, saber amar; e devem preocupar-se por dar bom exemplo. A imposição autoritária e violenta não é caminho acertado para a educação. O ideal para os pais é chegarem a ser amigos dos filhos; amigos a quem se confiam as inquietações, a quem se consulta sobre os problemas, de quem se espera uma ajuda eficaz e amável.

É necessário que os pais arranjem tempo para estar com os filhos e falar com eles. Os filhos são o que há de mais importante; mais importante do que os negócios, do que o trabalho, do que o descanso. Nessas conversas, convém escutá-los com atenção, esforçar-se por compreendê-los, saber reconhecer a parte de verdade – ou a verdade inteira – que possa haver em algumas das suas rebeldias. E, ao mesmo tempo, apoiar as suas aspirações, ensiná-los a ponderar as coisas e a raciocinar; não lhes impor uma conduta, mas mostrar-lhes os motivos, sobrenaturais e humanos, que a aconselham. Numa palavra, respeitar a sua liberdade, já que não há verdadeira educação sem responsabilidade pessoal, nem responsabilidade sem liberdade. 



(S. josemaria, Cristo que passa, 27)

Textos de Reflexão para 22 de Julho

Evangelho: Jo 20, 1; 11-18

1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã, sendo ainda escuro, e viu a pedra retirada do sepulcro.
11 Entretanto, Maria estava da parte de fora do sepulcro a chorar. Enquanto chorava, inclinou-se para o sepulcro 12 e viu dois anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde fora posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Eles disseram-lhe: «Mulher, porque choras?». Respondeu-lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram». 14 Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. 15 Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? A quem procuras?». Ela, julgando que era o hortelão, disse-Lhe: «Senhor, se tu O levaste, diz-me onde O puseste; eu irei buscá-l'O». 16 Jesus disse-lhe: «Maria!». Ela, voltando-se, disse-Lhe em hebreu: «Rabboni!», 17 Jesus disse-lhe: «Não Me retenhas, porque ainda não subi para Meu Pai; mas vai a Meus irmãos e diz-lhes que subo para Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus». 18 Foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor!», e as coisas que Ele lhe disse.

Meditação:

A primeira pessoa a preocupar-se com o Corpo do Senhor é a Madalena. Aquela que «muito amou e a quem muito foi perdoado» não descansa nem espera que o dia amanheça para ir ter com o Senhor. Muito se passou ontem e, a deposição no sepulcro, não a tranquiliza. Quer certificar-se que tudo está bem, que o cadáver de Jesus está convenientemente a salvo de eventuais – e previsíveis – profanações.
Nem se dá conta que é uma pobre mulher, sem grande força para resolver qualquer situação ou conflito.
Vai sozinha, não procura nem companhia nem apoio que a ajudem, conta consigo e com o seu enorme amor por Jesus. Os obstáculos, se os houver, há-de enfrentá-los e resolvê-los. E, de facto, o amor tudo resolve, tudo torna fácil.
O amor por Jesus é compensado, de forma magnífica, pelo próprio Senhor, que lhe fala, interpela e sossega.
Amor, com amor se paga mas, Jesus, paga o amor com um juro tão elevado que vale a pena arrostar qualquer dificuldade, fazer não importa que sacrifício. 

(ama, meditação sobre Jo 20, 1; 11-18, 2010.06.16) 

VIRTUDES 4

Recorda-te que as abelhas no tempo em que fazem o mel comem e sustentam-se de um mantimento muito amargo; e assim nós não podemos praticar actos de maior mansidão e paciência, nem compor o mel das melhores virtudes, senão quando comemos o pão da amargura e vivemos no meio das aflições.

(S. Francisco de Sales, Introducción a la vida devota, III, 3, trad. ama)