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01/06/2010

MAS AS CRIANÇAS... SENHOR!!!


«Uma história, por favor!»

O Dia Mundial da Criança assinalado com um texto de Maria Teresa Maia Gonzalez escrito para este dia e para os leitores da Agência ECCLESIA.


Corbis
Um destes dias, ia sentada no autocarro atrás de uma menina e sua mãe, que tinha ido buscá-la à escola. Como a menina não fazia questão de falar baixo e o autocarro ia silencioso, não pude deixar de ouvir a conversa…
- Mãe, logo contas-me uma história antes de eu dormir?
A mãe não respondeu, mantendo-se virada para a paisagem que via pela janela. Assim, a filha voltou a pedir, desta feita com mais delicadeza:
- Mãe, logo à noite contas-me uma história, por favor?
 A jovem mãe da criança deu-lhe, então atenção:
- Ó Ana, tu sabes que eu não tenho cabeça para te contar histórias! Ando estafada, não vês?
- Mas era só uma história pequenina… - tornou a Ana, fazendo uma voz irresistível.
- Tu agora até já sabes ler! – atalhou a mãe.
- Pois, mas não é a mesma coisa – refilou a menina.
- Ora! Quando fores passar um fim de semana a casa do teu pai, pede-lhe a ele que te conte uma história, que ele deve andar mais folgado do que eu – replicou a mãe, já a impacientar-se.
A criança ficou algum tempo calada. Por fim, voltou à carga:
- É que o pai não tem tempo. Ele chega a casa quando eu já estou a dormir…
- Pedes-lhe que te conte a história de manhã – sugeriu a mãe, agora mais sensibilizada.
- Oh… De manhã o pai vai logo para o computador e, além disso tem de ser à noite!
A mãe não entendeu aquela lógica e, desviando novamente o olhar da janela, interessou-se:
- Mas, afinal, tem de ser à noite porquê?
- É que a minha professora disse que, quando ela era pequenina, o pai ou a mãe dela contavam-lhe uma história à noite e que isso a fazia sonhar!
- Ah, já estou a perceber… - disse, então, a mãe da Ana. – Tu queres é sonhar… E queres sonhar com quê, posso saber?
A menina voltou a ficar em silêncio. Depois, respondeu, como se falasse para si mesma:
 - Eu queria sonhar que o pai e tu tinham um bebé… E eu tinha um mano pequenino…
A mãe exasperou-se:
- Mas que coisa! Então tu não sabes que o teu pai escolheu a família dele, Ana?! Não falámos já tantas vezes sobre isso?!
- Sim… - respondeu a menina, em voz mais baixa, encolhendo-se no banco. – Mas o que eu queria saber é porque é que ele não me escolheu a mim…
A conversa terminou ali. Mãe e filha saíram do autocarro poucos minutos depois. Eu fiquei a olhá-las, pela janela, solidária com a perplexidade triste da menina, cuja pergunta (cheia de sentido e legitimidade) não obteve qualquer resposta.
E pensei: hoje, como ontem, ser criança deveria ser sinónimo de… ser feliz! Como seria bom se a Ana e todos os meninos e meninas do mundo não tivessem de pedir «por favor» uma história que lhes desse o direito a serem felizes, ainda que apenas no país dos sonhos!..

Textos de Reflexão 01 de Junho

Evangelho: Mc 12, 13-17

13 Enviaram-Lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que O apanhassem em alguma palavra.14 Chegando eles, disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és verdadeiro, que não atendes a respeitos humanos; porque não consideras o exterior dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade: É lícito pagar o tributo a César, ou não? Devemos pagar ou não?». 15 Jesus, reconhecendo a sua hipocrisia, disse-lhes: «Porque Me tentais? Trazei-Me um denário para Eu ver». 16 Eles o trouxeram. Então disse-lhes: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». Responderam-Lhe: «De César». 17 Então Jesus disse-lhes: «Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus». E admiravam-n'O.

Comentário:

A Tua imagem em mim, Senhor, que está impressa indelevelmente na minha alma, deve estar presente em todo o momento no meu espírito. Assim eu não serei capaz de Te ofender. Que eu não me esqueça, meu Senhor e meu Deus, que Te pertenço, que sou teu inteiramente e tudo faça por merecer o dom da vida.

(AMA, meditação, Mc 12, 13-17, Porto, Maio 2008)