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20/11/2006

MORRER 1

Fazem hoje seis anos que o meu irmão Manuel José partiu para casa do Pai.

Tenho sempre presente, no seu leito de morte, o seu olhar doce e profundo onde se espelhava uma serenidade que não consigo esquecer.

Sem dúvida, a serenidade de um homem bom, pronto a entregar a alma ao Criador, numa atitude de despojamento total!

O que vinha clamando há bastante tempo: «In hora mortis mea voca me, et iube me venire ad Te» (Na hora da minha morte, chamai-me, e mandai-me ir ter conVosco), estava prestes a consumar-se. O Senhor, misericordioso, estendia-lhe a Sua mão de Pai amoroso, para o levar conSigo para a Vida.

Peço-te Manel, que me guardes um lugar, mesmo que não seja ao pé de ti, mas donde possa ver Deus Cara a Cara.

HUMILHAÇÕES 1

Será que o Senhor se regozija com a nossa humilhação?

Não.

Que lucraria com o nosso abatimento Aquele que tudo criou, e mantém e governa tudo o que existe? Deus só deseja a nossa humildade, que nos esvaziemos de nós próprios para Ele nos poder encher; pretende que não Lhe levantemos obstáculos, a fim de que – falando ao modo humano – caiba mais graça Sua no nosso pobre coração. Porque o Deus que nos inspira a ser humildes é o mesmo que transformará o nosso corpo de miséria, fazendo-o semelhante ao seu corpo glorioso, com aquele poder com que pode também sujeitar a si todas as coisas. Nosso Senhor faz-nos seus, endeusa-nos com um endeusamento bom.

(S. Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, nn. 97–98)