27/05/2016

Santo Rosário - Mistérios da Luz

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MISTÉRIOS DA LUZ [i]

Quarto Mistério

Transfiguração


Contemplamos neste mistério um dos acontecimentos mais talvez mais enigmáticos da vida de Jesus na terra.

Percebemos que houve uma intenção clara de mostrar aos três após­tolos uma como que antevisão da aparência de Cristo como Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Mas porquê?

Jesus saberia por certo que eles não iriam entender ou sequer aperce­ber-se da realidade que lhes revelava.

Mais ainda quando sabemos que os proíbe de falar no assunto até de­pois da Sua Ascensão.

O facto é que não obstante ficou gravado para sempre nas suas me­mórias e, por isso mesmo, consta do Evangelho.

Seria a Transfiguração necessária para os confirmar na fé em Jesus Cristo como O Filho de Deus?

Mas como se adormecem?

Aliás é sintomática esta reacção dos três discípulos perante o "peso" ou solenidade de situações que vivem com o Mestre.

Na agonia em Getsémani perante o indizível sofrimento do Senhor tam­bém são vencidos pelo sono.

Como se a realidade fosse de tal forma "chocante ou extraordinária" que a sua amizade e carinho pelo Senhor se recusa a admitir o que constatam.

O sono é muitas vezes desculpa para muitas faltas de coragem em que é necessário mostrar solidariedade, apoio, solicitude.

Não poucas vezes somos vencidos pelo sono, o torpor que nos leva a não considerar as realidades que não compreendemos.

É como que uma "defesa" do nosso espírito recusando-se a encarar algo difícil que se nos apresenta como que fora do comum e, a verdade, é que a nossa Fé cristã necessita debruçar-se continuamente sobre os seus fundamentos num constante exame e estudo para melhor com­preender.

Temos de vencer uma atávica tendência para a rotina que, na prática da Fé, talvez seja o pior defeito que possamos ter.

Que a Doutrina não muda sabemo-lo bem, o que deve ser mais uma razão para que não deixemos nunca de aprofundar, esmiuçar, detalhar para alcançar a segurança que é necessária para o seu fiel cumpri­mento.

Lembremos que São João deixou escrito que não haveria livros no mundo que pudessem conter quanto Jesus Cristo disse, fez e ensinou.


(ama, Malta, Abril de 2016



[i] São João Paulo II acrescentou estes “Mistérios” a que chamou da Luz – ou Luminosos– ao Rosário de Nossa Senhora.

Não sei, evidentemente, a razão que terá levado o Santo Pontífice a fazê-lo e alguém poderá questionar o que têm a ver com o Rosário Mariano.

Têm tudo a ver porque a vida de Nossa Senhora está tão intimamente unida à do Seu Filho, nosso Salvador, que me parece muito lógico e adequado.

Os Cinco Mistérios levam-nos a considerar, principalmente, a instituição dos sacramentos que Jesus nos quis deixar como preciosos e imprescindíveis meios para obter a Salvação Eterna que nos ganhou na Cruz.

Antigo testamento / Génesis

Génesis 36

Os descendentes de Esaú

1 Esta é a história da família de Esaú, que é Edom.

2 Esaú casou-se com mulheres de Canaã: com Ada, filha de Elom, o hitita, e com Oolibama, filha de Aná e neta de Zibeão, o heveu; e também com Basemate, filha de Ismael e irmã de Nebaiote.

3 Ada deu a Esaú um filho chamado Elifaz; Basemate deu-lhe Reuel; e Ooli­bama deu-lhe Jeús, Jalão e Corá. Esses foram os filhos de Esaú que nasceram em Canaã.

4 Esaú tomou as suas mulheres, os seus filhos e filhas e todos os de sua casa, assim como os seus rebanhos, todos os outros animais e todos os bens que havia adquirido em Canaã, e foi para outra região, para longe do seu irmão Jacob.

5 Os seus bens eram tantos que eles já não podiam morar juntos; a terra onde estavam vivendo não podia sustentá-los, por causa dos seus rebanhos.

6 Por isso Esaú, que é Edom, fixou-se nos montes de Seir.

7 Este é o registo da descendência de Esaú, pai dos edomitas, nos montes de Seir.

8 Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; e Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú.

9 Estes foram os filhos de Elifaz: Temã, Omar, Zefô, Gaetã e Quenaz.

10 Elifaz, filho de Esaú, tinha uma concubina chamada Timna, que lhe deu um filho chamado Amaleque. Foram esses os netos de Ada, mulher de Esaú.

11 Estes foram os filhos de Reuel: Naate, Zerá, Samá e Mizá. Foram esses os netos de Basemate, mulher de Esaú.

12 Estes foram os filhos de Oolibama, mulher de Esaú, filha de Aná e neta de Zibeão, os quais ela deu a Esaú: Jeús, Jalão e Corá.

13 Foram estes os chefes dentre os descendentes de Esaú: Os filhos de Elifaz, filho mais velho de Esaú: Temã, Omar, Zefô, Quenaz,

14 Corá, Gaetã e Amaleque. Foram esses os chefes descendentes de Elifaz em Edom; eram netos de Ada.

15 Foram estes os filhos de Reuel, filho de Esaú: Os chefes Naate, Zerá, Samá e Mizá. Foram esses os chefes descendentes de Reuel em Edom; netos de Basemate, mulher de Esaú.

16 Foram estes os filhos de Oolibama, mulher de Esaú: Os chefes Jeús, Jalão e Corá. Foram esses os chefes descendentes de Oolibama, mulher de Esaú, filha de Aná.

17 Foram esses os filhos de Esaú, que é Edom, e esses foram os seus chefes.

18 Estes foram os filhos de Seir, o horeu, que estavam habitando aquela região: Lotã, So­bal, Zibeão e Aná, Disom, Ézer e Disã. Esses filhos de Seir foram chefes dos horeus no território de Edom.

19 Estes foram os filhos de Lotã: Hori e Hemã. Timna era irmã de Lotã.

20 Estes foram os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã.

21 Estes foram os filhos de Zibeão: Aiá e Aná. Foi esse Aná que descobriu as fontes de águas quentes no deserto, quando levava para pastar os jumentos de Zibeão, seu pai.

22 Estes foram os filhos de Aná: Disom e Oolibama, a filha de Aná.

23 Estes foram os filhos de Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.

24 Estes foram os filhos de Ézer: Bilã, Zaavã e Acã.

25 Estes foram os filhos de Disã: Uz e Arã.

26 Estes foram os chefes dos horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Ézer e Disã. Esses foram os chefes dos horeus, de acordo com as suas divisões tribais na região de Seir.

Os chefes de Edom

27 Estes foram os reis que reinaram no território de Edom antes de haver rei entre os israelitas:  Belá, filho de Beor, reinou em Edom. Sua cidade chamava-se Dinabá.

28 Quando Belá morreu, foi sucedido por Jobabe, filho de Zerá, de Bozra.

29 Jobabe morreu, e Husã, da terra dos temanitas, foi o seu sucessor.

30 Husã morreu, e Hadade, filho de Bedade, que tinha derrotado os midianitas na terra de Moabe, foi o seu sucessor. A sua cidade chamava-se Avite.

31 Hadade morreu, e Samlá de Masreca foi o seu sucessor.

32 Samlá morreu, e Saul, de Reobote, próxima ao Eufrates, foi o seu sucessor.

33 Saul morreu, e Baal-Hanã, filho de Acbor, foi o seu sucessor.

34 Baal-Hanã, filho de Acbor, morreu, e Hadade foi o seu sucessor. A sua cidade chamava-se Paú, e o nome da sua mulher era Meeta­bel, filha de Matrede, neta de Mezaabe.

35 Estes foram os chefes descendentes de Esaú, conforme os seus nomes, clãs e regiões: Oolibama, Elá, Pinom, Quenaz, Temã, Mibzar, Timna, Alva, Jetete, Magdiel e Irã. Foram esses os chefes de Edom; cada um deles fixou-se numa região da terra que ocuparam. Os edomitas eram descendentes de Esaú.

(Revisão da versão portuguesa por ama)








Purificação

Purificação de Nossa Senhora

Foste, como outra qualquer mulher, ao Templo para te purificares!

De quê?

Qual a impureza, qual mancha, por pequena que fosse, que precisava de purificação?

Tu, Excelsa Criatura, sem mancha de qualquer espécie, sine lábe originali concépta, que foste, de facto, lá fazer?

Foste mostrar-me, uma vez mais, a obediência, o acatamento, a submissão.

A Escrava do Senhor quer mostrar-me a humildade mais simples, a simplicidade mais humilde.

Minha querida Mãe, ensina-me a fazer como tu.

ama

Cinco passos para vencer a depressão 1

Terceiro passo


Comece dando um passo de cada vez: não pretenda solucionar todos os problemas numa só tarde, porque a angústia vai surgir novamente ao ver uma lista tão grande de pendências.


(saulo medina ferrer, psicólogo)

(Revisão da versão portuguesa por ama

Antigo testamento / Êxodo 16

Êxodo 16

O maná e as codornizes

1 Toda a comunidade de Israel partiu de Elim e chegou ao deserto de Sim, que fica entre Elim e o Sinai. Foi no décimo quinto dia do segundo mês, depois que saíram do Egipto.

2 No deserto, toda a comunidade de Israel reclamou a Moisés e Arão.

3 Disseram-lhes os israelitas: "Quem dera a mão do Senhor nos tivesse matado no Egipto! Lá nos sentávamos ao redor das panelas de carne e comíamos pão à vontade, mas vós nos trouxeram a este deserto para fazer morrer de fome toda esta multidão!"

4 Disse, porém, o Senhor a Moisés: "Eu lhes farei chover pão do céu. O povo sairá e recolherá diariamente a porção necessária para aquele dia. Com isso os porei à prova para ver se seguem ou não as minhas instruções.

5 No sexto dia trarão para ser preparado o dobro do que recolhem nos outros dias".

6 Assim Moisés e Arão disseram a todos os israelitas: "Ao entardecer, saberão que foi o Senhor quem os tirou do Egipto e amanhã cedo verão a glória do Senhor, porque o Senhor ouviu a vossa queixa contra ele. Quem somos nós para que reclamem de nós?"

7 Disse ainda Moisés: "O Senhor vos dará carne para comer ao entardecer e pão à vontade pela manhã, porque ele ouviu as vossas queixas contra ele. Quem somos nós? Não estão reclamando de nós, mas do Senhor".

8 Disse Moisés a Arão: "Diz a toda a comunidade de Israel que se apresente ao Senhor, pois ele ouviu as suas queixas".

9 Enquanto Arão falava a toda a comunidade, todos olharam em direcção ao deserto, e a glória do Senhor apareceu na nuvem.

10 E o Senhor disse a Moisés:

11 "Ouvi as queixas dos israelitas. Responde-lhes que ao pôr do sol comerão carne e ao amanhecer se fartarão de pão. Assim saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus".

12 No final da tarde, apareceram codornizes que cobriram o lugar onde estavam acampados; ao amanhecer havia uma camada de orvalho ao redor do acampamento.
Disse-lhes Moisés: "Este é o pão que o Senhor vos deu para comer.

13 Depois que o orvalho secou, flocos finos semelhantes a geada estavam sobre a superfície do deserto.

14 Quando os israelitas viram aquilo, começaram a perguntar uns aos outros: "Que é isto?", pois não sabiam do que se tratava.

15 Assim ordenou o Senhor: 'Cada chefe de família recolha quanto precisar: um jarro para cada pessoa da sua tenda' ".

16 Os israelitas fizeram como lhes fora dito; alguns recolheram mais, outros menos.

17 Quando mediram com o jarro, quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco. Cada um recolheu quanto precisava.

18 "Ninguém deve guardar nada para a manhã seguinte", ordenou-lhes Moisés.

19 Todavia, alguns deles não deram atenção a Moisés e guardaram um pouco até á manhã seguinte, mas aquilo criou bicho e começou a cheirar mal. Por isso Moisés irou-se contra eles.

20 Cada manhã todos recolhiam quanto precisavam, pois, quando o sol esquentava, aquilo se derretia.

21 No sexto dia recolheram o dobro: dois jarros para cada pessoa; e os líderes da comunidade foram contar isso a Moisés, que lhes explicou: "Foi isto que o Senhor ordenou: 'Amanhã será dia de descanso, sábado consagrado ao Senhor. Assem e cozinhem o que quiserem. Guardem o que sobrar até a manhã seguinte' ".

22 E eles o guardaram até a manhã seguinte, como Moisés tinha ordenado, e não cheirou mal nem criou bicho.

23 "Comam-no hoje", disse Moisés, "pois hoje é o sábado do Senhor. Hoje, não o encontrarão no terreno.

24 Durante seis dias vocês podem recolhê-lo, mas, no sétimo dia, o sábado, nada acharão."

25 Apesar disso, alguns deles saíram no sétimo dia para recolhê-lo, mas não encontraram nada.

26 Então o Senhor disse a Moisés: "Até quando se recusarão a obedecer aos meus mandamentos e às minhas instruções?

27 Vejam que o Senhor vos deu o sábado; por isso, no sexto dia, ele vos envia pão para dois dias. No sétimo dia, fiquem todos onde estiverem; ninguém deve sair".

28 Então o povo descansou no sétimo dia.

29 O povo de Israel chamou maná àquele pão. Era branco como semente de coentro e tinha gosto de bolo de mel.

30 Disse Moisés: "O Senhor ordenou-vos que recolham um jarro de maná e que o guardem para as futuras gerações, 'para que vejam o pão que lhes dei no deserto, quando os tirei do Egipto' ".

31 Então Moisés disse a Arão: "Põe numa vasilha a medida de um jarro de maná e coloca-a diante do Senhor, para que seja conservado para as futuras gerações".

32 Em obediência ao que o Senhor tinha ordenado a Moisés, Arão colocou o maná junto às tábuas da aliança, para ali ser guardado.

33 Os israelitas comeram maná durante quarenta anos, até chegarem a uma terra habitável; comeram maná até chegarem às fronteiras de Canaã.

34 (O jarro é a décima parte de uma arroba.)


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Evangelho, comentário, L espiritual


Tempo Comum

Evangelho: Mc 11, 11-26

11 Entrou em Jerusalém, no templo, e, tendo observado tudo, como fosse já tarde, foi para Betânia com os doze. 12 Ao outro dia, depois de saírem de Betânia, teve fome. 13 Vendo ao longe uma figueira que tinha folhas, foi lá ver se encontrava nela algum fruto. Aproximando-Se, nada encontrou senão folhas, porque não era tempo de figos. 14 Então disse à figueira: «Nunca mais alguém coma fruto de ti». Os discípulos ouviram-n'O. 15 Chegaram a Jerusalém. Tendo entrado no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo e derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam as pombas. 16 E não consentia que ninguém transportasse nenhum objecto pelo templo; 17 e os ensinava dizendo: «Porventura não está escrito: “A minha casa será chamada casa de oração por todas as gentes”? Mas vós fizestes dela “um covil de ladrões”». 18 Ouvindo isto os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuravam o modo de O matar; porque O temiam, visto todo o povo admirar a Sua doutrina. 19 Quando se fez tarde, saíram da cidade. 20 No outro dia pela manhã, ao passarem, viram a figueira seca até às raízes. 21 Então Pedro, recordando-se, disse-Lhe: «Olha, Mestre, como se secou a figueira que amaldiçoaste». 22 Jesus, respondendo-lhe, disse-lhes: «Tende fé em Deus. 23 Em verdade vos digo que todo aquele que disser a este monte: “Tira-te daí e lança-te no mar”, e não hesitar no seu coração, mas tiver fé de que tudo o que disse será feito, assim acontecerá. 24 Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes na oração, crede que o haveis de conseguir e o obtereis. 25 Quando estiverdes a orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os vossos pecados. 26 Porque, se vós não perdoardes, também o vosso Pai que está nos céus, não perdoará os vossos pecados».

Comentário:

No mesmo texto São Marcos relata duas atitudes do Senhor que podem classificar-se de intransigência.

E, de facto, há algo de verdade nesta ilação já que no caso da figueira se configura o veemente desejo do Senhor de encontrar frutos na nossa vida cristã, como no caso do Templo a defesa sem tergiversações do respeito devido à casa de Deus.

Ambas atitudes servem para ensinar - Jesus não faz nada sem um motivo -, num caso o poder da Fé, no outro, o  dever do cristão se afirmar como tal sempre e em qualquer circunstância.

(ama, comentário sobre Mc 11 11-26, 2015.05.29)


Leitura espiritual




INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO

CAPÍTULO QUARTO

"Creio em Deus" – Hoje
…/3

3ª. Tese: O paradoxo: "Una essentia tres personæ" está subordinado ao problema do absoluto e relativo e destaca o carácter absoluto do relativo.

a) Dogma como regulamentação de termos. Tentemos abrir caminho ao que pensamos, mediante a seguinte consideração: se a fé exprime a trindade de Deus na fórmula "uma natureza – três pessoas" desde o século III, uma tal disposição dos conceitos é, em primeiro lugar, mera "disciplina terminológica". De início, abstraindo-se de qualquer terminologia fixa, era considerado como firme e certo apenas o elemento do "um" e o da "trindade"; além disto, devia encontrar expressão a completa igualdade de ambos no domínio envolvente da unidade. Em certo sentido deve considerar-se obra do acaso a circunstância de ambas as realidades terem encontrado o seu revestimento verbal nos vocábulos "substância" (ou "natureza") e "pessoa". Trata-se, em última análise, de fazer valer ambas as realidades, não as deixando ao arbítrio de cada um, com o perigo de poder fazer evaporar-se e destruir-se a mesma realidade, junto com a terminologia usada indiscriminadamente. Diante de tal situação, cumpre evitar avanços excessivos, por exemplo, considerando tais termos como os únicos possíveis e concluindo-se que a verdade só se poderia exprimir assim e não de outros modos: com o que se negaria o aspecto negativo da terminologia da doutrina de Deus, e o seu carácter de mera tentativa.

b) O conceito de pessoa. Por outro lado, porém, cumpre notar que este disciplinamento da terminologia significa mais do que qualquer possível encalhe em algum vocábulo. Na luta pela formulação do conteúdo da fé estava incluída a luta pelo próprio conteúdo, de modo que, nas fórmulas e nos termos, por inadequados que sejam, realiza-se um contacto com a própria realidade. Sob o ponto de vista da história da Filosofia pode afirmar-se ter sido neste ponto que a realidade de "pessoa" passou por um crivo muito concreto; tanto o conceito, como a coisa em si, que se cobrem com o termo "pessoa", somente se desdobram ao espírito humano na luta em torno da imagem cristã de Deus e em torno do significado da figura de Jesus de Nazaré. Tentando analisar, com estas restrições, a nossa fórmula, em sua conveniência, averiguamos que ela se impôs a partir de duas pressões. Primeiro, estava claro que Deus é um, visto de modo absoluto, que não existe uma pluralidade de princípios divinos. Uma vez estabelecida esta verdade, é claro que a unidade se encontra no plano da substância. Consequentemente, a Trindade, da qual também se deve falar, não pode ser procurada neste plano. Deve localizar-se noutro plano, no da relação, do "relativo".

Esta conclusão é inevitável também, e sobretudo, mediante a pesquisa na Bíblia. Ali ela torna-se clara pelo facto de Deus parecer estar a falar consigo próprio. Existe um "nós" em Deus – a Patrística já o encontrou na primeira página do Génese: "Façamos o homem" [1]; há um "eu" e um "tu" – a Patrística localizou-o nos salmos – ("Disse o Senhor ao meu Senhor", Sl 110,1), como também no diálogo de Cristo com o Pai. A descoberta do diálogo no seio da divindade levou a aceitar em Deus um "eu" e um "tu", um elemento de relação, de diferenciação e de sintonia mútua para o qual o conceito "pessoa" se impunha expressamente, de modo a conquistar assim uma dimensão nova de profundidade realista, para além dos limites de sua conotação teatral e literária, sem perder o seu carácter vago que o tornava apto para semelhante aplicação.

A categoria da relação recebeu um significado totalmente novo no pensamento cristão devido à ideia de que Deus, sob o ponto de vista da substância, é um, realizando-se nele o fenómeno dialógico, do qual resulta a diferenciação e a relação da fala. Para Aristóteles, "relação" enquadrava-se entre os "acidentes" ou seja, as peculiaridades ocasionais do ser que se distinguem da substância, que é a exclusiva forma portadora da realidade. A experiência do Deus dialogante, do Deus que não é Logos somente, mas Dia-logos, não só pensamento e sentido, mas conversa e palavra na correlação dos protagonistas esta experiência destrói a divisão antiga da realidade em substância – como o que propriamente é – e acidentes, ou seja, o mero ocasional. E toma-se claro que o diálogo-relação se firma como forma igualmente original do ser ao lado da substância.

Com isto estava posto o fundamento da terminologia dogmática. Ela exprime a verdade de que Deus, como substância, como "ser" é simplesmente um. Se, apesar disto, temos de tratar dele na categoria de trindade, não se tenciona fazer uma multiplicação das substâncias, mas diz-se que, no seio de Deus, do Deus único e indivisível, existe o fenómeno do diálogo, a recíproca inclinação de palavra e amor. O que, por sua vez, denota que as "três pessoas" existentes em Deus são a realidade da palavra e do amor na sua intrínseca relação recíproca. Não são substâncias, personalidades em sentido moderno, mas são a relação, cuja pura actualidade (= ser acto) (lembre-se o "pacote de ondas"!) não suspende, mas determina a unidade do ser supremo. Agostinho, certa vez, concretizou este pensamento na fórmula seguinte: "Deus não é chamado Pai em relação a si, mas somente em relação ao Filho; visto que em relação a si ele é apenas Deus". Aqui transparece o elemento decisivo de um modo muito belo. "Pai" é um conceito totalmente relativo. Deus é Pai exclusivamente na relação para com o outro; em si mesmo é apenas Deus. Pessoa é a pura relação, nada mais. A relação não é algo que se acrescenta à pessoa, como acontece em nós, ela existe exclusivamente como relação.

Expresso com os termos de comparação da tradição cristã, isto quer dizer: a primeira pessoa não gera o Filho, como se o acto generativo viesse a acrescentar-se à pessoa, mas ela é o acto generativo, de auto-doação e do transbordamento. A pessoa é idêntica ao acto de doação. Ela é pessoa somente como este acto; portanto, não o doador, mas o acto de doação, "onda" e não "corpúsculo"... Com esta ideia de relacionamento em palavra e amor, independente do conceito de substância, e não subordinável aos "acidentes", o pensamento cristão encontrou e tocou o cerne da ideia de pessoa, que denota algo diverso e diz mais do que o mero conceito de "indivíduo". Tornemos a ouvir Agostinho: "Em Deus não há acidentes, só substância e relação". Está latente aí uma revolução da imagem do mundo: está quebrada a soberania única do conceito de substância, descoberta a relação como modalidade original, equivalente da realidade. Torna-se possível debelar o que hoje se chama "pensamento objectivador"; surge um novo plano do ser. Provavelmente teremos de dizer que a tarefa do pensamento filosófico que flui destas realidades, nem de longe está completa, por mais que o pensamento moderno dependa das possibilidades aqui abertas e por mais que, sem elas, ele não seja viável.

c) Volta ao bíblico e problema da existência cristã. Mas, voltemos à nossa questão. Os conceitos apresentados facilmente poderiam dar a impressão de ter sido alcançado o ponto extremo da Teologia especulativa que, ao trabalhar os dados escriturísticos, se afastou da S. Escritura, perdendo-se no emaranhado de conceitos puramente filosóficos. Tanto mais surpreendente é a circunstância de esta especulação extremada tornar a conduzir directamente ao pensamento bíblico. Pois, no fundo, o que foi dito já está presente, embora não em formulação e finalidade idênticas, no mundo conceitual de S. João. Tentemos uma breve alusão. No Evangelho de S. João Jesus afirma de si: "O Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma" [2]. Temos a impressão de um enfraquecimento extremo do Filho, que nada possui de seu, mas, por que é Filho, somente pode agir com base no que ele é. Torna-se visível a relatividade do conceito "Filho". Chamando ao Senhor de "Filho", João denomina-o de uma maneira que, continuamente, aponta para fora e para além dele; usa um termo que conota relacionamento essencial. Com isto, toda a sua Cristologia coloca-se em nexo com a ideia de relação. Fórmulas como a acima citada só servem para acentuar o seu aspecto relativo; elas despem, por assim dizer, o que está contido na palavra "Filho", a relatividade nela contida. Aparentemente existe certa contradição entre a afirmação acima e a outra, também consignada em João: "Eu e o Pai somos uma só coisa" [3]. Ao observador mais atento não escapará que ambas as afirmações se completam e se promovem mutuamente. Cristo denominando-se "Filho", relacionando-se assim e tornado relativo ao "Pai", segue-se deste facto a total relativação de Cristo ao Pai; precisamente por não estar em si, está nele, é continuamente um com ele: "eu e o Pai somos uma coisa só".

Para além dos limites da Cristologia, torna-se clara a importância destes conceitos para esclarecer o sentido e o valor da própria realidade cristã, do ser-cristão, quando João estende estas mesmas categorias aos cristãos que se originam de Cristo. Revela-se aí que na Cristologia se expõe o que se dá com o cristão. Encontramos exatamente o mesmo entrelaçamento anterior das duas séries de afirmações. Paralelamente à fórmula: "O Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma", que expõe a Cristologia como doutrina relativista, a partir do conceito de "Filho", afirma-se dos discípulos e sequazes de Cristo: "Sem mim nada podeis fazer" [4]. Assim a existência cristã com Cristo coloca-se sob a categoria de relação. E paralelamente à consequência que faz Cristo afirmar: "Eu e o Pai somos uma só coisa", surge a súplica: "Para que sejam um, como nós somos um" [5]. A diferença mais digna de nota para com a Cristologia está em que a união dos cristãos se faz em forma de súplica, na forma optativa e não no indicativo.

Consideremos rapidamente a importância do novo rumo que assim se definiu e se tornou claro. O Filho, como tal e na medida em que é Filho, não é absolutamente de si e, em consequência, é totalmente um com o Pai. Por não ser nada ao lado do Pai, por não afirmar nada como seu, próprio e exclusivo, por não contrapor ao Pai nada que seja exclusivamente seu, por não reservar nenhum espaço restrito ao que é seu, o Filho é todo igual ao Pai. A lógica é absoluta: se não existe nada em que ele seja apenas ele, nenhum terreno privativo seu, o Filho coincide com o Pai, é "um" com ele. A palavra "Filho" exprime exactamente esta totalidade de entrelaçamento. Para João, "Filho" denota ser-de-outro; portanto, com esta palavra define o ser desse homem como um ser oriundo do outro, voltado para o outro, um ser totalmente aberto para os dois lados, não conhecendo restrição alguma do próprio "eu". Portanto, é evidente que o ser de Jesus, enquanto Cristo, é um ser totalmente aberto, um ser "de" e "para", que não se apega a si mesmo em nenhum ponto, e em parte nenhuma está baseado só em si. Portanto também está claro que um ser assim é pura relação (não substancialidade) e, como pura relação, é pura unidade. O que assim se diz sobre Cristo, como já vimos, também serve, à guisa de explicação, da existência cristã. Ser cristão, na mentalidade de João, conota ser como o Filho, tornar-se filho; por conseguinte, não se apoiar em si, não estar em si, mas viver totalmente aberto no "de" e no "para". Isto vale relativamente ao cristão, na medida em que é cristão. Certamente através de tais declarações ele tornar-se-á consciente de quão pouco cristão ele é.

(cont)

joseph ratzinger, Tübingen, verão de 1967.

(Revisão da versão portuguesa por ama)






[1] 1,26
[2] Jo 5,19.30
[3] Jo 10,30
[4] Jo 15,5
[5] Jo 17,11.22