05/12/2006

ADVENTO - Tempo de Paz

Quando o homem esquece o seu destino eterno e o horizonte da sua vida se limita à existência terrena, contenta-se com uma paz fictícia, com uma tranquilidade só exterior, a que é pedida pela salvaguarda do máximo bem-estar material que se puder alcançar com o mínimo esforço. Deste modo constrói uma paz imperfeita e instável, pois não radica na dignidade da pessoa humana, feita à imagem e semelhança de Deus e chamada à filiação divina. Vós jamais tereis que vos contentar com estes sucedâdenos de paz; seria um grave erro, cujo fruto produziria a mais amarga das desilusões. Já o anunciou Jesus Cristo pouco antes da Ascensão ao Céu quando disse aos Seus discípulos: A paz vos deixo, a minha paz vos dou; não como o mundo a dá vo-la dou Eu (Jo 14, 27).
Existem, portanto, dois tipos de paz: a que os homens são capazes de construir por si sós, e a que é dom de Deus; (…) a que vem imposta pelo poder das armas e a que nasce do coração. A primeira é frágil e inssegura; poderia chamar-se uma mera aparência de paz porque se funda no medo e na desconfiança. A segunda, pelo contrário, é uma paz forte e duradoura porque, ao fundar-se na justiça e no amor, penetra no coração; é um dom que Deus concede aos que amam a Sua Lei (Cfr. Sal 119, 165).

João Paulo II, Discurso à UNIV-86, Roma 16.03.1986